segunda-feira, 15 de julho de 2013

Celeste


        ESTRELAS CELESTES.



O Cruzeiro Esporte Clube passou a ter esse nome  em substituição a´ Societa´ Sportiva Palestra Itália (agremiação fundada em 2/1/1921 ) ; na década de 40,período da segunda Guerra Mundial , quando a Itália- país de cuja colônia nasceu  o clube estrelado- estava em guerra contra os “Aliados”, entre eles o Brasil. Escolheram os dirigentes de então,a “Constelação do Cruzeiro do Sul”,para representar o clube ,seu pavilhão e conquistas e como forma de identificação com o Brasil.O Cruzeiro do sul, também chamado Crux (cruz em latim, ref. ao formato ), e´ uma constelação do hemisfério Celestial sul.Fica próxima ao pólo sul celeste ,sendo uma constelação conhecida pelos que habitam alem da linha do equador.seu carisma se manifesta nas bandeiras nacionais de Brasil,Austrália,Nova Zelândia,entre outros.Consta no brasão de armas Brasileiro e no nome do nosso amado clube .
Da origem italiana ficaram  : o temperamento ruidoso e artístico ; o tom fraterno;o riso franco e a culinária incomparável,presentes em todos os “paisani” e “oriundi”,até hoje.




A esta base , somaram-se etnias diversas, que compõem hoje o Multifacetado perfil de nosso país continente e a reunião de diversidades unidas em torno da mesma paixão que segundo as ultimas estimativas somam 8 milhões de torcedores Celestes.
O AZUL, cor do planeta terra ,conforme Gagaryn; cor do céu em dia belos; dos olhos das mulheres européias ,dos mares em dias calmos ,da bandeira da Itália ,cuja seleção de futebol  e´ chamada de AZURRA ( devido ao tom de sua camisa ) , o que remonta a´ casa de Sabóia, primeiro bastião do processo de reunificação do pais no século XIX. O Azul ,forneceu a tonalidade do nosso clã.
Daì, veio o Manto Celeste que nos representa  e enche de orgulho pela vasta coleção de títulos e atletas fenomenais revelados ao longo do tempo. Para desespero da concorrência...
E´ comum na tradição futebolística que as equipes adotem “estrelas” para representar seus títulos. Para nós Cruzeirenses , no entanto,isso não se faz necessário, pois as cinco estrelas estampadas no peito de nossos guerreiros , como na constelação,tendem a se eternizar através de inúmeras conquistas e grandes batalhas neste esporte, que transcende qualquer trivialidade.Como as estrelas que reluzem na vastidão do céu , tendem ao infinito e nos proporcionam um sabor de eternidade.
De um Petto estelatto. Saudações celestes.



Autor: Marco Antonio E. Da Costa.


domingo, 14 de julho de 2013

Ronin

                                        OS 47 RONIN.
                                                                “ Se cair 7 vezes, levante-se 8.”
                                                                               Provérbio Japonês.




A lenda dos “ 47 Ronin” ( shishi-acki) ou Incidente de Ako (Ako Roshi) , e´ uma historia japonesa calcada em fatos  ocorridos  entre 1701 -1703,sendo considerada um ícone do código Samurai ; O Bushido.
Samurai. Soldado de elite da aristocracia japonesa;entre 1100 e 1868 ( declínio com a Restauração meiji),suas armas eram 2 espadas ( Daisho),símbolo de sua autoridade e poder : a Katana,espada maior de 60 cm e a Wakizachi espada menor de 40 cm.   Samurai significa “aquele que serve”ou “Bushi”,guerreiro.Manuseavam ,ainda, lanças,bastões,arco-flechas e jutte ( instrumento para quebrar Katanas).Eram pagos com arroz e ou terras e estavam sujeitos a um Daimyo (senhor de terras), algo equivalente a um senhor feudal europeu.Caso não tivesse um senhor ,tornava-se um Ronin(homem-onda),um samurai sem mestre,um free-lancer.

Bushido.”Caminho do guerreiro”, e´ o  código de conduta/vida/honra que norteava a existência Samurai.Propunha : Lealdade,honra pessoal,auto-disciplina,frugalidade  e até morte.Sua origem remete a ´pràtica militar dos guerreiros ,sendo atenuada pela Serenidade, oriunda do confucionismo e Budismo.Formalizada no direito feudal no Shogunato Tokugawa (1600-1868). Shogun. “Comandante do exercito”,braço armado do imperador. A narrativa que se segue esta inserida no Genroku (1688-1703), época  de desenvolvimento da cultura popular japonesa; Periodo Edo ou Tokugawa.
A historia foi imortalizada pelo teatro Kabuki ( Bizarro),com peças de estilização na interpretação e pesada maquiagem; este gênero combina dança,musica,mímica,realismo e sensualidade.Autoria de Takeda Izuma,1748,Século XVIII.Sendo o episodio mais famoso da arte teatral,o Chushingura (drama),vem sendo recontado ,por diversos meios, há séculos.
Exemplo : o Bunraku,teatro de bonecos.

