Jean-Marie-Mathias-Phillipe -Auguste de Villiers de L´isle adam.(1838-1889),tipico exemplar do escritor "maldito",cuja vida repleta de percalços e´inversa a vitoria bibliográfica e reconhecimento Post-Mortem. Famoso por contos :"L´éve future","Tribulat Bonhomet","Axel","Contes cruels".Villiers mistura episódios cruéis e fantásticos a uma ironia cortante,traços que o aproximam de mestres do horror e consciência de linguagem :Poe,Gautier e Baudelaire e dos Farsescos e Satíricos :Defoe, Swift, Apolônio de Rodes.
"Fleurs de Tenebres"\Flores de trevas;foi publicada em 1883.O autor a considerou uma cronica.O titulo revela influencia de Baudelaire.
Para o sr.Leon Dierx,
"Boa gente que passais ,
rezai pelos que passaram."
Inscrição a beira de um grande caminho.
O belas noitadas !Defronte aos cafés e bulevars,nos toldos das sorveterias de renome,quantas mulheres em trajes vistosos,quantos elegantes "Flaneurs"bancam os indiferentes.Eis as floristazinhas que caminham com seus cestos.As lindas desocupadas aceitam essas flores que passam ,recém colhidas,misteriosas...
-Misteriosas?
-Sim,e como!
Existe ,sabei,sorridentes leitores ,existe em Paris mesmo ,uma certa agencia sombria que negocia com vários condutores de enterros luxuosos,e ate´coveiros,a fim de aliviar os defuntos da manhã,não deixando que se degradem inutilmente ,sobre as sepulturas frescas,todos esses esplendidos ramalhetes,todas essas coroas,todas essas rosas,com as quais ,as centenas,a piedade filial ou conjugal entulha cotidianamente os catafalcos.Essas flores são quase sempre esquecidas depois das tenebrosas cerimonias.Não se pensa mais nelas,ha´pressa em sair;nada mais compreensível!...
E´,então que nossos amáveis papadefuntos se entregam a elas com prazer total.Não se esquecem das flores,esses cavalheiros!Eles não vivem nas nuvens,São pessoas praticas.Tiram-nas as braçadas,em silencio.E joga-las precipitadamente por sobre o muro em cima de uma carroça propicia significa para eles coisa de um instante.Dois ou tres entre os mais galantes e os mais desembaraçados transportam a preciosa carga ate´as floristas amigas,que ,graças aos seus dedos de fada ,arranjam,de mil maneiras- em muitos buques de corpete ou de mão ,ou ate´em rosas isoladas,esses melancólicos despojos.As jovens vendedoras da noite então chegam,cada qual munida de seu cesto de flores.Elas circulam,digamos,aos primeiros clarões das luminárias,pelos bulevars,defronte as calçadas brilhantes e nos mil recantos do prazer.
E os jovens entediados ,ciosos de serem bem acolhidos pelas elegantes,em relação as quais alimentam inclinação,compram tais flores a preços elevados para oferece-las as suas damas.Elas ,inteiramente brancas pela maquiagem ,aceitam-nas com um sorriso indiferente e as conservam na mão--ou junto do corpete.E os reflexos de gás tornam os rostos lívidos.De forma que essas criaturas -espectros ,assim enfeitadas com as flores da morte ,carregam sem saber,o emblema do amor que elas dão e o do que elas recebem.
De Contos Cruéis.Conjunto de 28 Historias.
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