quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Camões,poeta dos Descobrimentos.

 

Quem foi o grande poeta da época dos Descobrimentos?

O grande poeta da nossa época dos Descobrimentos? Sem dúvidas: Camões…

Cito João M. Tomas dos Anjos, do História de Portugal

«Luís Vaz de Camões(N. c. 1524/25, Lisboa -- M. a 10 de Junho de 1580, Lisboa), o maior poeta português de sempre, autor do poema épico Os Lusíadas (1572), que descreve a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama.

Camões teve um impacto permanente e sem paralelo na literatura portuguesa e brasileira, devido a não só ao seu poema épico mas também à muita poesia lírica publicada posteriormente. Os Lusíadas são um poema épico escrito em 10 Cantos, em oitava rima e com 1.102 estrofes.

(Camões por José Malhoa)

(Camões por José Malhoa)

Supõe-se que Camões nasceu em Lisboa, de ascendência galega, entre 1524 e 1525., quando a expansão portuguesa no Oriente estava no seu auge. A tradição diz que Camões estudou em Coimbra, mas embora isso nunca tenha podido provar-se, não deixa de ser verdade que pouco poetas Europeus tinham na altura um conhecimento de cultura clássica e filosófica que se pudesse comparar à de Luís de Camões.

Supõe-se também que serviu como soldado em Ceuta, em 1550, aí perdendo um olho. Em 1552, de regresso a Lisboa, esteve preso durante oito meses por ter ferido, numa rixa, Gonçalo Borges, um funcionário da corte. Data do ano seguinte a referida "Carta de Perdão".

Nesse mesmo ano, segue para a Índia. Nos 17 anos seguintes, serviu no Oriente, ora como soldado, ora como funcionário, pensando-se que esteve mesmo em território chinês, onde teria exercido o cargo de provedor dos defuntos e ausentes, a partir de 1558.

Em 1560 estava de novo em Goa, convivendo com algumas das figuras importantes do seu tempo (como o vice-rei D. Francisco Coutinho ou Garcia de Orta). Em 1567 iniciou o regresso a Lisboa.

No ano seguinte, o historiador Diogo do Couto, amigo do poeta, encontrou-o em Moçambique, onde vivia na penúria; juntamente com outros antigos companheiros, conseguiu o seu regresso a Portugal, onde desembarcou em 1570.

Data de 1550 um documento que o dá como alistado para viajar à Índia: "Luís de Camões, filho de Simão Vaz e Ana de Sá, moradores em Lisboa, na Mouraria; escudeiro, de 25 anos, barbirruivo, trouxe por fiador a seu pai; vai na nau de S. Pedro dos Burgaleses... entre os homens de armas". Afinal não embarcou de imediato.

Túmulo de Camões (?) nos Jerónimos

Numa procissão de Corpus Christi altercou com um certo Gonçalo Borges, empregado do Paço, e feriu-o com a espada. Condenado à prisão, foi perdoado pelo agravado em carta de perdão. Foi libertado por ordem régia em 7 de março de 1553, que diz: "é um mancebo e pobre e me vai este ano servir à Índia".

Manuel de Faria e Sousa encontrou nos registos da Armada da Índia, para esse ano de 1553, sob o título "Gente de guerra", o seguinte assento: "Fernando Casado, filho de Manuel Casado e de Branca Queimada, moradores em Lisboa, escudeiro; foi em seu lugar Luís de Camões, filho de Simão Vaz e Ana de Sá, escudeiro; e recebeu 2400 como os demais".

« Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas de seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente e assim morreu.»

Foram estas as palavras esculpidas na sua lápide pelo fiel amigo D. Gonçalo Coutinho. Há quem acredite que Camões morreu em 1580, com base no documento que o rei Filipe I entregou à sua mãe, mas há também quem diga que, pelo facto de a morte do poeta ter passado tão despercebida, o verdadeiro ano da morte terá sido 1579. Uma coisa é certa: foi no dia 10 de junho que nos deixou.

Incertezas são, aliás, o que não faltam quando se fala da vida de Luís Vaz de Camões. Também se diz que terá nascido em Chaves, e que o ano foi o de 1524. E que Coimbra terá sido a sua principal influência a nível cultural. Mas não existem provas, registos ou testemunhos.

Muito pouco se sabe, de igual forma, sobre a sua permanência em Portugal ou sobre as viagens pelos mares do mundo. Sabemos apenas que era um descobridor de novos terrenos, versos e amores.

Os Lusíadas (1572)

Os Lusíadas é considerada a epopeia portuguesa por excelência. O próprio título já sugere as suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal, Lusitânia.

É um dos mais importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e universalidade.

A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia.

É uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer sensual e nas exigências de uma vida ética, na percepção da grandeza e no pressentimento do declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e luta.

O poema abre com os célebres versos:

As armas e os barões assinalados

Que, da ocidental praia lusitana,

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados,

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo reino, que tanto sublimaram.

.....

Cantando espalharei por toda a parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte

Os Lusíadas - Canto 1 »

(Fim de citação)

Já agora, a minha favorita:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto:

Que não se muda já como soía.

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