segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

 

Quais fatos curiosos sobre Mozart poucos sabem?

Algumas "curiosidades curiosas" sobre Mozart

1)Nas obras dele:

  • das 41 sinfonias, apenas 2 em tom menor;
  • dos 27 concertos para piano, apenas 2 em tom menor;
  • das 18 sonatas para piano, apenas 2 em tom menor.

Parece que o lendário compositor gostava de algo mais alegre. Visto que os tons menores remetem a tristeza e melancolia.

Além disso, Mozart jamais foi tão generoso na escrita de suas sonatas para piano como foi na de suas sinfonias. Seria maravilhoso ter a linguagem da Sinfonia Júpiter (No.41) em alguma obra para piano dele. Creio que a obra pianística que mais se aproxima disto seja a Sonata para 2 pianos KV. 448.

2) Hummel, aluno de Mozart, transcreveu para piano solo a Sinfonia No.41, uma beleza.

Até onde sei, esta transcrição nunca foi gravada comercialmente, só achei esta gravação caseira no youtube, e mesmo assim dos primeiros dois movimentos:

3) As sonatas de Mozart dependem muito da habilidade e inventividade sonora do intérprete.

Lembro-me que Homero Magalhães costumava dizer: quer saber se alguém toca bem mesmo? Mande tocar Mozart ou Schubert. São obras que dão um espaço lindo para cantabiles expressivos, para micro rubatos que trazem a dimensão do canto lírico e da ópera aliados à música de câmara.

4) Segundo Helmoltz Mozart seguia a escola da entonação clássica seguida também pelo físico acústico.

Segundo essa teoria os tons maiores são muito mais harmoniosos e coerentes que os menores. Os tons menores que são ambíguos e obscuros são justificados em temas que remetem à dor, a luta, etc... Há hierarquia de consonâncias onde a oitava e quinta são perfeitas, a quarta imperfeita. As terças são consonâncias relativas sendo a terça menor já para o lado da dissonância.

5)As sonatas de Mozart são pianisticamente mal-resolvidas, se comparadas às de Haydn, Clementi e Beethoven.

Concordo que elas tenham momentos lindíssimos (como o 2º mov. da No.12), e de maneira alguma considero-as fáceis. Já as li diversas vezes, e considero-as muito mais difíceis do que a maioria das sonatas de Haydn e Clementi, por exemplo, que utilizam o aparato dos braços + mãos + dedos de maneira mais orgânica.

Meu comentário vai no sentido de ver o que o Mozart tinha para oferecer nas sinfonias, e o que tinha para oferecer nas sonatas para piano. Nas sinfonias vemos verdadeiras epopeias, castelos épicos. Nas sonatas, vemos obras com uma escrita mais "pragmática", mais rarefeita, e extremamente difíceis de se interpretar.

Referências:

ROSSELLI, John. The life of Mozart. Cambridge University Press, 1998.

ABERT, Hermann. WA Mozart. Yale University Press, 2007.

2 comentários de Werlânia Dias e mais
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