domingo, 4 de julho de 2021

Batalha de Salado.

 

O que foi a Batalha do Salado?

A Batalha do Salado foi travada a 30 de outubro de 1340, entre cristãos e mouros, junto da ribeira do Salado, na província de Cádis (sul de Espanha).Opôs os exércitos de duas alianças antagónicas que se formaram por essa altura.

De um lado, a que juntava as forças de Abu al-Hassan Ali, o rei de Marrocos e Fez, às de Yusuf, emir de Granada; do outro, a união entre as tropas de Afonso XI, rei de Castela, e as do rei de Portugal D. Afonso IV, que contava ainda com o apoio de um contingente de Aragão. Apesar da clara inferioridade numérica, as forças cristãs conseguiram obter uma vitória esmagadora, graças a uma melhor coordenação do comando e à infiltração de vários contingentes na retaguarda das hostes inimigas, que semearam o pânico e precipitaram a sua retirada. Ao final do dia, portugueses e castelhanos tinham derrotado completamente os exércitos muçulmanos e obtido um impressionante saque. Yusuf e Abu Hasan refugiaram-se em Algeciras e este último embarcou de seguida para Ceuta.

Qual a explicação para a formação dessas duas alianças?

A batalha do Salado foi o momento decisivo da Reconquista, ou seja, do avanço para sul dos reinos cristãos, durante a Idade Média. Ao longo do século XIII, a desagregação do Império Almóada no al-Andaluz conduziu à formação de pequenos reinos muçulmanos, chamados taifas, cuja fraqueza facilitou a expansão de Castela, Portugal e Aragão para sul. A certa altura, porém, emergiu em Marrocos uma nova dinastia de origem berbere, a dinastia merínida, que pregava a guerra santa contra os cristãos e a retomada da ofensiva na Península Ibérica. Aliou-se, portanto, ao rei de Granada, reconquistou Gibraltar e desbaratou a armada castelhana e aragonesa no Estreito, prenunciando uma ofensiva geral contra os reinos cristãos. Afonso XI de Castela pediu então socorro a Portugal para conter esta nova ameaça. D. Afonso IV, após algumas peripécias, acedeu ao apelo, enviou uma armada de socorro e dirigiu-se pessoalmente a Sevilha com o seu exército, onde se juntou ao rei castelhano. Tratou-se, portanto, de um confronto entre uma aliança cristã e uma aliança muçulmana que, em última análise, decidiu o destino da Península Ibérica.

Campo de batalha

Assente entre os dois monarcas o plano estratégico, não se demoraram em sair de Sevilha a caminho de Tarifa, tendo chegado oito dias depois a Pena del Ciervo avistava-se o extensíssimo arraial muçulmano. Em 29 de outubro, reunido o conselho de guerra, foi decidido que Afonso XI de Castela combateria o rei de Marrocos, e Afonso IV de Portugal enfrentaria o de Granada. Afonso XI designou D. João Manuel para a vanguarda das hostes castelhanas, onde iam também D. João Nunes de Lara e o novo mestre de Sant'Iago, irmão de Leonor de Gusmão. Com D. Afonso IV viam-se o arcebispo de Braga Gonçalo Pereira, o prior do Crato, o mestre da Ordem de Avis e muitos denotados cavaleiros.

(Guerreiros granadinos)

(Imagens de guerreiros muçulmanos, de diferentes épocas)

No campo dos cristãos e dos muçulmanos tudo se dispunha para a batalha, que devia travar-se ao amanhecer do dia seguinte. A cavalaria castelhana, atravessando o Salado, iniciou a peleja. Logo saiu, a fazer-lhe frente, o escol da cavalaria muçulmana, não conseguindo deter o ataque. Quase em seguida avançou Afonso XI, com o grosso das suas tropas, defrontando então as inumeráveis forças dos mouros. Estava travada, naquele sector, a ferocíssima luta. O rei de Castela, cuja bravura não comportava hesitações, acudia aos pontos onde o perigo era maior, carregando furiosamente sobre os bandos árabes até os pôr em debandada.

(Soldados cristãos)

Nessa altura a guarnição da praça de Tarifa, numa surtida inesperada para os mouros, caía sobre a retaguarda destes, assaltando o arraial de Abu Haçane Ali e espalhando a confusão entre os invasores. No sector onde combatiam as forças portuguesas, as dificuldades eram ainda maiores, pois os mouros de Granada, mais disciplinados, combatiam pela sua cidade, sob o comando de Iúçufe I, que via em risco o seu reino. Mas D. Afonso IV, à frente dos seus intrépidos cavaleiros, conseguiu romper a formidável barreira inimiga e espalhar a desordem, precursora do pânico e da derrota entre os mouros granadinos. E não tardou muito que, numa fuga desordenada, africanos e granadinos abandonassem a batalha, largando tudo para salvar a vida. O campo estava juncado de corpos de mouros, vítimas da espantosa mortandade.

(Cavaleiros portugueses da época)

O arraial, enorme, dos reis de Fez e de Granada, com todos os seus despojos valiosíssimos em armas e bagagens, caiu finalmente em poder dos cristãos, que ali encontraram ouro e prata em abundância, constituindo tesouros de valor incalculável.[1] Ao fazer-se a partilha destes despojos, assim como dos prisioneiros, quis Afonso XI agradecer ao sogro, pedindo-lhe que escolhesse quanto lhe agradasse, tanto em quantidade como em qualidade.

Afonso IV, porém num dos raros gestos de desinteresse que praticou em toda a sua vida, só depois de muito instado pelo genro escolheu, como recordação, uma cimitarra cravejada de pedras preciosas e, entre os prisioneiros, um sobrinho do rei Abu Haçane Ali. A 1 de novembro ao princípio da tarde, os exércitos vencedores abandonaram finalmente o campo de batalha, dirigindo-se para Sevilha onde o rei de Portugal pouco tempo se demorou, regressando logo ao seu país.

Quais foram as consequências?

A derrota dos exércitos de Granada e do rei merínida na batalha do Salado não foi um mero revés militar, mas sim um desastre definitivo. Foi a última tentativa, por parte dos reinos muçulmanos, de inverter a expansão dos cristãos para sul. Granada prosseguiu a guerra durante algum tempo até ceder, finalmente, Algeciras em 1344, o que reforçou o controlo do Estreito de Gibraltar por parte de Castela. A vitória do Salado motivou Afonso XI a enviar uma embaixada ao papa Bento XII com os despojos e o saque obtido no rescaldo da batalha. Quanto a D. Afonso IV, assinalou a vitória mandando erguer um pequeno templo, geralmente designado por Padrão de N. Sra. da Vitória, no centro de Guimarães, e que hoje está classificado como monumento nacional. Foi também devido ao seu desempenho na batalha que ficou conhecido com o cognome de “o Bravo”.»

In A batalha do Salado

Batalha do Salado – Wikipédia, a enciclopédia livre

Imagens: PINTEREST

4

Nenhum comentário:

Postar um comentário