Acreditem ou não, um filósofo que explicava de forma cristalina, objetiva e absurdamente acessível suas complicadas ideias era Michel Foucault.
E isso quem diz não sou eu, mas o filósofo estadunidense John Searle, que ao encontrar Foucault nos EUA elogiou a forma cristalina como ele conseguia se comunicar com todas as pessoas, explicando os pormenores de seus complicados conceitos até para calouros.
Mas algo intrigava Searle…
É que Foucault falava de forma fácil de entender. Mas ao escrever, complicava desnecessariamente o texto. Ao comentar isso, Foucault responde que se não escrever assim, "difícil", ninguém na França compraria seus livros. Lá textos claros são considerados rasos. E no Brasil muito da Academia imita mesmo os modos intelectuais franceses (Alguém ouviu "USP"?).
Foucault até comenta que autores como Derrida praticam o "terrorismo obscurantista[1]", que consiste em escrever de forma tão confusa que se tornam imunes a críticas.
Afinal, se você se queixar que o texto é confuso, tendo má redação, o filósofo sempre pode rebater com "Você é que é burro, mesmo".
Por isso sempre, sempre, SEMPRE desconfie de autores contemporâneos que escrevem de maneira complicadíssima, enigmática. Quase todos são farsantes mesmo, ou não muito geniais.
Em todo caso, se você quer um autor de divulgação filosófica deste século que escreve de forma muito acessível, recomendo o inglês Alain de Botton. O livro "História da Filosofia Ocidental" do gênio Betrand Russell também é uma boa pedida.
Outro filósofo mesmo que escreve fácil de entender é Montaigne. Seus ensaios são leves e divertidos. Mais recentemente, tem o Husserl, que fala de assuntos complicadíssimos, mas com uma clareza invejável (A bem da verdade porque foi editado por alunos que deixaram os textos mais tranquilos).
Notas de rodapé
Nenhum comentário:
Postar um comentário