quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Incivilizada.

 

Por que as batalhas nas guerras napoleônicas eram muito mais civilizadas que as batalhas da Primeira Guerra Mundial, cem anos depois?

Imagine-se empurrando uma baioneta de 15 polegadas através da lã da túnica de um francês e sentindo a ponta perfurar a pele, roçar as costelas, até a lâmina não conseguir entrar mais. O fedor de alho e vinho tinto azedo saindo de seu oponente, enquanto ele grita - o fedor da sua merda quando suas entranhas se soltam. Ao seu redor, os homens estão gritando, urrando, xingando e morrendo. O cheiro forte e acobreado de sangue, o odor desagradável de mijo e acima de tudo, o salgado e ácido da pólvora.

Enquanto você, e os que estão à sua volta, atacam os feridos e moribundos de seu inimigo, a artilharia francesa se prepara pra atirar. Em algum lugar à sua frente, escondido pela gaze de fumaça, você ouve um chamado agudo de 'Tirez' e 30 canhões latindo em um staccato ondulante, um flash laranja brilhante ilumina a fumaça ao seu redor e estrelinhas brancas de chumbo chegam riscando o ar, perfurando buracos nos corpos de seus amigos e camaradas. Membros são arrancados, cabeças explodem, e ao seu redor o ataque pára, sob o repentino contra-ataque. E, em sua mente, você sabe que os atiradores levarão cerca de 15 segundos para estarem prontos para atirar novamente.

Nunca houve nada civilizado sobre a guerra. Nem na Suméria antiga, nem em Roma, nem na China, nem pelos astecas, franceses em Agincourt ou pelos casacas vermelhas em Bunker Hill. É um negócio sombrio e sujo entrar em um campo com o trabalho de matar os homens do outro lado, ou morrer, se eles forem bem liderados, bem equipados, bem treinados ou simplesmente mais sortudos.

Havia algo de muito sombrio na Primeira Guerra Mundial, e isso tinha muito a ver com industrialização. A produção em massa das ferramentas de guerra levou a um massacre em números impossíveis nos anos anteriores. Mas para o indivíduo, a guerra sempre foi uma experiência aterradora, sangrenta e claramente incivilizada.

Civilidade no auge!

Foto de perfil de Marco Antonio Costa



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