segunda-feira, 26 de março de 2018

A JAULA.




                 

                          A JAULA.
     “A astúcia e ‘a inteligência da fera. ” Voltaire.

A “maria da penha’’ atacou de novo...Irônico foi tentar fazer um b.o. e descobrir que tinha uma ordem de prisão contra mim. Houve audiência ,não fui intimado e o juiz irritou-se.
Segui, sem resistência, para a delegacia; onde a princípio, colocaram-me com presos comuns: traficantes, agressores de mulheres e assaltantes, em um espaço fétido que cheirava a urina. Conversa surreal... Apesar de meus protestos, quando perceberam o erro, o delegado me convidou a sentar do lado dele, com algema, e ‘claro.
- O sr. Devia ter dito que tinha curso superior, doutor...
-Mas, eu disse, dr....ao seu detetive...
-Não repare’, infelizmente, só hoje foi 30 ocorrências, Um tumulto!
-Tudo bem, disse eu tranquilo; tomado de Calma inexplicável.
Consegui telefonar, para o advogado. Ele contatou minha irmã.
Ela me ligou, procurei acalma-la... Pedi que avisasse minha garota. Mudança de turno, eu, fora da cela ia ser transferido para a sexta! A espera e a angustia continuariam...
O advogado foi claro, um HB (habeas Corpus) agora e ‘quase impossível, os juízes não trabalham a noite, ficam se deleitando no monte Olimpo... Nos  Usa, a qualquer hora ,alguém pode ser preso ou liberto .Ha ‘turnos de juízes...País civilizado.
Fui para a prisão, motivo: faltei a uma audiência de instrução, crime grave! Digno se ser trancafiado com assassinos, ladrões e toda sorte de malfeitores. O diretor, advogado de formação, perguntou meu curso, educado, explicou-me o procedimento. Despi-me e meus pertences foram lacrados, recebi um uniforme vermelho (ridículo) e fui conduzido a uma cela especial. Lá, dormitei, mas a cadeia e´ barulhenta, e ‘como a selva ;com animais rugindo ao longe...As noticias correm rápido, logo os presos e os agentes(penitenciários)comentavam do “coroa”
Que estava la
.Parece que surrou a mulher, dizia um...
.Só sei que e ‘Maria da penha...
.Mulher quando quer fuder com homem...
.Só converso com mulher, porque tem buceta...
Por ai seguiam os comentários...
Minha Audiência, marcada para o dia seguinte, meio dia.
Enquanto isso dava esclarecimentos acadêmicos...
Perguntaram-me sobre: Camões, eleições, hiv-meios de contaminação, História do Brasil,Darwin etc. Já ´não era só´ o” coroa”, era também; “bigode, Professor, ate ´doutor!”.
Quando fui para audiência, novo tormento; algemas e parte de trás do camburão, mas somente eu.(Regalia ?.). La´, para aguardar a audiência, fiquei nos cárceres do Fórum.Com toda sorte de meliantes, que se identificavam pelo artigo que os levara ali; sou um 155,157...e você ,Professor porque esta aqui?
-Maria da penha...
-Deu um pau na mulher ne...
-Não, apanhei... (Risos)
.A audiência prevista para meio dia ocorreu às 3 da tarde. Difícil explicar o que senti, desfilando com algemas e uniforme pelos corredores do fórum. Ante os olhos assustados que me miravam, senti-me como Al Capone ou John Dellinger; os contraventores da lei seca na década de 30 do século passado, us.
A audiência foi rápida e tranquila, o meritíssimo, certamente
Informado pelo meu advogado, foi cordial, afável e chegamos a um acordo pecuniário. Pela minha “quebra de “condicional” vou pagar uma” fiança.” E o caso esta encerrado. Estava livre, afinal.
Melhor, os tormentos causados pelo passado; finitos. Tinha agora de retornar ao presidio, onde a notificação oficial seria entregue. Quando voltei, era uma espécie de celebridade...
- o coroa sai hoje...
-o professor vai embora...
Novo impasse, com a copia do alvará nas mãos, não podiam me colocar atrás das grades, novamente. Fiquei no pátio, onde os prisioneiros tomam sol. Andei por alguns corredores, o diretor me falou sobre eleições, quando eu disse que ia votar no Bolsonaro, um sorriso iluminou lhe a gorda face. Só fui liberado por volta das 22 horas.
Ansioso fui para a casa do meu tio, buscar minha irmã.
Antes, liguei para minha garota, muito preocupada a essa altura.
O doce aroma da liberdade...
Extrai diversas lições dessa experiência:
Há ‘bons entre os maus e maus entre bons.
Vi, por exemplo; carcereiro agredindo brutalmente um preso, Sadismo e violência. Prisioneiro inocente, plácido, resignado.;
O submundo possui linguagem própria, com a qual os agentes estão familiarizados;
A ociosidade e ´a tônica dos presídios, não há ‘distrações, nem atividades. Nada de trabalho! Como recuperar os mais jovens sem instrução e ocupação saudável?
Victor Hugo, já dizia no século XIX; ”Quem abre uma escola, fecha um presídio. ”A ausência de Educação e´ fator determinante no aumento da criminalidade;
O despreparo intelectual dos agentes penitenciários, delegados, detetives, diretores. Ha ‘exceções, claro. Mas grande parcela tem musculatura e pouca leitura.
Embora tenha recebido tratamento diferenciado, notei que os detentos são conduzidos como gado. Gentileza e ‘produto raro por lá!
Alguns presos vão matar de novo; alguns agentes vão espancar de novo. Essa rotina macabra tende a se repetir como os anéis do Inferno de Dante.
A falta de esperança ou perspectiva atinge não so ´os presos, mas, também, os agentes. Poucos estudam. Embrutecidos pelo cotidiano, acabam sendo um triste retrato da realidade Brasileira; na qual, os que quebram as leis, desejam faze lo de novo, e  os que corrigem esses erros ,não acreditam na recuperação de seus prisioneiros. A falência do sistema carcerário, nada mais e ´que a declaração inconteste da incapacidade dos que tem governado o país há ‘décadas.
A perda de valores,  a degradação dos costumes, a banalização da truculência, o crime organizado (dentro e fora de Brasília), são alguns fatores para nos tornar um dos Países mais atrasados do mundo, hoje.
” Um país se faz com homens e livros”, disse Monteiro Lobato; Os meios de comunicação efeminizam os homens e a leitura e ‘escassa...A TERRAE BRASILIS esta distante de seu destino, errando como nau sem rumo pelo mar da ignorância.

Autor: Marco Antônio E. Da Costa.





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