terça-feira, 16 de novembro de 2021

Palas x Quimera.

 .UFMG-Letras-Mestrado em Teoria da Literatura.

Literatura Brasileira e outras literaturas

.Poetas críticos da modernidade.

Palas x Quimera. 

Uma Leitura de Poe.


." Tira o bico de meu coração

Tira o corpo da minha porta!

Disse o corvo:jamais."    Poe.


.Critica e Literatura.

A Literatura ,as obras Literárias podem ser compreendidas como uma organizada serie de equações que permitem assimilação de conhecimento.A linguagem simbólica permite uma forma de conhecimento da Historia . Filosofia e Literatura.O conhecimento resulta da combinação dinâmica e organizada da Historia ,caracteres biológicos e culturais.Enfim da personalidade do autor e dados de seu ambiente histórico-cultural definido.

O autor consegue nomear uma função essencial da linguagem,conhecer pela palavra.Registrando a si próprio e seu universo.A linguagem simbólica implica determinar matizes diversos.

A narrativa critica na tradução de Machado de Assis,relaciona o ser ,enquanto simbolo -latente.O narrador apresenta-se sob dois aspectos:

O interno-que conta a historia e o externo-que se situa fora da ação durante seu relato.Exemplo de Interno:

"Ah! Bem me lembro!Bem me lembro!

Era no glacial dezembro:

Cada brasa do lar sobre o chão refletia

a sua ultima agonia.

Eu,ansioso pelo sol buscava

iscar daqueles livros que estudava

repouso(em vão) a dor esmagadora

Destas saudades imortais

Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora

e que ninguém chamaria jamais."

No externo:

"Profeta,ou o que quer que sejas!

Ave do demônio que negrejas

Profeta escuta,atende

Por esse céu que alem se estende ,

Pelo Deus que ambos adoramos fala,

Dize a esta alma se ainda e´dado escuta-la

No éden celeste a virgem que ela chora

Nestes retiros sepulcrais.

Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora

E o corvo disse :Nunca Mais."

Poe parece sugerir que toda emoção vinda de necessidade Psíquica,

e´breve,então o paraíso perdido...

.No texto a soturna ave apresenta ambiguidade ,construindo uma revelação de quem buscou em si mesmo as raízes do comportamento humano;o sofrimento e a dissimulação,e aquele que sucumbe qual Quimera ante Belerofonte,pois no mito grego,o monstro ao combater o herói argivo , Contribui para o próprio extermínio ao exalar chamas na ponta de lança grega ,torna-a letal.

A Ave reflete a busca do triste interlocutor,e a angustia da perda de lenora. Podemos relacionar Palas Ateneia com Lenora,ambas virginais e inalcansaveis,Conforme o texto:

"...No éden celeste a virgem que ele chora

Nestes retiros sepulcrais

Essa que ora nos céus se chama Lenora!

E o corvo disse:Nunca mais! "

.O texto e´romântico gótico,com leve tom realista,o corvo e´um personagem simbólico com varias nuances.O corvo,a ave negra dos Românticos,planando sobre os campos de batalha ,cevando a carne dos cadáveres,configura mau agouro e desgraça.Outras culturas,outros olhares:

Japão-bom agouro;China-Perspicácia;Na tradição Cristã e´o emissário de Noe´em busca de terra, apos o diluvio;Na Grécia esta ligado a Apolo-nas profecias;Entre os Nórdicos ligado a criação-diversas vezes Odin(wotan) toma sua forma.Em Roma,Suetônio diz que o crocitar dessa ave (Cras) informa:amanhã.

Vale lembrar que a ultima tela de Van Gogh-"Corvos no campo de trigo"antecedeu a morte do genial pintor,como um grito de agonia.

O Corvo,no poema,aprimora as deficiências humanas,expõe seus temores ,entre o hiperbólico e o metafórico navega a ave,tecendo tramas conforme a vivencia dos Românticos.

Apesar da sonoridade poética,o texto não dispensa a ironia ao apresentar o corvo como elemento de mau agouro,em contraposição a Lenora casto anjo,prenuncio do despertar divinal.O lúgubre e o angelical.

Referencias Bibliograficas:

.Chevalier,J.Dicionario de Simbolos.Rj.J.Olympio.94.

Comellin,P.Nova Mitologia Grega e Romana.Bh.Itatiaia.83.

Poe,E.A.Ficção completa.Poesia e ensaios.Rj.Aguilar.81.


Bh,28\1\96,

M.



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