terça-feira, 2 de outubro de 2018

Os Homens.


Rapa Nui.

Voltamos apressados a esperar nomeações,
exasperantes publicações,discussões amargas,
fermentos,guerras,enfermidades,música
que nos ataca e golpeia sem trégua,
entramos novamente em nossos batalhões,
ainda que todos se unissem para declarar-se mortos:
aqui estamos outra vez com nosso falso sorriso,
falamos,exasperados ante o possível esquecimento,
enquanto la´na ilha sem palmeiras,
la´onde se recortam os narizes de pedra
como triângulos traçados em pleno céu e sal,
ali,no minúsculo umbigo dos mares,
deixando esquecida a última pureza,
o espaço,o assombro daquelas companhias
que levantam sua pedra desnuda,sua verdade,
sem que ninguém se atreva ama-las,a conviver com elas.
E esta e´minha covardia,aqui dou testemunho:
não me senti capaz senão de transitórios
edifícios,e nessa capital sem paredes
feita de luz,de sal,de pedra e pensamento,
como todos olhei e abandonei assustado
a límpida claridade da mitologia,
as estátuas rodeadas pelo silencio azul.


Pablo Neruda.



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