domingo, 23 de agosto de 2020

ÀGUA.

 .Carlos Vogt. 4\2\1943.SP.

.ÁGUA.

Por e suas mãos ,no gesto,o copo agora ali sobre a cristaleira

guarda outros copos ,porem vazios da contida água do primeiro copo;

nele deposita com o desejo de bebe-la a sede

senão de vinho,da vinha torrencial de continentes líquidos,

não os amarrados em forma de transparente solidão,

só´aqueles solitários na opaca transparência de muros sem razão.

Água ausente ,distante,mas inequívoca água

como bois rumina o tempo de estar ali parada

a espera que a mão,o movimento,a boca

deformem o conteúdo de sua estagnada e pronta chuva.

Água mais memoria de ter sido água

água-boi,água-quase,quase-queda,queda d´água

sem rochedos,pedras,precipícios,

água,talvez dissesse ali encerrada como em pasto estreito,

ou melhor pensada no instantâneo de um principio:

parte de alguma totalidade fluida cuja compreensão compreende a suposição do porte;

totalidade embora,mesmo que em si mesmo desconstruída em partes,

não leva já a parte alguma.

Água como diria,condenada ao copo e destinada ao corpo,

água vista agora na transparência quita da fusão de materiais estranhos,

água,sendo copo,conforma o copo do que não e´mais água

e tem do boi o mesmo olhar de gelatina e opaco brilho;

água com sede do outro quer ser água e não recusa continuar ser vidro,

água imóvel como cristais correntes

copos vazios cheios de ilusões aquáticas

água,pois.ali parada ,água-palavra a endurecer no copo,

copo de fala amolecido e pronto a derramar-se em cursos.

M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário