Mitologia Grega
CAPÍTULO 1 - DIVINDADES PRIMORDIAIS
Conto 4
Eurínome e Ofião engendram o mundo
“Outros poetas dizem ainda que no imenso Caos vivia, solitária e poderosa, a bela deusa Eurínome. Ela gostava muito de dançar, mas, como não encontrasse nada sólido onde pudesse apoiar os pés, separou o mar do céu.
E começou a saltar, feliz, sobre as ondas que criara. Foi dançando sempre em direção sul, agitando com violência as ágeis pernas, quando de repente, surgiu, do lado norte do mundo, um vento muito forte. Achando agradável o ar fresco que lhe proporcionara o vento, a deusa decidiu começar com ele a obra da criação.
Apanhou seu fluido companheiro e, com as mãos aflitas, esfregou-o incansavelmente até que ele se tornasse sólido. O vento transformou-se numa serpente de nome Ofião, que se estendeu, prostrada, aos pés de sua criadora.
Como fazia frio, a bela deusa voltou a dançar (agora com redobrada violência) para aquecer-se. A serpente apaixonou-se por aquele corpo enérgico e esguio, cujas formas tremulavam a sua frente. E uniu-se a Eurínome, fazendo a deusa gerar todas as coisas que existem.
Para nascerem seus filhos, Eurínome teve de mudar-se em pomba, e sentar nas ondas do mar. Quando chegou o momento, a pomba pôs um ovo que continha a natureza. Depois, Ofião enrolou-se sete vezes ao redor do ovo, para chocá-lo. Quando a casca quebrou, saíram o Sol, a Lua, os Planetas, os Astros, a Terra (com suas montanhas e rios), as árvores, as plantas, os animais e os homens.
Orgulhosos e cansados diante de tudo o que criaram, Ofião e Eurínome instalaram-se no Olimpo. Mas Ofião logo começou a brigar com sua criadora. Queria ser a única rainha, uma vez que de seu sêmen tudo surgira. Eurínome irritou-se e espancou Ofião. Quebrou-lhe os dentes e obrigou-a a encerrar-se nas escuras profundezas da Terra.
Soberana absoluta, Eurínome continuou sua obra. Em cada planeta, colocou dois Titãs, para procriarem as espécies. Téia e Hipérion tornaram-se senhores do Sol. Febe e Atlas, senhores da Lua. Dione e Crios, Métis e Voios, Têmis e Eurimedonte, Téthis e Oceano, Réia e Cronos reinavam em outros planetas.
Cronos devorava os próprios filhos, para que não lhe tomassem o poder. Apenas Zeus escapou à fúria do pai; destronou-o e instalou na Terra o reino dos Olímpicos.
Assim contam os pelasgos, antigos habitantes da Grécia, a estória da criação.”
"Eurynome Cria o Cosmos," Elisie Russell
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