Historiador e pensador que defendia uma alteração profunda no pensamento religioso e filosófico de Portugal e da Europa, em pleno séc. XVI. Viajante e humanista, foi um homem do Renascimento que sofreu com a Inquisição e terá sido assassinado.
Damião nasceu a 2 de fevereiro de 1502, filho do almoxarife de Alenquer Rui Dias de Góis e de D. Isabel Gomes Limi, descendente de fidalgos flamengos. Órfão de pai em 1513, foi recebido no paço de D. Manuel e aí fez a sua formação.
Aos 20 anos partiu para Antuérpia, onde desempenhou o cargo de Secretário da Feitoria portuguesa. Nos anos seguintes “serviu nas partes da Alemanha, Flandres, Barbante e Holanda em negócios de muita importância onde foi tão quisto e aceito que o tinham todos por seu natural”. Após várias missões diplomáticas, em 1533 abandonou as funções e dedicou-se ao que lhe interessava verdadeiramente: os ideais humanistas. Mudou-se para Basileia e viveu com Erasmo de Roterdão. Depois seguiu para Pádua e frequentou a Universidade durante quatro anos. Buonamici, Sadoleto, Lutero e Bembo figuravam entre os seus amigos. Publicou diversas obras humanistas e historiográficas, quase sempre em latim.
Durante a invasão francesa da Flandres, Damião de Góis foi feito prisioneiro, posteriormente libertado graças à ação de D. João III que o trouxe para Portugal. Foi nomeado guarda-mor dos arquivos reais da Torre do Tombo e foi escolhido pelo cardeal D. Henrique para escrever a crónica oficial do rei Manuel I, completada em 1567. Mas o seu trabalho, o que escrevia e o que defendia trouxeram-lhe problemas com a Inquisição e até com famílias nobres. Sem a protecção do cardeal-regente, foi preso, sujeito a processo no Santo Ofício e depois, em 1572, transferido para o Mosteiro da Batalha.
Abandonado pela família, apareceu morto, com suspeitas de assassinato, na sua casa de Alenquer, em 30 de Janeiro de 1574, sendo enterrado na igreja de Santa Maria da Várzea, da mesma vila, que mandara restaurar em 1560.
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