PATRÍCIOS E PLEBEUS
Para os Romanos, os antepassados de um homem eram extremamente importantes. Quanto mais ilustres fossem os seus ancestrais, mais importância social adquiria; e isto traduzia-se em maiores possibilidades de desempenhar cargos públicos e em exercer determinada influência na respetiva comunidade.
No topo da pirâmide social estavam os patrícios. O termo deriva de “Patres”, ou seja, “Pais”, o que remete a sua origem para a fundação de Roma. Os patrícios eram os descendentes dos primeiros romanos, aqueles que, segundo a lenda, vieram de Tróia (Ílio) com o mítico Eneias. Durante o período etrusco, os patrícios eram já ricos aristocratas, com assento no Senado (que era então o Conselho Real).
A única exceção foi a dos Cláudios, aristocratas sabinos que se tornaram patrícios já nos primeiros anos da República, no século V a.C..
Os plebeus, por seu turno, eram os descendentes dos estrangeiros (italianos) que então se juntaram ao nascente estado romano.
Os primeiros séculos da República ficaram marcados pelas lutas entre patrícios e plebeus. Os primeiros foram cedendo terreno face a estes últimos, perdendo pouco a pouco a exclusividade das magistraturas (por exemplo, do consulado e da pretura), e o domínio do aparelho judicial. O próprio Sila (Sulla), o todo poderoso ditador dos anos 82/79 a.C., não conseguiu inverter este processo. Tentou, sem êxito, conceder privilégios aos patrícios, mas foi sol de pouca dura.
Dado o seu reduzido número, as famílias patrícias foram-se extinguindo ou misturando com famílias plebeias. No século I a.C., ainda existiam várias gens patrícias, como os Cornélios, os Júlios, os Emílios, os Sérgios, os Claúdios, os Calpúrnios Pisões, os Júnios Brutos, os Sulpícios e os Fábios (estes apenas por linha adoptiva). Mas com as guerras civis e as cruéis proscrições desse século, a maioria destas antiquíssimas linhagens foram exterminadas. E as que sobreviveram, seriam aniquiladas pelos imperadores Júlio-Cláudios, que temiam ainda as velhas famílias republicanas, ciosas dos seus privilégios e renitentes em aceitar a supremacia dos sucessores de César. O derradeiro imperador patrício foi Sulpício Galba, o sucessor de Nero (que, por sua vez, fora o último dos Júlio-Cláudios), que morreu sem descendência masculina (69 d.C.).
Entretanto, muitas famílias plebeias foram enriquecendo, tornando-se extremamente poderosas. Criou-se uma nova nobreza (a nobilitas), de que faziam parte as famílias que tivessem antepassados consulares. Quando um homem ascendia ao consulado, nobilitava-se a si e à sua família. Alguns destes “Homens Novos” tornaram-se célebres: Marco Pórcio Catão (o “Censor”), Caio Mário, Marco Túlio Cícero, etc. E foram estas famílias que doravante dirigiram o Império, em conjunto com os “imperadores soldados”, militares que ascenderam à púrpura a partir do conturbado século III.
No século IV, quando já todas as famílias patrícias estavam extintas (embora muitos nobres reclamassem delas descenderem, por alianças matrimoniais ou mera invenção...), o imperador Constantino criou o título de "Patrício", com que eram agraciados os seus mais fiéis colaboradores. Com o passar do tempo, passou a ser um título atribuído aos chefes militares, como Ricimer, o bárbaro que governou a Itália nos últimos anos do Império. O título foi ainda usado durante séculos na corte bizantina, e Carlos Magno recebeu-o das mãos do Papa, quando derrotou os Lombardos (finais do século VIII).
Por C.J.P.
do
Site: Roma Antiga
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