A pergunta chega a ser engraçada. Para tentar responder, vamos fazer uma pequena viagem na História.
A infância e pré-adolescência de Joana foram marcadas pela Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), conjunto de batalhas travadas entre os reinos francês e inglês pela conquista da França.
O impasse político e a disputa por territórios entre os dois reinos resultou em duras batalhas e na divisão das populações. A Inglaterra não parava de conquistar novos territórios aos franceses, enquanto o governo da França não conseguia estabilidade: a coroa transitou entre Felipe VI, Carlos V, Carlos VI e Carlos VII. Ao mesmo tempo em que Carlos VII tentava se impor contra o reino inglês e o condado da Borgonha (que apoiava os rivais). D’Arc era somente uma criança. Mas isso não a impedia de vivenciar a guerra e os seus horrores.
Aos 13 anos de idade, D’Arc revelou ter ouvido vozes e ter tido visões pela primeira vez. A garota estava no jardim de seu pai e recebeu aparições do que acreditou ser o arcanjo São Miguel, a Santa Catarina de Alexandria e a Santa Margarida de Antioquia, figuras que vieram lhe dizer que ela deveria integrar o exército francês e ajudar o rei Carlos VII na luta contra a Inglaterra.
Com o tempo, estas visões foram ficando mais claros e frequentes, e D’Arc foi acreditando que se tratavam de mensagens divinas (apesar de médicos especularem hoje em dia que a garota sofria de alguma condição médica, como esquizofrenia ou epilepsia).
Aos 16 anos, D’Arc pediu a uma parente para leva-la até a cidade de Vaucouleurs, onde conversou com um responsável e representante local do rei francês, Robert de Baudricourt. Pediu-lhe a levasse até à corte real francesa, em Chinon.
Baudricourt recebeu o pedido com sarcasmo e não quis atender ao pedido da adolescente, mas isso não a deteve. D’Arc continuou, teimosamente, a visitá-lo, até que ganhou aprovação popular e, em 1429, Baudricourt aceitou o pedido, cedendo a ela um cavalo e a proteção de diversos militares que a escoltariam pelo caminho.
Ainda antes de partir para visitar o rei Carlos VII, Joana D’Arc cortou seu cabelo curto e vestiu-se como um homem. Após 11 dias de viagem, a jovem chegou até o reino francês, comparecendo, assim, perante o rei de França. E isto tudo numa altura em que a nação francesa estava à beira do abismo.
E aqui temos outros dos grandes enigmas da História:
Como Carlos VII, o líder máximo da França, aceitou receber uma adolescente analfabeta que alegava receber mensagens divinas em seu gabinete. E mais ainda: como um monarca daquela magnitude acreditaria nas palavras da menina e permitiria que ela liderasse parte de seu exército em uma guerra sangrenta.
Mas ela conseguiu convencer o grandioso rei e Carlos VII. Grandioso, sim, mas desmoralizado…
Bem, depois da conversa com o rei, Joana D’Arc – já com 17 anos – conseguiu a autorização real para integrar o exército, recebeu doações de equipamentos, artigos de proteção e alguns soldados para aliviar a tensão com os ingleses na região de Orleães, na região norte-central da França.
Ela afirmou-se -se iluminada e guiada por Deus, e assim conseguiu galvanizar a resistência aos ingleses. Liderou um exército popular que obteve uma importante vitória em Orleães, em 1429. De salientar que se esta cidade caísse na mão dos ingleses, o Reino de França muito provavelmente acabaria por ser derrotado.
E é de sublinhar que o sucesso e fama de Joana D'Arc transformaram-na rapidamente num símbolo popular, tendo contribuído decisivamente para a coroação do Delfim como rei de França, em julho desse ano…
Agora regressando à sua pergunta…
Primeiro: o que é um problema cognitivo?
Resposta encontrada: «Os problemas cognitivos incluem dificuldades em muitas áreas: Dificuldade de concentração ou atenção. Perda de memória ou dificuldade para lembrar-se das coisas. Problemas com a compreensão ou entendimento.»
Bem, a resposta é um redondo NÃO.
Ela poderia ter problemas de esquizofrenia ou outros, mas definitivamente não tinha problemas cognitivos. A moça era rija, corajosa, determinada e sabia líderar homens, ainda por cima numa época muito machista.
Edição:
Os ingleses conseguiram a capturar e acusaram-na de bruxaria, por vingança e para tentar desmoralizar os franceses. Não conseguiram enganar os franceses, e estes no fim conseguiram se mobilizar e expulsar os invasores.
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