Neste livro de 1927,
Freud teoriza que a religião é uma projeção de desejos infantis motivados fundamentalmente por medo de contato com a dura e fria realidade. Ao perceber que o mundo carece de amor, desejamos um amor perfeito; ao perceber que o mundo é injusto, desejamos alguém inteiramente justo no poder. Deus seria a figura de um "pai exaltado" que está lá para atender esses desejos infantis.
A partir daí duas coisas podem acontecer:
a) O indivíduo se mantém religioso, o que está associado a geração de patologias, principalmente formas de neurose obsessivo-compulsivas ligadas a rituais e normas moralistas de natureza repressivas;
b) Ele abandona essa fixação infantil e se tornar um adulto realista e responsável.
Você falou da idade de 4 a 5 anos. Não tenho certeza se isso está especificado por Freud. Mas nessa idade a criança já tem um vasto vocabulário e consegue falar frases mais complexas, bem como acompanhar histórias elaboradas. Seria por essa idade que conceitos mais abstratos, como o de um ser onipresente, passariam a povoar sua imaginação gerando mil perguntas na sua cabecinha.
Dos autores ligados à Psicanálise que continuaram esse assunto, destaco dois:
- Jung, que disse que Freud estava errado. Que não é o medo e fixações imaturas que motiva a religião, mas o desejo natural e maduro de transcender e se conectar com o Sagrado que está presente em tudo e que pode ser intuido;
- Lacan, que concorda com Freud e expande sua abordagem. Pra Lacan Deus é algo que nos é ensinado na infância e se torna inconsciente no nosso imaginário. Como um observador onividente ele torna você alguém observado a todo momento, o que ajuda a constituir seu ego enquanto objeto no mundo. Deus seria um artifício simbólico para que o sujeito não entre em contato com a realidade tal como existe para além dos símbolos que aprendeu. Realidade que lhe seria insuportável por ser indiferente a ele.
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