.Por Bachelard e´possível fazer um roteiro de leitura do autor.Descobrir uma sintaxe da imaginação do poeta.Essa arquitetura e´norteada pelas recorrências temáticas,imagens fundamentais e relações subterrâneas.As imagens poéticas vem do devaneio,a poesia como sistema da força criadora.Os devaneios partem do concreto-4 matérias fundamentais,oriundas dos pre-socráticos.A classificação por elementos materiais estabelecemos fortes relações de parentesco entre espíritos poéticos.As composições imaginarias só reúnem dois elementos...Em joão cabral de melo neto ha uma coesão de imaginação,ligada ao sistema imagético da terra.Terra e água,imagens do concreto,metamorfoses e combinações. Bachelard localiza 2 reações que a matéria suscita na Psique ,Vontade de penetrar no interior;curiosidade agressiva.O homem e´o único ser que tem vontade de olhar no interior de um outro. E também,ordem de reações que a matéria traz,cristalizado em torno de imagens de casa e mulher,retorno a mãe.(uma alquimia da pedra).
.De onde quem sabe,o cigano das covas
dormir na entranha da terra,enfiado:
dentro dela,e nela de corpo inteiro;
dentro mais de ventre que de abraço.
Contudo,dorme na terra uterinamente,
dormir de feto,não dormir de fato;
escavando a cova sempre ,para dormir
mais longe da porta,sexo inevitável.
.No cimento de Brasilia se resguarda
maneiras de casa antiga de fazenda,
de copiar,de casa-grande de engenho,
enfim,nas casaronas de alma fêmea.
Com os palácios daqui\casas-grandes
por isso a presença dela assim combina:
dela,que guarda o jeito feminino
e o envolvimento do alpendre de Minas.(Uma mineira em Brasilia)
.Essa lamina adversa,
como o relógio ou a bala,
se torna mais alerta
todo aquele que a guarda.(Faca só lamina)
.O canto da Andaluzia
e´agudo como seta
no instante de disparar
ainda mais aguda a reta.(Dialogo).
.Devaneio sexual-
Se abre no chão e te envolve
como mulher com quem se dorme.(Morte e vida Severina).
.E de outros sempre onde da terra incasta
de Andaluzia,terra sem menopausa
que fácil deita e deixa ,nunca enviúva,
e que de ser fêmea nenhum forno cura. (Baixa Andaluzia).
.Lama-
Os acontecimentos de água
poem-se a repetir
na memoria. (Poema e Água.)
.Em silencio se da
em capas de terra negra
em botinas ou luvas de terra negra
para o pé´ou a mão
que mergulha. (Cão sem plumas).
.Devaneio vicioso-
Poesia,te escrevo
agora,fezes,
as fezes vivas que es
Sei que outras
palavras es,palavras
impossíveis de poema.
.E´mais pratico enterrar-se
em covas feitas no chão:
ao sol daqui,mais que covas,
são fornos de cremação. (Cemitério Pernambucano)
.Atração pelo seco.
Eis uns poucos exemplos
de ser a palo seco
dos quais se retirar
higiene ou conselho,
não o de aceitar o seco
por resignadamente,
mas de empregar o seco
porque e´mais contundente.
M.
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