A JAULA.
“A astúcia e ‘a inteligência da fera. ” Voltaire.
A “maria da
penha’’ atacou de novo...Irônico foi tentar fazer um b.o. e descobrir que tinha
uma ordem de prisão contra mim. Houve audiência ,não fui intimado e o juiz
irritou-se.
Segui, sem
resistência, para a delegacia; onde a princípio, colocaram-me com presos
comuns: traficantes, agressores de mulheres e assaltantes, em um espaço fétido
que cheirava a urina. Conversa surreal... Apesar de meus protestos, quando
perceberam o erro, o delegado me convidou a sentar do lado dele, com algema, e
‘claro.
- O sr.
Devia ter dito que tinha curso superior, doutor...
-Mas, eu
disse, dr....ao seu detetive...
-Não
repare’, infelizmente, só hoje foi 30 ocorrências, Um tumulto!
-Tudo bem,
disse eu tranquilo; tomado de Calma inexplicável.
Consegui
telefonar, para o advogado. Ele contatou minha irmã.
Ela me
ligou, procurei acalma-la... Pedi que avisasse minha garota. Mudança de turno,
eu, fora da cela ia ser transferido para a sexta! A espera e a angustia
continuariam...
O advogado
foi claro, um HB (habeas Corpus) agora e ‘quase impossível, os juízes não
trabalham a noite, ficam se deleitando no monte Olimpo... Nos Usa, a qualquer hora ,alguém pode ser preso
ou liberto .Ha ‘turnos de juízes...País civilizado.
Fui para a
prisão, motivo: faltei a uma audiência de instrução, crime grave! Digno se ser
trancafiado com assassinos, ladrões e toda sorte de malfeitores. O diretor,
advogado de formação, perguntou meu curso, educado, explicou-me o procedimento.
Despi-me e meus pertences foram lacrados, recebi um uniforme vermelho (ridículo)
e fui conduzido a uma cela especial. Lá, dormitei, mas a cadeia e´ barulhenta,
e ‘como a selva ;com animais rugindo ao longe...As noticias correm rápido, logo
os presos e os agentes(penitenciários)comentavam do “coroa”
Que estava
la
.Parece que
surrou a mulher, dizia um...
.Só sei que
e ‘Maria da penha...
.Mulher quando
quer fuder com homem...
.Só converso
com mulher, porque tem buceta...
Por ai
seguiam os comentários...
Minha Audiência,
marcada para o dia seguinte, meio dia.
Enquanto
isso dava esclarecimentos acadêmicos...
Perguntaram-me
sobre: Camões, eleições, hiv-meios de contaminação, História do Brasil,Darwin
etc. Já ´não era só´ o” coroa”, era também; “bigode, Professor, ate ´doutor!”.
Quando fui para audiência, novo tormento; algemas e parte de
trás do camburão, mas somente eu.(Regalia ?.). La´, para aguardar a audiência,
fiquei nos cárceres do Fórum.Com toda sorte de meliantes, que se identificavam
pelo artigo que os levara ali; sou um 155,157...e você ,Professor porque esta
aqui?
-Maria da penha...
-Deu um pau na mulher ne...
-Não, apanhei... (Risos)
.A audiência prevista para meio dia ocorreu às 3 da tarde.
Difícil explicar o que senti, desfilando com algemas e uniforme pelos
corredores do fórum. Ante os olhos assustados que me miravam, senti-me como Al
Capone ou John Dellinger; os contraventores da lei seca na década de 30 do
século passado, us.
A audiência foi rápida e tranquila, o meritíssimo, certamente
Informado pelo meu advogado, foi cordial, afável e chegamos a
um acordo pecuniário. Pela minha “quebra de “condicional” vou pagar uma”
fiança.” E o caso esta encerrado. Estava livre, afinal.
Melhor, os tormentos causados pelo passado; finitos. Tinha
agora de retornar ao presidio, onde a notificação oficial seria entregue.
Quando voltei, era uma espécie de celebridade...
- o coroa sai hoje...
-o professor vai embora...
Novo impasse, com a copia do alvará nas mãos, não podiam me
colocar atrás das grades, novamente. Fiquei no pátio, onde os prisioneiros
tomam sol. Andei por alguns corredores, o diretor me falou sobre eleições,
quando eu disse que ia votar no Bolsonaro, um sorriso iluminou lhe a gorda
face. Só fui liberado por volta das 22 horas.
Ansioso fui para a casa do meu tio, buscar minha irmã.
Antes, liguei para minha garota, muito preocupada a essa
altura.
O doce aroma da liberdade...
Extrai diversas lições dessa experiência:
Há ‘bons entre os maus e maus entre bons.
Vi, por exemplo; carcereiro agredindo brutalmente um preso, Sadismo
e violência. Prisioneiro inocente, plácido, resignado.;
O submundo possui linguagem própria, com a qual os agentes
estão familiarizados;
A ociosidade e ´a tônica dos presídios, não há ‘distrações, nem
atividades. Nada de trabalho! Como recuperar os mais jovens sem instrução e
ocupação saudável?
Victor Hugo, já dizia no século XIX; ”Quem abre uma escola, fecha
um presídio. ”A ausência de Educação e´ fator determinante no aumento da
criminalidade;
O despreparo intelectual dos agentes penitenciários, delegados,
detetives, diretores. Ha ‘exceções, claro. Mas grande parcela tem musculatura e
pouca leitura.
Embora tenha recebido tratamento diferenciado, notei que os
detentos são conduzidos como gado. Gentileza e ‘produto raro por lá!
Alguns presos vão matar de novo; alguns agentes vão espancar
de novo. Essa rotina macabra tende a se repetir como os anéis do Inferno de
Dante.
A falta de esperança ou perspectiva atinge não so ´os presos,
mas, também, os agentes. Poucos estudam. Embrutecidos pelo cotidiano, acabam
sendo um triste retrato da realidade Brasileira; na qual, os que quebram as
leis, desejam faze lo de novo, e os que
corrigem esses erros ,não acreditam na recuperação de seus prisioneiros. A falência
do sistema carcerário, nada mais e ´que a declaração inconteste da incapacidade
dos que tem governado o país há ‘décadas.
A perda de valores, a
degradação dos costumes, a banalização da truculência, o crime organizado (dentro
e fora de Brasília), são alguns fatores para nos tornar um dos Países mais
atrasados do mundo, hoje.
” Um país se faz com homens e livros”, disse Monteiro Lobato;
Os meios de comunicação efeminizam os homens e a leitura e ‘escassa...A TERRAE
BRASILIS esta distante de seu destino, errando como nau sem rumo pelo mar da ignorância.
Autor: Marco Antônio E. Da Costa.
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