quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Citações 139.

.A mão de uma mulher e´branca e formosa por ser de carne e osso ,não de marfim e prata;eu a estimo não porque brilha,mas porque agarra.  Soror Juana Inês de La cruz.

.Graça,qual e´a sua ?

Tem gente que acha tudo sem graça.

Tem os que procuram ,tem os que acham e tem os que fazem graça.

Tem gente que tem uma graça cheia de graça.

Mas tem graça que e´uma desgraça.

E tem Maria das Graças.

As vezes,a graça de estar vivo não tem nenhuma graça.

As vezes,a graça esta dentro do peito.

As vezes e´o próprio defeito.

As vezes não se alcança.

Mas uma graça alcançada e´mil vezes agraciada.

A graça pode ser falta ou excesso de siso.

Mas se achar graça,já lucrou no prejuízo.

Tem vezes que só essa graça nos resta,

achar graça da própria desgraça.

E ,quando alguém ,cheio de graça,passa,

ou deixa uma graça ou deixa uma desgraça

ou deixa a gente sem graça.

De qualquer forma ,nada,nunca e´de graça.

E por isso mesmo,Muchas Gracias.         Alice Ruiz.

.Ultimo Poema.

Assim eu queria o meu ultimo poema

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais

Que fosse ardente como um soluço sem lagrimas

Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume

A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos

A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.   Manuel Bandeira.

.Neobarroso: in memoriam.

"Hay cadáveres"-canta Nestor Perlongher

esta morrendo e canta

seu canto de perolas barrocas,bocas repintadas

unhas lunulas-ostras desventuradas 

um olor de magnólias e esta espira

amarelo-marijuana novelando pensões

baratas e transas de miche

-esta morrendo e canta-

Mães de mayo heroínas -carpideiras vazadas em prata negra -

luto argentino rioplatense plange-

Hay cadáveres...

esta morrendo e canta 

Nestor agora em Portunhol neste bar paulista

desafoga a noite

umida.espessa

o daime e´quase unção extrema

canta:

Hay cadáveres,

e esta morrendo. 

 Haroldo de Campos,Homenagem ao poeta de vanguarda argentino Nestor Perlongher,morto em 26\11\1993.

.Homem Comum.

Sou um homem comum

de carne e de memoria

de osso e esquecimento.

Ando a pé,de ônibus,de táxi,de avião,

e a vida sopra dentro de mim

panica

feito a chama de um maçarico

e pode 

subitamente

cessar.

Sou como você

feito de coisas lembradas

e esquecidas

rostos e 

mãos,o guarda-sol vermelho ao meio-dia

em pastos-bons,

defuntas alegrias flores passarinhos

facho de tarde luminosa

nomes que já nem sei.    Ferreira Gullart.

M.






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