segunda-feira, 14 de junho de 2021

Episodio.

 Episodio.

Numa tarde adornada por pombos sublimes,

A donzela ao sol placida se penteia.

Ainda entrega a ponta do pé´as ninfeias

D ´água .E para aquecer as mãos trementes

Molha no acaso suas rosas transparentes.

A um leve toque da água freme o viço

Da pela,e´a fala absurda de um caniço ,

Flauta em que o o culpado de dentes em lavores,

Com o oculto beijo que ousa sob as flores,

Tira ,pura sombra e sonho,um sopro fútil.

Mas quase indiferente a esse pranto inútil,

Nem por rósea palavra se divinizando,

Ela se livra da aureola ,e puxando 

De sua nuca o prazer que já tem desatado,

Os punhos pressionam o tufo dourado

Cuja luz entre seus límpidos dedos corre!

...Uma folha em seus ombros úmidos morre,

Uma gota tomba da flauta sobre a água,

E o pé´puro se peja como belo pássaro

Ébrio de sombra...

Paul Valery.


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