Séptimo Severo era inicialmente um usurpador, mais tarde o fundador de outra das dinastias reinantes da Roma Antiga. Severo era um general muito competente, e em tempos turbulentos, isso era necessário. Após sua morte, essa necessidade mostrou-se de forma clara.
Após a remoção do tirano Cómodo (Resposta de Eduardo Santos para Quem sucedeu a Marco Aurélio no Trono Imperial?), a história parecia se repetir. Novamente, como após a morte de Nero, o "ano dos quatro imperadores" chegou (Resposta de Eduardo Santos para Como decorreu a sucessão ao Trono Imperial, após a morte de Nero?). O prefeito da cidade, Pertinax, foi instalado no trono, mas com sua ganância provocou a Guarda Pretoriana contra si mesmo e foi morto. Então veio o vergonhoso leilão do trono - os guardas o entregaram a quem pagasse mais. Após o leilão público, o rico senador Dídio Juliano ocupou o trono (Resposta de Eduardo Santos para Quem sucedeu a Cômodo no Trono Imperial?).
No entanto, as legiões nas províncias desconsideraram a eleição do senado e, entretanto, convocaram mais dois imperadores - na Síria Pescennio Nigro e nas legiões do Danúbio em Carnuntum Séptimo Severo, um nativo da África do Norte (de Leptis Magna) que falou até a morte com um leve sotaque púnico. Os senadores executaram Juliano sob o comando de Severo, e Severo marchou sobre Roma. Clódio Albino, o mais poderoso dos administradores das províncias ocidentais, estava muito ativo na Britânia. Antes de enfrentar Nigro, Severo confiou em Albino tornando-o um co-governante com o título de César. Então ele foi para o leste e derrotou Nigro. O pretendente sírio ao trono foi então assassinado por seus próprios soldados. Encorajado por este sucesso, Severo provocou um conflito com Albino e eventualmente o derrotou na Batalha de Lugdun (Lyon) em uma batalha muito sangrenta. Depois de retornar a Roma, ele organizou a execução de 29 senadores e reuniu definitivamente o império em suas próprias mãos. De seguida partiu contra os partos, que apoiaram seu rival Nigro e estavam a atacar o território imperial. Ele conquistou a capital dos reis partas Ctesiphon, consolidou o governo romano na Mesopotâmia e, assim, desferiu um duro golpe no Império Parta.
Este golpe foi muito duro e significativo. Embora a Pártia tivesse cedido a Mesopotâmia a Roma várias vezes, esta simples cedência não era nada de novo nem especial. Mas esta invasão de Severo e os problemas associados a ela enfraqueceram tanto a Pártia que o estado definitivamente perdeu as forças para sobreviver. A Pérsia rapidamente tomou o lugar deste estado. Os persas ainda eram um estado vassalo dos partas no Norte, mas em 226 o rei Ardashir derrubou a dominação parta e o seu império e se estabeleceu como governante de uma grande área ocupando uma área semelhante ao outrora antigo Império Persa.
(Rei Ardashir)
O novo competidor de Roma era muito mais perigoso do que os partas, centralizado, militarmente, jovem e agressivo. A ideologia do Império Persa estava baseada nas memórias de um passado glorioso e, além disso, tornou-se algo muito semelhante a um estado nacionalista. O centro deveria ser localizado em Ctesiphon, Babilônia, mas o centro religioso era o campo sagrado perto de Persépolis, onde governaram os governantes persas anteriores. Na Nova Pérsia, havia uma combinação de orgulho na tradição dos governantes persas humilhados por Alexandre, o Grande, e ódio às influências estrangeiras e especialmente às ocidentais.
Além disso, os herdeiros do Império Persa reivindicaram todo o território da Ásia conquistado por Roma. Ele foi colocado em uma situação estratégica difícil, pois os ataques ao leste ainda eram um luxo aceito pelo império. No entanto, desde a fundação da Pérsia, os romanos têm enfrentado sérias pressões militares, que custam enormes recursos e, além disso, são bastante perigosas do ponto de vista militar. Os guerreiros persas estavam muito determinados a dar suas vidas por sua terra natal, o que não podia mais ser dito sobre a maior parte do exército romano. O rei Shapur (234 - 270) causou a maior dificuldade em Roma.