O inicio.
O senhor Asano Takumi no Kami Taganori,foi escolhido Daimyo pelo shogun (Bakufu) Tokugawa Tsunayoshi,com a finalidade de entreter membros da família real.Para ajudá-lo nesta missão foi nomeado Kira Kozukenusuke yoshinaka. A narrativa indica que Kira era um estelionatário , que pretendia cobrar por seus “serviços”, o que foi recusado. Apos varias ofensas , Asano feriu o cortesão, sendo imediatamente preso. Os Ometsuke (investigadores),concluíram que a falta fora grave ; atacar outro com ira e nas dependências reais. Condenado a cometer Seppuku- suicídio ritualístico- antes de fazer o ordenado , limitou-se a dizer :” As flores caem e não querem partir,mais frustrado que as flores ,que devo fazer ?”
O shogun decretou,ainda,o confisco de renda e terras de Asano, alem da prisão de seu irmão.
ERRATICIDADE :

Com a tomada dos bens do senhor de Ako, nobre  Asano; os Samurais não tinham o que comer, nem onde morar.Tornaram-se RONIN, Samurais  sem  mestre.
Obs. Ronin em japonês, não tem plural.
Sob a liderança de Oishi  Kuranosuke Yoshio, os agora Ronin, abandonaram o castelo de Ako e deram inicio a um plano de Vingança. Após 2 anos vagando ,fingindo desleixo e exercendo outras ocupações,comercio e monastério ,por exemplo; eles acumularam armas e equipamentos para a execução de seu plano.Kira , o responsável pela morte de Asano, desconfiado ainda ,ordenou vigilância aos ex-servidores de Ako.
 Certo dia ,Oishi, saindo de um bordel,bêbado,dormiu no chão.Um samurai –de Satsuma- que passava, considerando indigna aquela postura para um Samurai,chutou e cuspiu no rosto de Oishi . Falta considerada grave : tocar o rosto de um samurai.Os lacaios de Kira viram a cena e concluíram que, de fato, os Ronin não representavam perigo, o que tranqüilizou Kira.  Após conseguirem o desenho da casa do inimigo ,foram para EDO ,com o fito de dar seqüência ao plano.
  A SAGA:




Após dois anos sob disfarce, os Ronin estavam prontos para encetar sua Vendeta, o descuido do inimigo foi o que detonou o processo. Embora mantivesse um pequeno exército,Kyra não acreditava mais em uma reação dos ex-Samurais . Após detalhado planejamento, Os Ronin, sob o comando de Oishi, desfecharam um  fulminante ataque noturno  a´ fortaleza inimiga.
 14/12/1702; em EDO, atual TOKYO. Com a anuência dos vizinhos, que odiavam Kyra, os Ronin, divididos em dois grupos, atacaram com ferocidade,causando 16 baixas no inimigo e diversos feridos. Capturado , Kyra recebeu de Oishi a oportunidade de cometer SEPPUKU,como seu mestre; o que seria uma morte honrada.O prisioneiro não respondeu e foi decapitado por Oishi ,tendo sido sua cabeça levada ,em um balde, ate o tumulo de Asano ( em Sengaku-ji-templo Budista ) e la deixada como oferenda.
Tendo a missão cumprida ,Oishi enviou um Ronin jovem a Ako para dar a noticia de que finalmente, o espírito de seu senhor poderia descansar em paz. Em seguida jantaram,aguardando a presença das autoridades. Considerados heróis ,tiveram a simpatia até do Shogun,recebendo ,após 47 dias ,a Honra de morrer por SEPPUKU e não como sicários. Em 04/02/1703, 46 Ronin cometeram SEPPUKU e foram imortalizados no imaginário cultural nipônico.As ùltimas palavras de Oishi teriam sido : “ Não existem nuvens na lua da minha vida.”O outro Ronin, mensageiro,praticou o ritual so´.Foram enterrados juntos em Sengaku-ji,onde seus restos recebem homenagens ate hoje,incensos nas lapides.
Reza a tradição que o samurai que cuspiu e chutou Oishi, ao saber do ocorrido, cometeu SEPPUKU,como forma de reparação de seu erro.
LEGADO:

A trajetória dos 47 Ronin e´ um exemplo vivo do código Bushido,sobretudo na Restauração Meiji ; período de ocidentalização do pais, por preservar valores caros as tradições Japonesas.
O código de conduta do “caminho verdadeiro do guerreiro” ( Bushi ou Samurai),pode ser comprovado na proeza dos 47 Ronin, através de :
Fidelidade, mesmo com o mestre morto a missão foi cumprida;
Sabedoria, o ataque não foi intempestivo e requereu planejamento;
Honra, a morte e´ preferível a´ desonra;
Arte da guerra, vida e morte pela espada;
Lealdade, as adversidades não abalam as convicções;
Educação, Honestidade, franqueza e dignidade;
Disciplina, controle interior e método;
Enfim, conforme o celebre Samurai Myiamoto Musachi (1584-1645) :
“ A vida e´ limitada, a Honra dura para sempre.”


