Mary I não foi a filha que Henrique VIII e Catarina de Aragão esperavam, porém, a criaram como uma princesa amada aos olhos do público. Com a separação de seus pais, a garota foi rebaixada do título de princesa para senhora, recusou-se a reconhecer o divórcio e o status de seu pai como chefe da igreja da Inglaterra.
Foi somente após diversos anos que Mary reatou os laços com o pai. Ela venceu o seu orgulho e conheceu três madrastas, além do meio irmão mais novo, Edward VI. Em 1543, uma nova lei permitiu que ela voltasse a fazer parte da linha sucessória, ficando atrás somente do irmão.
Catarina de Aragão e Henrique VIII / Crédito: Wkimedia Commons
Com o intuito de dificultar a ascensão da irmã, Edward assumiu o trono como reformador protestante e, antes de morrer, deixou a coroa para Jane Gray, sua prima, a fim de evitar que uma católica se tornasse rainha.
Durante nove dias, seu plano funcionou. Mary I decidiu que ficaria na Inglaterra e lutaria por seus direitos. Dessa maneira, ela conquistou os exércitos de seus antagonistas e recebeu apoio dos nobres. Além disso, ela e Elizabeth foram até a capital como rainha e a outra como rainha em espera.
Ela começou um reinado que beneficiaria os católicos. Os protestantes começaram a serem perseguidos e, em pouco tempo, a religião foi proibida. Segundo Linda Porter, autora do livro O mito de Bloody Mary, Edward VI se moveu muito mais rápido do que a maioria da população queria, removendo muita coisa que era familiar e privando a congregação do que muitos deles viam como o mistério e a beleza da experiência de adoração.
Além disso, ela também afirmou que o protestantismo era a religião de uma minoria educada, não uma doutrina universalmente adotada, ou seja, em sua essência, a Inglaterra ainda era um país fundamentalmente católico quando a filha de Henrique VIII assumiu o trono.
Diante de múltiplos desafios em seu reinado de cinco anos, muitos decorriam do fato dela ser a primeira rainha inglesa a usar uma coroa por direito próprio, e não como esposa de um rei. Sua prioridade era a religião e ela implementava reformas e restrições que restaurariam a ascensão da Igreja Católica. Mas, ao mesmo tempo, ordenou que 280 protestantes fossem queimados em uma fogueira, fato que deu início a sua reputação de Bloody Mary.
Sem dúvida, a morte era uma sentença horrível. Mas, na Inglaterra da família, existia uma norma que punições sangrentas eram necessárias e variavam da decapitação à fervura, quando as pessoas eram penduradas, queimadas ou esquartejadas.
Durante o início do período moderno, os católicos e protestantes acreditavam que a heresia poderia ser usada como uma justificativa para as violências ou sentenças de morte.
Mary e seus seguidores acreditavam que as primeiras punições iriam servir como lição para outros protestantes. A rainha explicou que as execuções deveriam ser usadas para demonstrar ao povo que aquilo estava acontecendo devido a um motivo justo e, dessa maneira, provocaria medo na população, evitando que se opusessem ao governo.
Dentre suas vítimas, a mais famosa foi o arcebispo Thomas Cranmer. Ele estava se preparando para conseguir a aprovação de políticas semelhantes contra os católicos.
Thomas Cranmer
A rainha também teve a iniciativa de realizar reformas financeiras, de exploração e expansão naval, que seriam construídas por sua sucessora, Elizabeth I. No entanto, a monarca não deu à luz um herdeiro.
Sua boa reputação com a sociedade acabou quando ela afirmou que se casaria com o Rei Felipe II, da Espanha. Após a realização do casamento, se tornou rainha do país europeu, o que causou uma revolta popular que desejava que Elizabeth passasse a ser a rainha.
Como o fracasso das manifestações, Mary decretou a prisão da irmã na Torre de Londres. Para a surpresa da população, Elizabeth ficou pouco tempo confinada, já que a rainha morreu de câncer nos ovários em 1558. Como sua última decisão, ela reconheceu a legitimidade de Elizabeth como sua sucessora, que reinou durante 45 anos.
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