Episodio.
Numa tarde adornada por pombos sublimes,
A donzela ao sol placida se penteia.
Ainda entrega a ponta do pé´as ninfeias
D ´água .E para aquecer as mãos trementes
Molha no acaso suas rosas transparentes.
A um leve toque da água freme o viço
Da pela,e´a fala absurda de um caniço ,
Flauta em que o o culpado de dentes em lavores,
Com o oculto beijo que ousa sob as flores,
Tira ,pura sombra e sonho,um sopro fútil.
Mas quase indiferente a esse pranto inútil,
Nem por rósea palavra se divinizando,
Ela se livra da aureola ,e puxando
De sua nuca o prazer que já tem desatado,
Os punhos pressionam o tufo dourado
Cuja luz entre seus límpidos dedos corre!
...Uma folha em seus ombros úmidos morre,
Uma gota tomba da flauta sobre a água,
E o pé´puro se peja como belo pássaro
Ébrio de sombra...
Paul Valery.
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