Conto é um dos gêneros mais comuns da tradição literária, tendo grandes nomes de contistas que marcaram essa tradição, como Machado de Assis e Mário de Andrade.
Apresenta, em geral, as seguintes características:
• Narrativa curta;
• Presença de um narrador (aquele que conta a história, o acontecimento);
• Possui personagens;
• Marcação de tempo específico (marcação do tempo dentro da história; pode ser cronológico ou psicológico);
• Espaço (local onde a história se desenvolve);
• Enredo: é o desenvolvimento da história, através da apresentação das personagens, das cenas e dos conflitos do texto. É o enredo que dá sentido ao texto através da sua estrutura (introdução, em que são apresentadas as personagens, o lugar e o tempo da história; desenvolvimento, que foca em contar a história e envolver as personagens;
clímax, que é o momento mais importante da história; e o desfecho, que corresponde ao fim da história e o momento em que se resolvem [ou não] os conflitos ocorridos.).
• Discurso: Pode ser direto (a personagem fala) ou indireto (o narrador interfere na fala da personagem).
• Estrutura: o conto é considerado um texto de narrativa curta, possuindo apenas um conflito, tendo então um clímax, que se trata do momento de maior tensão da história.
• Elementos: a estrutura desse gênero é baseada em alguns elementos típicos da tipologia narrativa. Ele deve ter:
a) Personagens: seres que sofrem e executam ações durante o enredo;
b) Narrador: aquele que conta a história, podendo ser em 1ª pessoa (narrador personagem, que também faz parte do enredo), narrador observador (não participa da história, e os verbos no texto costumam estar na 3ª pessoa do discurso) ou narrador onisciente (não participa da história, porém conhece o presente, o passado e os pensamentos das personagens);
c) Tempo: pode ser entendido pelo tempo como a época em que acontece a história, ou o tempo de duração da narrativa;
d) Espaço: de forma geral, seria como um cenário, no qual as personagens executam/sofrem as ações do enredo;
e) Enredo: é o que traz movimento para o texto, por se tratar da sequência de ações que compõe a história;
f) Conflito: seria a “situação-problema” da narrativa; por se tratar de um gênero textual curto, o conto apresenta apenas um conflito (conforme já dito anteriormente).
Existem dois tipos de conto: o conto fantástico e o conto de fadas. O primeiro faz referência a um conto em que o enredo apresenta situações impossíveis de serem explicadas e até mesmo de acontecer, tendo sempre um tom “sobrenatural”.
Exemplo:
Mas aquele seria um dos poucos desfechos que não me interessavam. Ficar jogado em um buraco, no meio de pedras e ervas, tornava-se para mim uma ideia insuportável. E ainda: o meu corpo poderia, ao rolar pelo barranco abaixo, ficar escondido entre vegetação, terra e pedregulhos. Se tal acontecesse, jamais seria descoberto no seu improvisado túmulo e o meu nome não ocuparia as manchetes dos jornais. Não, eles não podiam roubar-me nem que fosse um pequeno necrológio no principal matutino da cidade. Precisava agir rápido e decidido:
— Alto lá! Também quero ser ouvido.
Murilo Rubião
Já o segundo, mais conhecido por todos, trata de um tipo de conto que possui personagens folclóricos e imaginários, e em geral apresenta um fundo moral, trazendo sempre um ensinamento fundamentado em valores éticos morais.
A Rosa e o Sapo
Existia uma rosa vermelha e que todo mundo dizia que não havia flor mais bonita no jardim. A rosa se emocionava quando a elogiavam. No entanto, ela queria que a vissem mais de perto; não entendia por que todos a observavam à distância.
Um dia ela percebeu que a seus pés sempre estava um enorme sapo escuro. Ele não tinha nada de bonito, com sua cor opaca e suas manchas feias. Além disso, seus olhos eram bem esbugalhados, assustando a todos. A rosa entendeu que as pessoas não se aproximavam por causa desse animal.
Imediatamente, ela ordenou que o sapo fosse embora. Ele não percebia que dava a ela uma imagem negativa? O sapo, muito humilde e obediente, aceitou prontamente. Ele não queria incomodá-la e então foi embora.
Alguns dias depois, a rosa começou a se deteriorar. Suas folhas e pétalas começaram a cair. Ninguém queria mais olhar para ela.
Perto dela passava um lagarto que a viu chorando. Ele perguntou o que estava errado e ela respondeu que as formigas a estavam matando. Então o lagarto disse o que a rosa já sabia: “Era o sapo que comia as formigas e mantinha a sua beleza “.
Resumindo, ao analisar os contos de Machado notamos todas essas características. entretanto o que os torna únicos não é simplesmente essa receita de bolo.
Se trata de criatividade, inspiração, domínio da norma culta da língua portuguesa e muita experiência de vida.
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