A resposta é unívoca e certeira. Um cavalheiro, nascido nos confins do mundo conhecido, que unificou uma sociedade nômade e belicosa, e, crendo-se investido da missão divina de unir tudo o que há sob o céu, lançou-se numa guerra literalmente apocalíptica contra o resto do universo, varrendo tudo em seu caminho.
Temudjin, ou o Cã Gêngis. A guerra que ele lançou e seus descendentes continuariam ceifaria 1/3 da humanidade - 60 milhões de almas. Obliteraria tudo entre Hangzhou e Bagdá com uma eficiência brutal e alheia a qualquer senso de humanidade. Foi a coisa mais próxima de uma invasão alienígena que a civilização humana já conheceu.
As maiores cidades do planeta - Bagdá, Merv, Hangzhou, Bucara, Samarcanda - foram reduzidas a pó, com uma eficácia comparável a um ataque nuclear. Vastos domínios e firmes civilizações seriam arrasados e desgraçados a um nível irrecuperável. O Irã, o Iraque, a Ucrânia, sofreram um despovoamento tal que sete séculos seriam necessários para recuperar as cifras perdidas.
A perda científica do período é simplesmente abissal. No cerco de Bagdá, conta-se que o Rio Tigre tornou-se negro, pela tinta dos livros que lá foram atirados. Milhões de tratados, obras, estudos, teses foram irremediavelmente perdidas, numa época em que a prensa era inexistente fora da China. Centros de conhecimento que se estendiam de Damasco a Zhongdu foram reduzidos a nada. Séculos de técnicas, teorias e estudos perdidos para sempre, ocasionalmente redescobertos entre fragmentos de cópias incompletas.
Não vou nem tocar na Peste - fenômeno natural, mas introduzida na Bacia do Mediterrâneo como uma arma biológica, no Cerco de Caffa (1346), em que corpos contaminados foram atirados dentro da cidade.
Gêngis não viveu para reinar sobre 60 milhões de corpos. Seus descendentes, contudo, deram continuidade a sua obra, nas gerações seguintes - uma obra que repercutiria por séculos, e que mudou radicalmente os rumos da humanidade - e que nos custou alguns séculos de progresso humano.
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