É nanotecnologia, embora sem o conhecimento dos Romanos.
Este é o Cálice de Licurgo:
É uma fina obra de arte Romana na qual um cálice de vidro foi envolto por uma armação de metal. O que ocorre é que, dependendo da luz que ilumina o cálice, ele pode parecer ser vermelho (quando a luz está por trás) ou esverdeado (quando a luz está na frente).
Essas propriedades ópticas incomuns se devem à presença de pequenas quantidades de nanopartículas de ouro, prata e cobre dispersas na matriz de vidro - parecido com uma solução coloidal, ou seja, nanopartículas suspensas em água ou outro fluído. Uma nanopartícula é um objeto tridimensional cujo diâmetro varia entre 1 e 100 nanômetros (1nm = 10¯⁹m ou 0,000000001m). Basicamente, uma "bola" extremamente pequena.
A natureza se comporta de forma diferente em escala nanométrica do que em seu estado macroscópico: no caso de tais nanopartículas embutidas no vidro, a cor vermelha se deve à absorção da luz azul (comprimentos de onda de cerca de 520nm) pelas nanopartículas de ouro. Como o vermelho é a cor complementar do azul, o que vemos é o vermelho. Já a cor verde acredita-se que seja pela dispersão da luz pelas nanopartículas de prata, cujo diâmetro é de cerca de 40nm. Este fenômeno foi explicado por volta do fim do século XX, quando um time de cientistas conduziu um experimento AFM (Atomic Force Microscopy - Microscopia de Força Atômica) em uma amostra desse cálice e descobriu as suas nanopartículas embutidas.
Quando a luz incide sobre um conjunto de nanopartículas (como ouro ou prata), se o comprimento de onda da luz for comparável ao tamanho da partícula, uma oscilação coletiva dos elétrons livres no metal (estritamente, os elétrons na banda de condução) ocorre e isso, por sua vez, provoca a absorção da luz.
Este fenômeno óptico é denominado como ressonância de plasmon de superfície, e a absorção de luz que ocorre mostra um máximo na freqüência de ressonância do plasmon. No caso das nanopartículas de ouro, o interessante é que o máximo muda conforme o tamanho das nanopartículas muda na escala nanométrica, alterando assim a absorção de luz de 520 nm para cerca de 600 nm. Isso significa uma mudança na cor do colóide resultante em que as nanopartículas estão e, quando combinado aos fenômenos semelhantes causados pelas nanopartículas de prata e cobre, causam as mudanças de cor do Cálice de Licurgo.
O que é mais impressionante é o fato de que o fabricante do Cálice de Licurgo não sabia nada sobre nanopartículas, ressonância de plasmon de superfície e tamanho de partícula.
Seres humanos são criaturas surpreendentes.
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