A importância de propor um "Intervalo", além, é claro, dos seus famosos paradoxos. Mas, vamos nos ater ao "Intervalo";
As concepções cosmológica e matemática do pitagorismo primitivo eram dependentes da noção de número entendido como sucessão de unidades descontínuas, discretas. Mas permanecia uma questão que comprometia a coerência da visão pitagórica e que Zenão de Eléia assinalou: a do “intervalo” que separaria as unidades. Esse intervalo só poderia ter, no mínimo, o tamanho de uma unidade (mínimo de extensão e de corpo); assim, o número das unidades de extensão “crescia” e cada coisa tendia a tornar-se infinita.
Essa aporia que Zenão formula ao pitagorismo parece sugerir que, a coerência que se buscava para as cosmogonias, desde Tales, dependia não apenas da descoberta de um processo racional de geração das coisas, como também da modificação de certas noções fundamentais, particularmente a de “intervalo” entre as coisas e entre as unidades que as comporiam. Isto é, estava exigindo uma reformulação da noção de espaço. Essa reformulação foi, por certo, a principal contribuição da escola atomista ao desenvolvimento do pensamento científico e filosófico.
Segundo a tradição, a escola teve início com Leucipo (de Mileto ou de Eléia), mas conheceu a plena aplicação de seus postulados com Demócrito de Abdera. Mais tarde, as teses atomistas irão ressurgir com Epicuro e Lucrécio, no período helenístico da cultura grega. Quase nada se sabe sobre a vida de Leucipo: alguns autores chegaram mesmo a pôr em dúvida sua existência. Todavia, uma tradição que remonta a Aristóteles atribui a esse contemporâneo de Empédocles e Anaxágoras (meados do século V a.C) a criação da teoria atomista.
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