sábado, 5 de junho de 2021

Indo-Europeus.

 

Como foi a invasão da Europa pelos indo-europeus?

Isto vai dar trabalho, mas cá vai…

Primeiro, vamos visitar a "Velha Europa", e para isso, socorro-me da Sr.ª Henriette Walter (A Aventura das Línguas do Ocidente, da editora Terramar)

Tradução: A Europa sem indo-europeus.

«O mundo feminino da "velha Europa"

De acordo com achados arqueologicos, sabe-se que a "velha Europa" viu florescer, talvez dede o VII milénio a.C, uma civilização que marcou profundamente a história da humanidade. Essa civilização é vulgarmente designada pelo termo algo enganador de neolítico, cuja etimologia remete apenas para a "pedra nova". Ora, o neolítico foi sobretudo uma civilização assente na agricultura, permitindo a alusão à pedra pensar apenas nos instrumentos de sílex trabalhado de que o homem se servia. Em vez de viver apenas do fruto das colheitas, da caça e da pesca, o homem do período neolítico tornou-se sedentário e, por cultivar a terra, produtor de bens- cereais, lentilhas e ainda gado.»

É dessa época recuada que vêm os grandes megalitos, sendo os mais conhecidos os do famoso compleco Stonehenge.

De sublinhar que se desconhece que línguas se falavam nessa altura. Ao longo dos milénios todas estas línguas, com uma excepção, foram varridas pelas línguas indo-europeias. Ah, a tal excepção é a língua Basca…

Recordo-me de ter lido duas coisas muito interessantes, e com relevo para responder à pergunta:

  1. A grande porta de entrada, na Europa, de povos vindos das estepes euro-asiáticas são as planicies da Hungria.
  2. Foram encontradas ruínas de cidades (ou povoados) que datam dessa altura; alguns ate tinham casas com rés-do-chão e primeiro andar.

Como devem imaginar, esses povos pré-indoeuropeus que habitavam nessa zona desapareceram…

Bem, voltemos a Henriette Walter, para agora virmos falar dos antepassados dos indo-europeus. Ah, antes que me perca, a origem destes povos situava-se no Sul da atual Rússia e Ucrânia.

«O mundo masculino dos povos dos kurganes

Os povos vindos das estepes envolviam os mortos em kurganes, termo russo pelo qual se designava os montículos redondos que serviam a maior parte das vezes para cobrir os restos mortais de um ser humano, seguramente uma personagem importante.

Os kurganes mais antigos remontam ao V milénio a.C e estão situados nas longínquas regiões doleste europeu, acima do Mar Negro e o norte da Alemanha, chegando à própria Escândinavia.

Os objetos encontrados nestas sepulturas constituem um bom indício de uma sociedade patriarcal fortemente hierarquizada, caracterizada pela posição dominante do homem. A idêntica conclusão chegamos também através do estudo do vocabulário corrente do indo-europeu, embora os primeiros testemunhos escritos não surjam senão a partir do II milenio a.C. Graças aos vestígios arquelógicos deixados é possivel seguir o movimento desses povos em três vagas sucessivas, inicialmente na direção do Sul da Europa, até à planície do Danúbio; depois até ao mar Báltico, a norte, e até ao rio Elba; por fim, até ao Reno, a oeste, e a norte até a Escândinavia, o que se terá verificado por volta doII milénio a.C.

A antiga sociedade agrícola da Europa Central, iualitaria, matriarcal, de costumes aprazíveis, terá decaído gradualmente, face a uma outra forma de organização, fortemente hierarquizada, patriarcal e guerreira, proveniente das estepes orientais.»

Bem, aqui discordo um pouco da autora. Ela refere a velha Europa como um lugar pacífico. Achados arqueológicos recentes demonstram o contrário. Havia violência, e muita. O que se passou é que os indo-europeus tinham melhores armas e tinham cavalos. Sem dúvida mais organizados e mais experientes nas artes da guerra, por isso foram vencendo…

A velha narrativa que os indo-europeus eram patriarcais parece ser incontestável. Mas era frequente as mulheres participarem na guerra, como por exemplo, entre os Citas (nomadas do sul da Rússia):

Uma das suas armas era a cavalaria e os carros de guerra

Atenção, as suásticas pintadas nos cavalos não tem nada haver com o nazismo; durante milénio a suastica era um simbolo religioso.

Assim, temos ainda de ver o que se passou em termos de expansão

Tivemos um grupo que foi para sul, dando origem aos hititas, luvitas, curdos…

Outros para leste, dando origem aos tocários.

Um enorme grupo deu origem às línguas iranianas e indus…

Outro grupo deu origem às línguas faladas na Europa: celta, latim (e outras línguas italiotas), germanicos.

Bem, isto está muito incompleto, mas pode ficar para outra pergunta…

Finalmente, e como foi a invasão indoeuropeia?

Bem, foi violenta. Foi "tiros, bombas e murros nas trombas". E o que acontecia aos vencidos? Bem, pode ter acontecido vários cenários. Um pode ter acontecido genocidios. Noutras situações, vencidos e vencedores misciginaram-se.

Mas aqui temos que ver o seguinte:

«Se o povo a estepe impôs o indoeuropeu, a sua língua-mãe, no Sudeste da Europa até À Hungria, então foi a cultura indo-europeia-filha resultante, não a própria cultura original da estepe, que se difundiu para dar origem a culturas-netas em outros lugares da Europa. Indícios arquelógicos de grande alteração cultural sugerem que tais culturas-netas podem ter surgido ao longo da Europa e a oriente da India entre 3000 e 1500 a.C. Muitas línguas não indo-europeias mantiveram-se o tempo suficiente para serem preservadas na escrita (como o etrusco), e o basco ainda sobrevive atualmente».

Jared Diamond, no livro "O terceiro chimpanzé", pág. 375.

Eduardo Santos · Atualizado 5 de maio
A língua protoindo-europeia (PIE) é o ancestral comum das línguas indo-europeias, tal como era falado há cerca de 8 a 7000 anos, pelos indo-europeus, provavelmente nas proximidades do mar Negro, nas estepes do que é hoje o sul da Rússia e Ucránia. A postulação de uma descrição plausível dos contornos

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