Histórias sobre semideuses, gigantes e um dilúvio catastrófico são encontradas em antigas mitologias no mundo todo. Por exemplo, A Epopéia de Gilgamesh acadiana menciona um dilúvio, um navio e sobreviventes. O próprio Gilgamesh foi descrito como imoral e violento, um semideus ou, parte homem, parte deus. A mitologia asteca fala sobre um mundo antigo habitado por gigantes e sobre um grande dilúvio. Uma lenda nórdica descreve uma raça de gigantes e um sábio chamado Bergelmir que construiu um grande barco e salvou a si mesmo e sua esposa. O testemunho conjunto de todas as lendas dessa natureza confirma o testemunho da Bíblia de que todos os humanos descendem dos sobreviventes de um Dilúvio que destruiu um antigo mundo perverso.
Veja mais detalhes abaixo.
Quando ocorreu o Dilúvio?
A Bíblia fornece informações cronológicas que permitem um cálculo cuidadoso, remontando ao começo da história humana. Em Gênesis 5:1-29, encontramos a linhagem genealógica desde a criação do primeiro homem, Adão, até o nascimento de Noé. O Dilúvio começou “no seiscentésimo ano da vida de Noé”. — Gênesis 7:11.
Para sabermos quando ocorreu o Dilúvio, temos de começar com uma data fundamental. Quer dizer, temos de começar com uma data aceita na história secular e que corresponda a um evento específico registrado na Bíblia. A partir de tal data, podemos fazer cálculos e atribuir ao Dilúvio uma data baseada no calendário gregoriano, agora em uso.
Uma data fundamental é 539 AEC, ano em que o rei persa Ciro derrubou Babilônia. Fontes seculares para a época do seu reinado incluem tabuinhas babilônicas e documentos de Diodoro, Africano, Eusébio e Ptolomeu. Por causa dum decreto emitido por Ciro, um grupo dos judeus restantes partiu de Babilônia e chegou à sua terra de origem em 537 AEC. Isso marcou o fim dos 70 anos da desolação de Judá que, segundo o registro bíblico, começou em 607 AEC. Levando em conta o período dos juízes e dos reinados dos reis de Israel, podemos determinar que o Êxodo dos israelitas do Egito aconteceu em 1513 AEC. A cronologia baseada na Bíblia nos ajuda a recuar mais 430 anos até o estabelecimento do pacto com Abraão, em 1943 AEC. A seguir, temos de levar em conta os nascimentos e a duração das vidas de Tera, Naor, Serugue, Reú, Pelegue, Éber, Selá, bem como de Arpaxade, que nasceu “dois anos após o dilúvio”. (Gênesis 11:10-32) Podemos assim determinar a data do começo do Dilúvio como sendo 2370 AEC.*
O começo do Dilúvio
Antes de examinarmos os acontecimentos dos dias de Noé, talvez queira ler Gênesis 7:11-8:4, do capítulo 7, versículo 11, até o capítulo 8, versículo 4. Referente à chuva forte, somos informados: “No seiscentésimo ano da vida de Noé [2370 AEC], no segundo mês, no dia dezessete do mês, neste dia romperam-se todos os mananciais da vasta água de profundeza e abriram-se as comportas dos céus.” — Gênesis 7:11.
Noé dividia cada ano em 12 meses de 30 dias. Na antiguidade, o primeiro mês começava por volta dos meados do nosso mês de setembro. As águas do Dilúvio começaram a cair “no segundo mês, no dia dezessete do mês”, e continuaram a cair por 40 dias e 40 noites durante os meses de novembro e dezembro de 2370 AEC.
O Dilúvio e o Deus-Homem Gilgamés
Em que se baseia o que sabemos a respeito da Epopéia de Gilgamés?
Recuando possivelmente uns 4.000 anos na história (uns 2000 anos antes de cristo), encontramos o famoso mito acadiano chamado de Epopéia de Gilgamés. O que sabemos dele se baseia principalmente num texto cuneiforme originário da biblioteca de Assurbanipal, que reinou de 668-627 AEC, na antiga Nínive.
Quem era Gilgamés, e por que não era benquisto? (Veja Gênesis 6:1, 2.)
Trata-se de uma história das proezas de Gilgamés, descrito como sendo dois terços deus e um terço homem, ou, um semideus. Uma das versões da epopéia diz: “Em Uruque ele construiu muralhas, uma grande fortificação, e o templo do abençoado Eana para o deus do firmamento, Anu, e para Istar, a deusa do amor . . . , nossa senhora do amor e da guerra.” Contudo, Gilgamés não era uma figura exatamente agradável com quem conviver. Os habitantes de Uruque se queixaram aos deuses: “A sua lascívia não poupa nenhuma virgem para seu amado, nem a filha do guerreiro e tampouco a esposa do nobre.”
Que medida tomaram os deuses atendendo ao protesto das pessoas? A deusa Aruru criou Enquidu para ser o humano rival de Gilgamés. Contudo, em vez de serem inimigos, eles se tornaram amigos íntimos. No decorrer da epopéia, Enquidu morre. Abalado, Gilgamés brada: “Quando eu morrer, não serei como Enquidu? A aflição invadiu meu ventre. Temendo a morte, perambulo pela estepe.” Ele queria conhecer o segredo da imortalidade e pôs-se a procurar Utnapichtim, o sobrevivente do dilúvio a quem se dera imortalidade junto aos deuses.
Gilgamés por fim encontra Utnapichtim, que lhe conta a história do dilúvio. Conforme se encontra na Epopéia, tabuinha XI, conhecida como Tabuinha do Dilúvio, Utnapichtim narra as instruções que recebera concernentes ao dilúvio: “Derruba (esta) casa, constrói um navio! Desiste de teus bens, busca [salvar] a tua vida. . . . A bordo do navio leva a semente de todas as coisas vivas.” Não soa isso um tanto similar à referência bíblica a Noé e ao Dilúvio? Mas, Utnapichtim não consegue conceder imortalidade a Gilgamés. Este, desapontado, volta para casa, em Uruque. O relato termina com a sua morte. A mensagem geral da epopéia é a tristeza e a frustração diante da morte e do além. Aqueles povos antigos não encontraram o Deus da verdade e da esperança. Contudo, a ligação dessa epopéia com o relato simples da Bíblia a respeito da era pré-diluviana é bem evidente.
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