quinta-feira, 8 de abril de 2021

 Carta de Vespasiano a Tito.

Roma, 22 de junho do ano de 79 depois de Cristo.

Tito, meu filho, estou morrendo.

Logo eu serei pó e tu, imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os opositores.

De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não pare a construção do "Coliseu". Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te muitas alegrias e infinita memória. Alguns senadores o criticarão, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas.

Não dê ouvidos a esses poucos. Pensa: onde o povo prefere pousar seu "clunis" (seu traseiro)? Numa privada, num banco de escola ou num estádio?

Num estádio, é claro!

Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma por "omnia saecula saeculorum", e sempre que o olharem, dirão: ‘Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano quem o começou e Tito quem o inaugurou’!

Outra vantagem do "Coliseu": ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão. Moralistas e loucos dirão, que mais certo seria reformar as velhas arenas. Mas todos sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas.

"Vel caeco appareat" (Até um cego vê isso).

Portanto, deves construir esse estádio em Roma.

Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma única frase:

— Ad captandum vulgus, panem et circenses — (Para seduzir o povo, pão e circo).

Esperarei por ti ao lado de Júpiter.

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