Os jacobinos foram os primeiros "esquerdistas" da história. Disso acredito que não há muito dúvida.
A não ser que você queira re-interpretar a briga entre "Optimates" e "Populares" no final da República Romana. Mas se a gente for por esse caminho então Sulla , Cicero e Pompeu seriam os pioneiros da direita enquanto Caio Graco, Júlio César e Otávio seriam de esquerda. O que soa demasiado anacrônico.
Voltando à Revolução Francesa, nós podemos encaixar a briga entre Jacobinos e Girondinos como uma versão preliminar do que seria a briga entre Mencheviques e Bolcheviques na Rússia do começo do século XX. Ou mesmo da atual briga entre socialistas revolucionários e os sociais-democratas que querem reformar o sistema.
Mas os Jacobinos não tinham muitos autores a quem recorrer. Além de Montesquieu, Rousseau e Mably, os demais autores que defendiam a democracia e se posicionavam contra a monarquia eram justamente os romanos e os filósofos da Grécia Antiga.
Além do mais, a Revolução Francesa marca o início do fim do poder dos nobres e a ascenção do que viria a ser a burguesia na definição de Marx. Quando você vê o quadro da Liberdade guiando o povo durante a Revolução Francesa, é possível ver a burguesia de cartola e fraque ajudando os revolucionários a tomar o poder dos nobres.
Os jacobinos ainda não sabiam, mas depois que o poder da burguesia se consolidasse essa seria a classe que iria dominar os meios de produção e se apropriar dos frutos do trabalho dos proletários. Marx até dá uma denominação específica para essa burguesia que antes era progressista e depois passou a ser reacionária: haute bourgeoisie.
Então não faz mais sentido ser jacobino hoje. A nobreza já foi decapitada e os que restaram não possuem mais poder que um bilionário como Bill Gates ou Jeff Bezos.
O que faz sentido hoje é exigir que os meios de produção sejam geridos por quem trabalha neles. E nesse quesito o socialismo científico elaborado por Marx é o que faz mais sentido. Por isso que a esquerda que lá atrás era jacobina, hoje é socialista.
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