sábado, 2 de janeiro de 2021

Ricardo III.

 

Quais são os maiores podres já descobertos de um monarca?

Talvez o episódio dos príncipes na torre, uma história bem conhecida na Inglaterra.

The Two Princes Edward and Richard in the Tower, 1483 de Sir John Everett Millais

Dois filhos de Eduardo IV, um dos quais era o príncipe herdeiro, sumiram de repente em 1483. Quase 200 anos depois, dois esqueletos de criança foram encontrados na Torre de Londres. Acredita-se que sejam os príncipes desaparecidos e que provavelmente foram assassinados por seu tio, o Duque de Gloucester, que era responsável por proteger os meninos e exercia a regência porque o herdeiro ainda era menor de idade. O duque depois foi coroado Ricardo III (aquele do “meu reino por um cavalo”).

Ricardo III

A história do reino-por-um-cavalo foi inventada por Shakespeare mais de 100 anos depois para avacalhar a memória do rei, que ainda em vida se tornou bastante malquisto. Mesmo antes de ser coroado, muita gente desconfiava que ele tinha “despachado” os sobrinhos para usurpar o trono.

Ricardo III acabou sendo morto em uma guerra civil na Batalha de Bosworth Field (1485), que marca o fim da Idade Média na Grã Bretanha. Foi o último rei inglês a ser morto em combate. Ele foi enterrado no local em uma cova rasa e os restos mortais só foram encontrados em 2012, quando descobriram que ele sofreu uma “neurocirurgia rústica” realizada com um machado. O esqueleto também apresentava várias lesões pós-mortem, pois na época era comum tripudiar sobre o cadáver do inimigo morto.

Deu ruim pro Ricardo III

Ricardo III foi enterrado na Catedral de Leicester em 2015, e os esqueletos dos sobrinhos em uma urna na Catedral de Westminster em 1678.

Urna funerária dos príncipes da torre

A inscrição em Latim diz:

Aqui jazem as relíquias de Eduardo V, Rei da Inglaterra, e Ricardo, Duque de York. Esses dois irmãos foram presos na Torre de Londres, onde foram sufocados com travesseiros e enterrados de maneira vil e solerte por ordem de seu pérfido tio Ricardo, o Usurpador. Depois de longa e ansiosa procura, os ossos dos meninos foram encontrados 191 anos depois no 17º dia de julho de 1674 em meio a detritos embaixo de uma escadaria que leva à Capela da Torre Branca. Provas incontestes atestam que foram enterrados a grande profundidade naquele local.

Carlos II, um príncipe dos mais compassivos, foi tomado de pena pelo destino trágico desses príncipes infelizes e ordenou que fossem sepultados entre os monumentos aos seus antecessores no ano de 1678, trigésimo ano de seu reinado.














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