quarta-feira, 15 de maio de 2013

MACULA



                                                        “A VIDA É  UMA  LADRA DE TEMPO.”- Lord Byron           

O  reflexo
 de nossas magoas
Repousa 
em águas profundas

Quanto mais fortes,
Mais calmas,
Quanto mais mansas
Mais fundas.

A água da superfície
Corre uniforme,
Mas,no fundo
A tristeza dorme.



 Sob a límpida
Serenidade   da água,
Habita  a turva
 dor da magoa.           

E assim com as águas
As  aflições  vamos levando ,
Na esperança de que
Tudo  acabe passando ...

Autor : Marco Antonio E. Da Costa.

                                          

DISCURSO.

                                                                                                                       A   TAYLERAND


Quem não diz nada,
Fala  tudo;

Mencionar  nada,
Contar  tudo ;

Ou

Quem   narra ,
Oculta;

Falar,
Nada   revelar.

Autor : Marco Antonio E. Da Costa



VIKING.


                                  
                                                                         “A Tolerância  é  a  melhor das Religiões.”
                                                                                                                          Victor Hugo.

Tarde chuvosa em B.H. , “Rush Time” ;todos com pressa , agitados,evitando as gotas da garoa fina que cai , mas não evitando os encontrões  típicos dos atribulados transeuntes.
Nestas circunstancias  ocorre um dos indecifráveis mistérios universais, ou seja, as pessoas que andam com guarda-chuvas ou sombrinhas abertos sob a marquise...
Alem de "empurrarem” os que não tem estes objetos ,para fora da proteção da marquise, ainda sujeitam os outros  a serem espetadas  pelas extremidades de suas "armas." Em uma dessas ocasiões, estava eu tentando entrar na galeria do Othon,quando premido  pelo mar de guarda-chuvas,fui  atingido pela ponta de um deles  e para não ser por outro ,me esquivei e entrei o mais rápido que pude na galeria.
Colidi com um senhor já provecto,que com olhar furioso fitou-me de cima a baixo e trovejou :
-“Escandinavo !” . Ante minha surpresa, insistiu :”Escandinavo!”
Não me contive e ri , afinal não é  todo dia que se é insultado de forma erudita...
Como dizem no interior de Minas , ai “a mandioca azedou de vez”;
- “Seu Nórdico, Escandinavo”,atacou –de novo- o vetusto e fulo senhor.

Tentei explicar que não tivera a intenção de  me chocar com ele , que ele me perdoasse...
Ao que o zangado senhor –surdo aos meus apelos -retorquiu histérico : “Juto.”
Por segundos , não consegui evitar visualizar uma cena de mim como bárbaro, pilhando,saqueando e queimando Europa afora. Senti-me lisonjeado, um misto de coragem e aventura  alimentou minhas fantasias de Pequeno-Burguês acomodado.
Este estado de abstração em que eu estava, não escapou ao velhinho furioso:
- “ Volte para os fiordes”, despejou com fúria Bíblica.
Ante a ira indomável  do ilustre senhor e sua recusa em argumentar ,escolhi –com espírito esportivo- me retirar  e sai devagar sob os impropérios do distinto, que ainda bradava :
-"Escandinavo,Escandinavo!."
Enquanto andava , pensava  em como é difícil ser tolerante ; com a falta de paciência dos outros , com as próprias falhas...
Se as pessoas fossem mais tolerantes,as relações seriam mais fáceis , mais transparentes...
Dei uma olhada para trás e lá estava o senhor , já não gritava, mas resmungava e eu podia jurar que era :  “Escandinavo!”.

Senti uma espécie de alegria, afinal nunca fora insultado com tanta elegância, mas , ao mesmo tempo, pensei  em como a Tolerância e fundamental  e cada dia mais escassa e assim como a descortesia das calçadas, a gentileza entre as pessoas também esta definhando. Afinal ,Tolerância, nada mais é  do que aceitar o que e´ diferente ou até oposto a você;certamente este era um dos pensamentos básicos dos Gregos quando criaram a Democracia, convivência com as diferenças.
Cada dia mais rara ! .

Autor : Marco Antonio E. Da Costa.



quarta-feira, 8 de maio de 2013

BERTHOLD BRECHT


                                            “O Coração nunca é neutro.” -  Provérbio Chinês.