(Rei Shapur)
De volta a Sétimo Severo, para quem a vitória sobre a Pártia ainda foi um grande triunfo que legitimou completamente seu governo. Severo celebrou isso, entre outras coisas, construindo um arco triunfal, que sobreviveu até nossos dias. Após sua vitória no leste, ele iniciou uma reforma do exército. Começou por dispersar a Guarda Pretoriana e ocupou-a com seus soldados do Danúbio, garantindo assim a lealdade de seus membros. Ele foi o primeiro dos imperadores a colocar em Itália legiões, como uma reserva estratégica central. Este foi um passo extremamente importante, pois ele finalmente corrigiu o erro de Augusto. Augusto esqueceu-se de uma reserva móvel semelhante, e isso às vezes causava problemas consideráveis. Por outro lado, significou a degradação da Itália.
Severo também aumentou o número de legiões para 33, o que não era feito desde a época de Augusto. Desde as guerras dos Marcomanos (Resposta de Eduardo Santos para Quais são alguns fatos interessantes sobre Marco Aurélio? ), a defesa do império tornou-se muito mais difícil, pelo que era um passo inevitável. Ele também disponibilizou a patente de oficial a todos os soldados, independentemente da cidadania romana. Isso ampliou o quadro de funcionários para a seleção de comandantes, mas ao mesmo tempo significou que o exército começou a se provincializar (barbarizar). Ele aumentou os salários e recompensas, permitiu que os soldados se casassem, o que minou seriamente o moral das divisões fronteiriças. Embora suas reformas militares, por exemplo, tenham sido consideradas pelo historiador Herodiano como incompatíveis com a disciplina e a prontidão para o combate, elas foram bem-sucedidas. No entanto, essencialmente não houve retorno da jornada apresentada por Severo. Para severo, ainda era verdade que o imperador controlava o exército, mas, e no que se refere a Imperadores posteriores, este domínio mudou com muita frequência.
No entanto, o aumento do custo do exército foi um dos aspetos que levou à crise econômica, da qual o império nunca se recuperou totalmente. Severo começou a desvalorizar a moeda, cidades livres de impostos passaram a pagar e lançou impostos em tudo o que podia. No entanto, sob seu governo, algumas áreas prosperaram, especialmente sua terra natal, o norte da África. Até a lei, graças aos excelentes advogados da região, teve um desenvolvimento considerável.
As relações de Severo com o senado eram bastante rígidas e formais e dependiam do facto do imperador basear o seu poder no exército. No entanto, há muito tempo o Senado não tinha força suficiente para fazer algo sério contra o Imperador, e as reformas de Severo, que trouxeram o exército inteiramente à proeminência, deram o golpe de misericórdia no poder real do Senado. Da mesma forma, o imperador tratou a Itália, que deixou de ser uma província privilegiada de facto, e a administrou da mesma forma que todas as outras províncias. Ao contrário de antes, a administração era frequentemente realizada por advogados, o que representava um avanço significativo. Mas após as reformas administrativas, Severo ansiava pela glória militar novamente.
Na Británia, as tropas romanas, sob pressão dos bárbaros, deixaram a Muralha de Antonino, e o sul da Muralha de Adriano foi seriamente atacada. O idoso imperador começou a pacificar os bárbaros. No entanto, a invasão massiva da Caledônia não trouxe os resultados esperados, mas pelo menos a fronteira da Muralha de Adriano foi estabilizada. Durante esta guerra, o monarca morreu em 211 em Eborac (York). Diz-se que ele ordenou a seus filhos - Caracalla (apelido em homenagem ao manto celta que ele usava para vestir) e se manterem juntos e vigiarem os soldados. Um novo capítulo na história romana, um capítulo na expansão do poder dos soldados, começou ...
Séptimo Severo era extremamente capaz e decidido, mas também um homem implacável e vingativo, determinado a administrar e organizar tudo pessoalmente. A reforma do sistema militar foi o seu ato mais importante, embora criticado, mas provavelmente necessário devido à presença de maior perigo de outras nações do que antes. No entanto, ele também se tornou tão dependente de seu prefeito do Pretório, como muitos outros governantes, e seu prefeito (e compatriota) Platianus governou por onze anos quase como co-governante de severo. O facto de ele finalmente ter sido vítima de intriga em 208 só pode ser atribuído à influência da esposa de Severo, Julia Domna, e do futuro imperador Caracalla, que odiava sinceramente o prefeito. Apesar dessa sombra que pairava sobre o governo de Séptimo Severo, seu governo é considerado bem-sucedido. Também foi muito importante que ele deixou Roma como um herdeiro legítimo na forma de seu filho Caracalla, que iria sucedê-lo junto com seu segundo filho Geta.
Site: https://www.antickysvet.cz/25810n-septimius-severus
Tradutor: Eduardo Santos
Imagens: PINTEREST
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