CONCLUSÂO :
As exigências de retidão deste código são visíveis,ainda hoje, no cotidiano nipônico;que demonstra forte caráter,agilidade mental,capacidade de recuperação e crescimento.Pode-se inferir que o Bushido foi internalizado ,assimilado pela cultura japonesa ,estando presente ,por exemplo, no espírito das grandes corporações  e finanças atuais.

Bibliografia/referencias:
Ikeda, D. Os clássicos da literatura japonesa. Record,Rio de Janeiro,1979.
Leonar,D. Japão antigo. Jose Olimpio/life,Rio de Janeiro,1973.
Musachi,M. O livro dos 5 anéis.Conrad,Rio de Janeiro,2006.
Ronin. John Frankenheimer. United Artists,1998.
Samurais. History Channel,2003.

Autor: Marco Antonio E. Da Costa.



segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sociedade indigena

                                                          SOCIEDADE  ÌNDIGENA.
  
                                         “Quando o Português chegou
                                           Debaixo de uma bruta chuva
                                          Vestiu o índio
                                           Que pena  !
                                           Fosse uma manha de sol
                                            O índio tinha despido
                                                     O português.”                           OSWALD de ANDRADE.





Antes da chegada dos Europeus, o território -hoje Brasil- era habitado  por povos Indígenas.
Os nativos subsistiam de caça, pesca, coleta e agricultura. No século XVI, 2000 povos indígenas viviam aqui, sendo que a maioria foi escravizada, dizimada por doenças ou absorvida pela sociedade brasileira. Esses ameríndios nos legaram o cultivo e o uso de:
Mandioca,milho,Guaraná,batatadoce,caju,ervamate,abacaxi,Pimenta,Açai,jabuticaba,cara´,urucum,pequi,jatoba´,tabaco,amemdoim,maracuja´,pitanga,mamão,buriti,feijão,abobora,goiaba; entre tantos outros. Difundiram ainda, o uso da rede de dormir e o habito do banho diário,costume desconhecido dos europeus, na ocasião.
 Os  TUPI-GUARANI  nutriam-se com proteínas vindas da caça,pesca e ,sobretudo,da agricultura. Além, da alimentação referida,rica em amido,utilizavam condimentos,tais como pimenta-cumari e adoçante Caa´- Che´ ( stevia). Plantavam ainda algodão, para tecidos e redes e Cabaceiros, para as vasilhas.
O Casamento era simples; o noivo entregava ‘a noiva um Porongo ( vasilha),para que ela trouxesse água  para casa dai em diante. Em contrapartida, o noivo  se encarregava de obter a lenha , no mato, para a “cozinha “. E estava resolvido.
A divisão do trabalho era definida assim :
Atividades relativas ao Homem; abrir picada, caçar,pescar,assar carne,cortar cipó,fazer cestos e na Colheita,transportar o produto .    Natureza/matas.
Atividades relativas à Mulher; cozinhar,cuidar das crianças, cuidar das plantas.Na semeadura ,a cunhâ,mulher casada, e a Cunhataì,solteira,cuidavam da roça.    Fertilidade/águas.
Fica clara a relutância Indígena em aceitar a “ Lavoura” européia,distinta de suas tradições e hábitos.O que, aos olhos Lusos era preguiça, na verdade era choque cultural.Na lida com animais , no entanto, os caboclos se revelaram grandes peões.
Obs.Caboclo; mestiço de Índio e branco. Outras formas ; Caboco, mameluco e caiçara. Designação do Indígena Brasileiro.

     A  Civilização Clássica ,Greco-Romana, da qual somos herdeiros,tinha como pilares :
Propriedade da terra; Patrimônio familiar, Herança dos bens paternos pelos filhos, busca de aumento das riquezas pecuniárias.
Por outro lado, a Cultura Guarani: ignorava o direito de propriedade, considerava o individual como de todos. Exemplo; a habitação coletiva e a educação infantil,que dizia respeito a todos.
Os Jesuítas, das missões orientais, não entendiam este olhar indígena; por exemplo; se dessem, aos índios, uma junta de bois para arar a terra, eles, candidamente, utilizavam o arado como espeto e faziam um churrasco do boi...
Com a vinda dos escravos africanos e a decorrente miscigenação, o perfil Brasileiro foi sendo delineado. O que não impedia que estereótipos surgissem, já no período colonial, como atesta esta quadra popular:
“Todo branco quer ser rico,
Todo mulato pimpão,
Todo negro e´  feiticeiro,
Todo caboclo ladrão. “


Autor: Marco Antonio E. Da Costa.

Bibliografia /referencias :
Barbosa,Lessa.História dos índios. Tche´,Porto Alegre,1985.
Freyre, Gilberto. Casa-grande e senzala. Global, São Paulo, 2005.
Museu do índio.gov.br