Eugen  Berthold  Friedrich Brecht , ou  Berthold  Brecht   ( 1898-1956) ;
Dramaturgo e poeta Alemão Modernista, de orientação Marxista , influenciou o teatro Contemporâneo.
Buscou construir um teatro ÈPICO, - A narrativa só se completa no palco -, sobretudo em seu grupo “Berliner  Ensemble”, em Paris; um de seus países adotivos após a ascensão Nazista ,na Alemanha. Esteve , por um breve tempo nos US, onde foi perseguido pelos Macartistas (Caça às Bruxas). Com a derrota de Hitler e seus acólitos ,retornou para a Alemanha Oriental- o pais fora dividido em esferas de influencias; desdobramento da  “Guerra Fria”.
Assim como outros intelectuais, Heinrich Mann ; por exemplo(irmão do também escritor Thomas Mann)escolheu o bloco dominado pelos Comunistas ,por entender que neste contexto teria maior liberdade de expressão...Na verdade , foi monitorado até  sua morte , pela STASI - policia secreta stalinista. Tabagista crônico, morreu aos 56 anos de um ataque cardíaco .
Recebeu influencias de : Stanislavsky,o mestre russo que desenvolveu um Sistema de representação ( a natureza): O ator deve sentir o que representa: o “Actors Studio” de New York, abraçou este modelo e “gerou” representantes do quilate de : Marlon Brando, Al Pacino e Robert De Niro. Outra influencia teatral foi Meyerhald_ -executado por stalinistas -,que desenvolveu A Estilização no teatro; síntese de uma época, a ser representada.
 Na poesia,forte influencia foi Shakespeare : o olhar dos oprimidos, a critica às elites feudais e a busca de novas linguagens: o dialogo entre Prosa e poesia, por ex. . O Teatro de Brecht , enfim, pretendia ser um instrumento de critica ao sistema econômico e às ditaduras de então.
Algumas de suas Peças :
“Galileu Galilei”;  `”O Processo de LucuLLus.”; “ O casamento do pequeno Burguês”;
“Mãe coragem.``; “Os fuzis da senhor Carrar.”;  “Circulo de giz caucasiano.”; entre outras.

Alguns Poemas:


Da Violência.

“Do rio que tudo arrasta se diz 
 Que é  violento.
 Mas ninguém diz violentas 
 As margens que o comprimem.”


Perguntas de um operário que Lê.


“ Quem construiu as portas de Tebas ?
Nos livros constam nomes de reis.
Foram eles que carregaram as rochas ?
E Babilônia destruída mais de uma vez ?
Quem a construiu de novo ?
Quais as casas de Lima Dourada
Que abrigavam os pedreiros ?
Na noite em que se terminou a Muralha da China
Para onde foram os operários da construção ?
A eterna Roma esta cheia de Arcos do Triunfo.
Quem os construiu ?
Sobre quem triunfavam os césares ?
Bizâncio, tão cantada, só consistia  de palácios ?
Mesmo na legendaria Atlântida
Os moribundos chamavam pelos seus escravos 
Na noite em que o mar os engolia.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Conquistou sozinho ?
Cesar bateu os Galicos.
Não tinha ao menos um cozinheiro consigo ?
Felipe de Espanha chorou a perda de sua esquadra .
Só ele chorou ?
Frederico   II  ganhou a guerra dos Sete Anos .
Quem mais ganhou a guerra ?



Cada pagina uma vitoria.
Quem prepara os banquetes ?
De dez em dez anos um grande homem.
Quem paga as suas despesas ?

Tantas Historias.
Tantas perguntas. “



Palavras de um ditador.

“As florestas crescem ainda
Os campos produzem ainda
As cidades ainda estão de pé
Os homens respiram ainda.”



A Mascara do Mal.

“Colocada em minha parede tenho uma peça Japonesa,
Mascara de um demônio maligno,pintada de ouro.
Compassivamente olho 
As veias abauladas da fronte que revelam 
O esforço que custa ser mau.”



Poesia do Exilio.


“ Nos tempos sombrios 
se cantara também ?
Também se cantara 
Sobre os tempos sombrios ?”


O Filho do Homem.


“ Na sexta-feira Amarrado
Como se fosse um Bandido,
Jesus com grande alarido
 A Pilatos foi levado
Ele O julgando inocente 
Ao rei Herodes mandou
E as próprias mãos lavou
Para mostrar-se clemente

Os inimigos mesquinhos 
as três horas O açoitaram 
E  SUA fronte adornaram
Com uma coroa de espinhos

Escarnecido e Humilhado 
Entre golpes Avançava
E a cruz nos Ombros Levava 
Para ser Crucificado.

As seis horas já Despido,
E Colocado na cruz,
O Seu  Sangue em plena luz 
Era ali mesmo Vertido.

Os ladrões que tinha ao lado
 não cessaram  de O ofender 
ate´o sol se esconder
ante o povo aglomerado.

``Deus! Porque me abandonou ?´´
Gemeu com voz Apagada ,
E uma esponja avinagrada 
Para dar-LHE  alguém levou.

Rasga-se o véu por inteiro
Do templo. A terra tremeu
Quando na Cruz Ele deu o Suspiro derradeiro.

Mas já a noite caia 
E um soldado junto à Cruz
O Corpo nu de Jesus 
Com a sua lança O feria .

Das feridas que O consomem
Sangue e Água ali brotaram.
E foi assim que Trataram 
Jesus, o Filho Do Homem.”


Tradução : Edmundo Muniz.
Autor : Marco Antonio E. Da Costa.


Ref. Bibliog. :
Brecht,B.Antologia Poetica. Elo .Rio de Janeiro,1983.
Peixoto,F.Brecht,vida e obra. Paz e terra.Rio de Janeiro,1974.