domingo, 25 de abril de 2021

Alteridade.

 

É verdade que os gregos são tidos como responsáveis por deixar como herança para a Antropologia a inspiração para a percepção da alteridade?

Um problema antigo para a história do pensamento ocidental é o da identidade. A identidade foi enunciada em um princípio elucidado pelo filósofo grego clássico Aristóteles, chamado princípio da identidade. Aristóteles o propôs em uma fórmula que diz: “algo é algo”, ou seja, qualquer coisa possui uma identidade definida.

Os seres humanos prezam por suas identidades, que são o que de mais imediato e preciso temos em nossas particularidades. Essa identidade, que garante a nossa individualidade, pode ser o gatilho para um comportamento individualista. Nesse sentido, a princípio, a identidade parece ser o início do não reconhecimento da alteridade. É por isso que a psicologia e a filosofia podem ajudar-nos a compreender a importância da alteridade em nosso mundo.

A alteridade consiste em colocar-se no lugar do outro, entender as angústias do outro e tentar pensar no sofrimento do outro. Alteridade também é reconhecer que existem culturas diferentes e que elas merecem respeito em sua integridade. Nesse sentido, o reconhecimento da alteridade é o primeiro passo para construir-se uma sociedade democrática e mais justa.

O filósofo Emmanuel Lévinas utilizou-se de suas próprias ideias, embasadas principalmente na fenomenologia do filósofo alemão Edmund Husserl, para construir uma teoria que, indiretamente, embasa a importância da alteridade. A contramão da alteridade está, para Lévinas, no preconceito (tendo esse conceito como prejulgamento). Nós tendemos a estabelecer prejulgamentos sobre as outras pessoas, e, quando as pessoas não correspondem as nossas expectativas, nós as isolamos.

Nesse sentido, a sensibilização é a porta para entrar na implementação da alteridade. Reconhecer a pessoalidade, a identidade e a individualidade do outro é o modo para construir-se uma sociedade mais igualitária. Se eu não tenho um modo de ver o mundo que enxergue a possibilidade de uma existência diferente da minha, estou negando a minha própria liberdade de ser quem eu sou. Se eu entendo que o mundo é heterogêneo, eu preciso entender que existem diferentes pessoas com diferentes demandas nesse mundo. Se eu entendo que essas pessoas são singulares como eu sou, preciso entender que, do mesmo modo que eu tenho o direito de exercer a minha individualidade, elas também o têm.

Voltando-me mais especificamente para sua pergunta, a Antropologia é conhecida como a ciência da alteridade, porque tem como objetivo o estudo do Homem na sua plenitude e dos fenômenos que o envolvem. ... Como a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo do outro, ela assume um papel essencial na antropologia.

Apresentada por Platão (no Sofista) como um dos cinco "gêneros supremos", ele recusa a identificação do ser como identidade e vê um atributo do ser na multiplicidade das Ideias, entre as quais existe a relação de alteridade recíproca.

Foto de perfil de Marco Antonio Costa

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