Guerra dos Sete Anos foi o nome dado ao confronto militar entre estados europeus entre os anos de 1756 e 1763; não apenas neste continente mas também em diferentes áreas do mundo (envolvendo suas tropas nas colônias).
Enfrentaram-se, então, dois blocos rivais: de um lado, a Grã-Bretanha e a Prússia (e mais alguns pequenos estados alemães), e, de outro, uma grande aliança que reunia a Áustria, França, Rússia, Suécia, Saxônia e Savoia - depois juntou-se também a Espanha. Em outros continentes, envolveram-se também alguns estados da Índia e alianças locais...
Para a eclosão desta guerra não houve uma causa que evocasse princípios ideológicos ou nacionalistas. A Áustria ressentia-se da perda da Silésia para a Prússia (1745) e, para recuperá-la, a arquiduquesa Maria Tereza encerrou a secular rivalidade com a França (que vinha desde o século XV) para formar uma aliança inédita.
Criava-se, assim, um "leque" de forças contra o fortalecimento da Prússia.
É claro que o rei Frederico II da Prússia tinha seus próprios propósitos expansionistas - embora nem sonhasse com uma unificação da Alemanha (que viria a acontecer um século depois, com sua própria dinastia).
O velho Fritz era um estadista experiente e conhecia bem as fragilidades da Áustria. Com o pacto de Westminster (1755), ele aliou-se ao rei Jorge II, da Grã-Bretanha. Assim, a Prússia passava a ter o apoio da mais poderosa marinha do planeta - e que, por sua vez, rivalizava diretamente com a França.
Na realidade, essa guerra já estava em andamento.
Na América do norte, enfrentavam-se as tropas coloniais britânicas e francesas, cada uma com o apoio de coalizões de tribos indigenas. Por esse motivo, aquele conflito foi chamado localmente de guerra franco-índia, iniciada ainda em 1754.
Na Europa, o confronto começou formalmente com o ataque prussiano contra a Saxônia (1756), o que mobilizou toda a aliança montada por Maria Tereza contra os atacantes.
Mas a Prússia tinha uma tradição militar fortíssima e o exército mais bem treinado da Europa.
(sua tática era ocupar o território inimigo, e depois negociar com vantagem, mas essa possibilidade era impossível tendo quase toda a Europa contra ele: em população, eram 5 milhões contra 100 milhões!)
Enquanto Frederico II conseguia derrotar os franceses em Rosbach, a França enviava o marechal de Richelieu para ocupar o Hanover (que era um domínio do próprio rei Jorge II) e equilibrava as forças no norte da Alemanha.
O exército prussiano também conseguiu conter os russos em Zorndorf e os suecos na Pomerânia. Os austríacos tentaram recuperar a Silésia e foram derrotados em Leuthen.
Todas essas batalhas se deram em 1757. Depois disso, os resultados se tornaram incertos.
Isolada, a Prússia perdeu a superioridade militar, o que permitiu às forças da Áustria e da Rússia atingirem Berlim em 1760.
Nas colônias, a situação da França era bem complicada. Suas forças fracassaram diante dos britânicos em Palashi (1757), o que levou à perda de seus domínios de Madras, na Índia. Enquanto isso, na América do norte, as tropas recrutadas entre a população civil pelas colônias britânicas (com a promessa de ter acesso a amplos territórios a oeste) conseguiam tomar Québec e Montreal, ocupando o Canadá.
(na realidade, a Coroa britânica tinha como aliada a confederação iroquesa, com a promessa aos indígenas de criar uma "barreira" contra a expansão das suas próprias colônias - mais tarde essa concessão seria um fator para a independência das Treze Colônias...)
Vendo seu império colonial ruir, o rei Luís XV, da França, apelou aos demais soberanos da casa de Bourbon, assinando o Pacto de Família (1761). Dessa forma, atraiu para a aliança a Espanha, Nápoles e Parma.
Obviamente, Carlos III foi levado ao conflito por seus próprios interesses, e, enquanto perdia Manila e Cuba, declarando guerra contra Portugal (o mais tradicional aliado dos britânicos) e ordenando que Buenos Aires ocupasse a colônia do Sacramento e os Sete Povos, contra as disposições do tratado de Madrid de 1750. Em Portugal, porém, as forças espanholas foram totalmente repelidas.
De qualquer forma, a situação da Prússia era caótica. Frederico, que consolidara sua reputação militar no começo da guerra (com admiradores em toda a Europa), via sua posição comprometida pela participação da Rússia na coalizão, trazendo um afluxo contínuo de tropas vindas do leste (incluindo cossacos, calmucos e outras forças recrutadas).
A derrota era inevitável.
Então aconteceu a virada: com a morte da czarina Elisabete, a coroa da Rússia passou a um sobrinho distante (1762), que também era duque de Holstein-Göttorp - e foi coroado com o nome de Pedro III. O novo czar era um admirador pessoal de Frederico II e ordenou imediatamente o término da ofensiva, quando já estava vencendo os prussianos. A Suécia, pressionada por Pedro III, também abandonou a coalizão. Isso salvou a Prússia.
Na França, Luís XV entendeu que a guerra (que para ele já estava perdida) deveria ser encerrada definitivamente. Depois de sete anos de conflito, e mais de 1 milhão de mortos, a Áustria acabou por aceitar o fim das hostilidades.
Para ajustar os termos, foram assinados dois tratados no início de 1763: o de Paris (ou de Versalhes), resolvendo a situação nas colônias, entre a Grã-Bretanha, França e Espanha; e o de Hubertsburgo, entre a Prússia e a Áustria.
Na Europa, não houve nenhuma mudança; voltou-se ao statu quo ante bellum de 1756. Apenas a Suécia perdeu a sua parte na Pomerânia.
Porém, nos territórios coloniais, foi feita uma grande remodelação.
A França, que tinha sido derrotada em quase todos os confrontos com os britânicos, teve as maiores perdas: teve que ceder Madras e seu avanço dentro da Índia foi impedido; já o Canadá e a Louisiana foram cedidos na sua totalidade.
A Espanha concordou em ceder a Flórida, mas em troca ficou com a Louisiana a oeste do Mississipi, incluindo Nova Orleans. Manteve as Filipinas e São Domingos, e ainda ocupou os Sete Povos - o que levaria, depois, à continuação do conflito com Portugal pela posse do sul do Brasil.
Todos esses países saíram com pesadas dívidas, mas em nenhum o saldo foi mais comprometido que na França, que seria obrigada a entrar em um ciclo de reformas fiscais.
A derrota na guerra dos Sete Anos foi uma das causas da Revolução Francesa.
Aí você observa o mapa e pergunta sobre a situação da Polônia. Ela era uma monarquia eletiva e o seu soberano era o próprio eleitor da Saxônia, cujo território fora tomado por Frederico II no primeiro ato de guerra.
Acontece que as leis polonesas impediam qualquer tipo de reação por parte do governo central e, na prática, a Polônia manteve a sua neutralidade, permitindo que as forças russas atravessassem o seu território.
O eleitor sabia muito bem que a Rússia não estava na guerra para defender os interesses de Maria Tereza ou da Saxônia. O "preço" teria que ser pago pela própria Polônia. Por isso, assim que a guerra terminou, os antes inimigos (Frederico II, Maria Tereza e a nova czariba, Catarina II) se tornaram aliados para articular uma forma de enfraquecer e destruir com o estado polonês…
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