sábado, 9 de outubro de 2021

Valery.

 .Episodio.

.Numa tarde adornada por pombas sublimes,

a donzela do sol placida se penteia.

Ainda entrega a ponta do pé´as ninfeias

d´água. E para aquecer as mãos trementes

Molha no ocaso suas rosas transparentes.

A um leve toque da água freme o viço 

da pele ,e´a fala absurda de um caniço,

flauta em que o culpado de dentes em lavores,

com o oculto beijo que ousa sob as flores,

tira,pura sombra e sonho ,um sopro fútil.

mas quase indiferente a esse pranto inútil,

nem por rósea palavra se divinizando,

ela se livra da aureola,e puxando

de sua nuca o prazer que já tem desatado,

os punhos pressionam o tufo dourado

cuja luz entre seus límpidos dedos corre!

...uma folha em seus ombros úmidos morre,

uma gota tomba da flauta sobre a água,

e o pé´puro se peja como belo pássaro

ébrio de sombra...

Paul Valery.





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