quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Florbela


                                         FLORBELA  ESPANCA , poetisa Lusa.
                                         
                                                                                 “ So´ se vê bem com o coração,
                                                                                  O essencial e´ invisível aos olhos.”
                                                                                    Antoine de Saint-Exupery.




Flor Bela de Alma da Conceição Espanca *8/12/1894,Èvora  ,+8/12/1930,Porto.Poetisa e contista portuguesa,traduziu ,por Sonetos, a alma feminina Lusa.Transformou em Lirismo, as tantas dores de sua existência; frustrações amorosas( 3 casamentos) ,perda do irmão,etc conforme fizeram François Villon antes dela e Vinicius de Moraes ,depois. Seu sobrenome exótico , vem certamente, de algum valoroso ancestral que combateu ferozmente os mouros na península ibérica,quando das guerras de Reconquista crista do solo luso.
Uma mulher com sentimentos plangentes, alternando solidão e decepções, busca alcançar na infinitude “a doce agonia de esquecer ”.De temperamento delicado e suscetível,foi colhida por infortúnios que a levaram a depressão e a morte (overdose).Sua poesia e ´expressa pelo sentimento, erotismo,feminilidade e uma cálida e triste esperança.Revela, ainda, um olhar Panteísta.
Panteismo. Do grego, Pan=tudo e Theos=Deus.Crença de que tudo e todos compõem um Deus abrangente; o universo,  a natureza e Deus são idênticos.Deus =universalidade dos seres. Filosofia preconizada por Baruch Spinoza (1632-1677),Racionalista Holandês, de origem Sefardita=judeu ibérico.
Em sua “Ética” ( publicada pos  mortem) defende uma leitura Anti-cartesiana ou dualista; na qual corpo e mente se fundem em um Monismo, um  principio único , a realidade como um todo;  DEUS.
Alguns pensamentos de Florbela :
“Ama-se quem se ama, não quem se quer amar.”
“ A ironia e´ a expressão mais perfeita do pensamento.”
“ Eu quero amar so´ por amar.”
“ A vida e´ sempre a mesma para todos ,rede de ilusões e desenganos.O quadro e´ único , a  moldura e ´que  e´ diferente.”
“ Tão pobres somos , que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade.”

                                    

  Poesias:
                                   FANATISMO.     1923.
Minh´alma  de sonhar-te anda perdida,
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida.

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma historia tantas vezes lida!

“Tudo no mundo e´ frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca Divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: principio e fim!”


Comentário :
Sentimento avassalador e inebriante, típico dos amores devastadores...
Sentimento como culto, inserido na natureza. Sensação de eternidade, como acontece a milhares de anos com os que amam...

                              NIHIL NOVUM *   1931.Póstumo.  * Nada de novo

Na penumbra do pórtico encantado
De Bruges,noutras eras,já vivi ;
Vi os templos do Egipto com Lotti ;
Lancei flores ,na Índia, no rio sagrado.

No horizonte de bruma opalizado,
Frente ao bosforo errei ,pensando em ti;
O silencio dos claustros conheci
Pelos poentes de nácar e brocado...

Mordi as rosas brancas de ispaâ
E o gosto a cinza em todas era igual!
Sempre a charneca Bárbara e deserta

Triste a florir,numa ansiedade vâ !
Sempre da vida – o mesmo estranho mal,
E o coração, a mesma chaga aberta!

Comentário.
“Uma geração nasce, outra morre. Mas o sol sempre se levanta”. Ernest Hemingway definiu o ciclo da vida humana assim. A poetisa parece indicar que, desde a mais remota antiguidade, estamos fadados a amar, e sofrer, em um ciclo que não conhece fronteira, nação ou época.

Bibliografia:
Espanca, Florbela. Sonetos. Europa-America, Sintra,1993.
Espinosa, Baruch. Ética. os pensadores.Abril,São Paulo,1973.
Hemingway,Ernest .Fiesta Europa-America,Porto,1976.

Autor: Marco Antonio E. Da Costa 

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