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HEDY LAMARR, A PROTAGONISTA DA PRIMEIRA CENA DE ORGASMO FEMININO DA HISTÓRIA DO CINEMA
Conhecida por seu papel no filme 'Êxtase', a atriz ainda ajudou a desenvolver a tecnologia que, mais tarde, tornaria-se o Wi-Fi
ISABELA BARREIROS PUBLICADO EM 17/09/2021, ÀS 09H00
Muito além de contribuir para a invenção do Wi-Fi, a atriz Hedy Lamarr também fez história ao protagonizar a primeira cena de orgasmo feminino. Isso tudo em uma época na qual dividir o tempo entre o cinema e os projetos paralelos significava desafiar os regimentos de Hollywood. Tal fato, no entanto, não fez com que diversos atores e cineastas desenvolvessem outras atividades fora seus filmes em suas trajetórias.
Nascida na Áustria e com o nome de Hedwig Eva Maria Kiesler, a atriz, no início de sua carreira, performava principalmente em filmes europeus. Tanto que, aos 19 anos, transformou o cinema através da cena de orgasmo no filme 'Êxtase', de 1933. A obra cinematográfica tcheca mostrava-a, ainda, nua e correndo pela natureza.
Naquele período, casou-se com o milionário fabricante de armas Friedrich Mandl, decisão da qual se arrependeria não muito tempo depois. De origem judia, Lamarr era obrigada pelo marido a receber em sua casa fascistas e nazistas em diversas festas. Os homens ficavam debatendo o futuro da guerra, enquanto a atriz apenas ouvia e aprendia sobre os equipamentos modernos utilizados por eles.
Mais tarde, a austríaca escreveu em sua autobiografia, 'Ecstasy and Me' (Êxtase e Eu, na tradução em português), que tinha um relacionamento abusivo com Mandl. Possessivo, o homem a trancou em casa em diversas situações.
Cansada dos abusos de seu casamento, a atriz decidiu fugir para Paris, na França e depois para os Estados Unidos, após drogar seu marido e levar consigo uma mala repleta de ricas joias. Lá, recomeçaria sua vida, continuando a atuar e desenvolvendo tecnologia.
Assim, tornou-se uma das atrizes mais importantes de Hollywood da época. No entanto, queria colocar seus conhecimentos sobre o que tinha ouvido em conversas com nazistas em prática. Ela queria, assim, ajudar os Estados Unidos, de quem virou aliada, a venceram a guerra. “Ela usou seu prestígio para promover um sistema de comunicação que inventou para as Forças Armadas”, revelou Anthony John Loder, filho da atriz.
Certa noite, enquanto cantava e tocava piano com o compositor George Antheil, Lamarr percebeu que ao reproduzir as notas em outras escalas, diferentes frequências eram emitidas. Foi assim que surgiu o que viria a ser conhecido como salto de frequência.
Quando criou o salto de frequência, sistema baseado nas várias ondas de som emitidas pelas teclas do piano, Lamarr imaginou aplicá-lo nos aviões e navios de guerra dos Estados Unidos, para despistar radares nazistas. Além de ser utilizado em comunicação de guerra, a tecnologia ainda possibilitou o desenvolvimento da maioria das comunicações sem fio, como celulares, redes wireless e GPS.
No entanto, ela não ficou conhecida por sua criação. Mesmo que tivesse a autoria tivesse sido compartilhada com Antheil, o projeto não foi para frente. Caro demais, o sistema acabou engavetado e só foi redescoberto na virada do milênio.
Durante muito tempo, a atriz permaneceu decepcionada com o proceder de sua maior invenção. E ainda dava declarações polêmicas como "meu rosto foi minha ruína" e "qualquer garota pode ser glamorosa, basta ficar quietinha e parecer burra".
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