segunda-feira, 31 de maio de 2021

Poesias III.

 .O Ritmo Sincopado.   a Tarsila.

ARRAIADA.

Manhãzinha

A italiana vem na praia do ribeirão.

Mastiga a boca sem lavar

Que tem um visgo de banana e cafe´.

Respira

Afinal se espreguiça 

Erguendo pros anjos o colo criador.  Mario de Andrade.\Modernismo.


O engenheiro.

A luz,o sol,o ar livre

envolvem o sonho do engenheiro.

O engenheiro sonha coisas claras:

superfícies,tênis,um copo de água.


O lápis,o esquadro,o papel;

o desenho,o projeto,o numero:

o engenheiro pensa o mundo justo ,

mundo que nenhum véu encobre.


Em certas tardes nos subíamos

ao edifício. A cidade diária,

como um jornal que todos liam,

ganhava um pulmão de cimento e vidro.


A água ,o vento,a claridade

de um lado o rio,no alto as nuvens,

situavam na natureza o edifício

crescendo de suas forças simples.   João Cabral de melo neto.\Modernismo.


Noticias.

Entre mim e os mortos ha o mar

e os telegramas.

Ha´anos que nenhum navio parte

nem chega.Mas sempre os telegramas 

frios,duros,sem conforto.


Na praia,e sem poder sair.

Volto,os telegramas veem comigo.

Não se calam,a casa e´pequena

para um homem e tantas noticias.


Vejo-te no escuro ,cidade enigmatica.

Chamas com urgencia,estou paralisado.

De ti para mim,apelos,

de mim para ti,silencio.Mas no escuro nos visitamos.


Escuto vocês todos,irmãos sombrios.

No pão,no couro,na superfície

macia das coisas sem raiva,

sinto vozes amigas,recados

furtivos,mensagens em código


Os telegramas vieram ao vento.

Quanto sertão ,quanta renuncia atravessaram!

Todo homem sozinho deveria fazer uma canoa

e remar para onde os telegramas estão chamando.    Drummond.\Modernismo.





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