Os sicários foram os primeiros assassinos da história, que lutaram contra a ocupação romana da Judeia.
(Uma adaga - sicae - daí o nome sicário)
Para um judeu pró-romano que vivia no século 1 DC, o medo de ir a Jerusalém estava sempre presente, pelo que dificilmente iria sem guarda-costas. Estaria a sentir medo dos Sicários. Os Sicários apareciam de repente do nada. Eles o esfaqueariam e desapareceriam em meio dos gritos das testemunhas aterrorizadas.
Foi a ocupação romana da Judeia deu início a este movimento de resistência.
(Um mapa do Império Romano no auge. A província romana da Judeia está marcada com um retângulo vermelho)
Em 6 DC, o imperador romano Augusto anexou ao Império Romano o que era então um reino cliente, a Judeia. No mesmo ano, Judas da Galiléia fundou um grupo de resistência para lutar contra os romanos. O nome deles era os zelotes. Seu primeiro ato de rebelião foi a resistência ao censo fiscal romano. Além disso, eles queimaram as casas e roubaram o gado dos judeus que obedeciam às ordens romanas. Sua ação instigou a Grande Revolta Judaica (67-73). Os Sicários queriam ver o mundo a arder.
Os Sicários esperando para atacar sua vítima (Imagem de Angel Garcia)
Na década de 50, um grupo dissidente de zelotes surgiu em Jerusalém - os sicários. Seu nome significa "homens das adagas", uma vez que usavam pequenas adagas (latim sicae) para matar suas vítimas. Eles assassinavam homens considerados inimigos em plena luz do dia em locais públicos. A tática preferida deles era se misturar com a multidão e depois esfaquear a vítima. Depois, eles iriam agir como se estivessem aterrorizados e gritar junto com as testemunhas. Os Sicários foram a primeira unidade de assassinato organizada na história.
Os sicários visavam a elite judaica governante, que colaborava com os romanos. Como ninguém sabia quem seria o próximo alvo, o medo e a ansiedade se espalhou entre a elite. A vítima mais notável foi o sumo sacerdote Jonathan. Ao contrário dos zelotes, os sicários não atacaram os romanos. Os sicários cometeram o primeiro ato de terrorismo registado na história
(Sicários expressando a sua discordância junto de um judeu colaboracionista…)
Em 62, o novo procurador romano Lucceius Albinus lutou contra este movimento. Em resposta, os sicários sequestraram o secretário do padre Eleazar. Eles o trocaram por dez deles, que haviam sido capturados por Albinus. Este foi o primeiro ato de terrorismo registrado. O terrorismo do Sicários promoveu um ambiente rebelde à espera de explodir em uma guerra.
Em 66 DC, os romanos profanaram o Templo de Jerusalém e desencadearam a Grande Revolta Judaica. Os sicários, liderados por Menahem, descendente de Judas da Galiléia, inicialmente tiveram um papel ativo na rebelião. Junto com outros rebeldes, atacaram o Templo e mataram o Sumo Sacerdote Ananias.
(Os restos da antiga fortaleza de Massada, na Israel moderna)
No início da rebelião, Menahem se declarou um novo messias e começou a agir como um rei. Seu comportamento não caiu bem com fações judaicas mais moderadas. O próprio Menahem foi morto e os sicários fugiram de Jerusalém. O novo líder dos sicários, Eleazar ben Jair, atacou a guarnição romana em Masada. Esta fortaleza formidável serviria como seu refugiado para o resto da rebelião.
Em 70 DC, o futuro imperador romano Tito recapturou Jerusalém e a rebelião acabou. Em 73 DC, os romanos sitiaram Massada.
A fortaleza de Massada tinha comida e água suficientes para durar anos. Por estar no topo da montanha, era considerado inexpugnável.
(Archeiro judeu)
No entanto, os romanos construíram uma enorme rampa de cerco para criar uma estrada que conduzia às paredes da fortaleza. Demoraram três anos, mas não iriam sair dali sem capturar primeiro a fortaleza.
As paredes logo desabaram sob os golpes do aríete. Os sicários sabiam que os romanos seriam impiedosos. Seu líder Elezear pediu a todo o grupo que cometesse suicídio em massa. Primeiro, os homens Sicários mataram suas esposas e filhos, depois mataram uns aos outros. Apenas duas mulheres e cinco crianças sobreviveram se escondendo nas cisternas.
Ver: Resposta de Eduardo Santos para Por que os romanos se importaram tanto com Masada?
Conclusão
Os Sicários eram lutadores pela liberdade e terroristas. Dependia de que lado você estava. Para os romanos, os sicários eram terroristas. Para os judeus oprimidos, eles eram heróis. Uma ideologia religiosa poderosa alimentou sua missão. Sua tática de assassinatos públicos espalhou o medo entre as elites judias no poder. Como grupo terrorista, os sicários tiveram muito sucesso. No entanto, lutaram contra os romanos em seu apogeu, portanto, sua derrota era inevitável.
Autor: Peter Preskar
Tradução e adaptação: Eduardo Santos
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