sábado, 26 de abril de 2014

Ouro Preto.

                                             Ouro Preto.

                                                                     “ Minas são muitas.”
                                                                       Guimarães Rosa. (1908-1967).












Meia lua oblíqua
Revela cidade montanhosa
Saídas das sombras
As igrejas vão se mostrando
Silentes, barrocas
As casas adormecidas
Os becos sombrios
As fontes calmas
O luar minguante
Cintila nos bares.

A velha capital
Saída de um livro
Cerra os olhos ao presente
E sob os lampiões de gás
Convida-nos
A rezar nos altares
Onde pousaram as mãos de Antonio Francisco
A subir as ladeiras em pias procissões
A ouvir o aflito lamento dos escravos.

Aqui Gonzaga confecciona delicado poema
Ali, Dorotéia alinhava um bordado
Além, Alvarenga acalanta a filha e Heliodora
Claudio recita versos Arcádicos sobre o rio pátrio
Por toda parte valoroso alferes Reclama liberdade
 Vila Rica, Vale entre montanhas repleto de sonhos,
Sangrenta adaga se aproxima das serras
E a traição, câncer da espécie humana
Arrasta seu miasma pelas estradas

Agora, por entre as cúpulas das igrejas
Ecoam brados de justiça
Trajes imperiais
Lagrimas oculta
Fantasmas do passado
Ideais redivivos
Mãos presas
Bateias vazias,

Minas gerou
Minas Gerais.

Autor: Marco Antonio Eustáquio da Costa.














Nenhum comentário:

Postar um comentário