segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Nem mais um minuto.

 .Não posso ficar nem mais um minuto com voce.,Adoniram.

Sinto muito,meu poeta,mas não pode ser.

Sei que você ainda vai tomar mais dois conhaques,vai pedir mais três cervejas ,vai conversar com umas duas putas,vai dar alo para uns vagabundos.Meu tempo esta se esgotando.Sabe la o que e´morar em jaçana?Claro que você sabe .Você sempre soube o que e´morar no Brás,no Bexiga,na Barra Funda,na desgraça,na merda,na mais-valia,na vila santa cecília ,na miséria,na maravilha.

Esta ouvindo ?Não,não e´"saudosa maloca".E´o trem .Se eu perder esse trem ,que sai agora ,as 11 horas,sabe o que acontece? So´amanhã de manhã.Não,não posso. Ja disse ,não posso.Nem mais um minuto.Sabe o que acontece num minuto? As ruas,tão gentis ,vão crescer,vão ficar brabas,vai ferver de automóveis. vai ter relógio-ponto.vai ter greve.vai ter partido comunista.vai ser o diabo. Você nem imagina.Nem você,meu poeta,que imagina tanto.Imagina uma merda .Você não imagina picolissima nenhuma.Tudo o que você canta aconteceu ou acontecera.Conheço seu truque ,essa mania de olhar la dentro do coração coletivo do ser geral,daquele que não tem nome porque e´só´um numero nas estatísticas bilionárias deste miserabilíssimo Sao Paulo,onde alguma coisa acontece no meu coração.ainda bem que não tenho problemas cardíacos,entre a ipiranga e a avenida sao joão.

Sim,cena de sangue num bar da avenida ,da vida,sim,benção,sarava,nosso poeta admirável Adoniran.

Paulo Leminski.

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