Mitologia Grega
INTRODUÇÃO
MITO: Verdade e Fantasia
Os Deuses nas Artes
Nos poemas homéricos, o conceito de beleza vincula-se ao resplandecente, ao brilhante, ao vivo, ao claro, ao branco, ao dourado, ao vermelho, ao rosado.
Há a beleza do que é elevado: das nuvens, do céu, das montanhas, das águas enfurecidas do mar e, no plano espiritual, do altivo, do digno, do nobre. Há a beleza do numeroso, do grande, do largo, do profundo. Há a beleza do juvenil, do delicado, do florescente, do gracioso, e, por contraste, do forte, do inquietante, do inexorável.
A civilização dos tempos de Homero ama a beleza plástica dos palácios, das armas e dos barcos, e coloca em evidência a beleza do canto, dança, da música-prelúdio do grande teatro grego dos séculos sucessivos. É uma civilização notoriamente amante das artes, da Ciência, da Filosofia
Tudo se liga às manifestações do mundo que está ao redor, de onde chegam ao homem os efeitos das forças que nele operam.
É fácil ver que o conceito de beleza está envolvido de mistério, tanto quanto a luz, as cores, as dimensões das coisas. A beleza é tão divina quanto os deuses, e por isso é representada por muitos deles, sob todos os seus diferentes aspectos. 'Tão fascinante', se dirá, 'como o nascimento de Vênus da espuma do mar; tão atraente como a Aurora que é perseguida pelo Dia, da mesma maneira que Apolo persegue Dafne; tão terrível como Júpiter quando lança seus raios; tão delicada como Ártemis quando anda pelas relvas sob o luar; tão fecunda como Deméter, a deusa da agricultura ...'
Se, pois, o mito foi o esforço do homem para captar a natureza e chegou, assim, a criar os deuses, a beleza, para os gregos, é mítica síntese da harmonia, da medida, da ordem dessa mesma natureza, que os deuses - mais fortes e imortais - possuem em graus e condições diferentes.
Aos homens resta imitar a natural para alcançar o belo. Um poeta que canta é inspirado por Apolo e as Musas, porque, 'graças às Musas e Apolo há na terra cantores, músicos e poetas', diz Homero na Ilíada.
O povo helênico enxerga beleza até mesmo em seus mais terríveis oráculos, pois os deuses estão dando-lhe a primazia de suas atenções, nas temíveis relações amorosas entre deuses e mortais, pois é sabido que dessas uniões procriarão seres destinados à tragédias, às aventuras sem fim, mas também às glórias divinas, como Aquiles, Orfeu, Héracles e Perseu.
A vida fundi-se no mito e na natureza, e flui.
O conceito de arte, para os gregos, enfeixou-se na imitação da natureza e permaneceu assim; ainda quanto o mito e os deuses passaram a ser objetos de análises filosóficas, nem sempre devotas, como as dos sofistas (século V a. c.),ou matéria de trama trágico ou cômico, nem sempre reverente, como as tragédias de Eurípedes (485? – 406 a. c.) e as comédias de Aristófanes (448? – 388 a. c.).
Platão (427? – 347 a. c.) e Aristóteles (384? – 322 a. c.), os maiores filósofos gregos, apesar de cada um ter dado uma matiz diferente ao sentido do texto, insistem em que a arte é mímesis – imitação. E por muitos séculos este conceito norteou princípios estéticos e técnicas artísticas.
As primeiras obras que conhecemos da grande escultura grega (séculos IX-VIII a. c.), são estátuas representando deuses com as atribuições quer o mito lhe conferia. O mesmo acontece com as primeiras construções arquitetônicas, que parecem ter sido as dos templos.
Vasos ornamentais e de utilidade cotidiana, feitos de argila cozida, estão embelezados por cenas mitológicas. Utensílios domésticos e objetos de uso pessoal (armas, vestes, enfeites de mulheres e crianças) estão decorados da mesma forma.
A literatura grega alimenta-se quase exclusivamente de mitos. E sem o mito não haveria o grandioso teatro de Ésquilo (525? – 456 a. c.), Sófocles (496? – 406 a. c.), Eurípedes, Aristófanes e Menandro (342 – 293 a. c.).
Infelizmente não é conhecida a música dos gregos, a não ser por referências indiretas. No entanto, um dos maiores mitos, o de Orfeu, está centralizado justamente nesta arte, que poetas, filósofos e escritores concordam em julgar a mais divina de todas. Orfeu seria o inventor do canto e de vários instrumentos musicais com que atraía não apenas os homens, mas até animais e árvores.
As expressões mais potencializadas das Artes helênicas estão representadas com muitos louvores a artistas como Fídias, Praxíteles, Policleto, dentre outros na escultura, Apeles, Apoloro, Zêuxis, dentre outros na pintura, Hesíodo e Homero dentre outros na poesia, e mais milhares de outros em uma civilização que prezava pelas Artes.
Do imenso patrimônio artístico e cultural dos gregos, nada, talvez, existira sem a presença fecundante do mito. Talvez o acervo da civilização ocidental seria bastante menos rico e expressivo, pois é dos gregos que ela tirou seus fundamentos e o néctar que ela faz, continuamente, rejuvenescer.
Penetrar, portanto, na mitologia grega, é remontar as origens de nossa vida intelectual, quer se expresse na arte, quer se reflita no pensamento filosófico, quer se sublima na admiração do belo, ou através do trágico, do cômico, do lírico e do romanesco.
Ou, ainda, quando procuramos perguntar de novo: de onde viemos? Para onde vamos? Quem somos? A resposta talvez fosse: ainda estamos diante de um Caos, que espera organização definitiva, como disseram os helenos, 3500 anos a. c.
Atena coroada pela Vitória
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