Lendas Urbanas I
“ A Historia e ´a verdade que se deforma,
A lenda e ´a falsidade que se encarna.”
Jean Cocteau, Poeta, Escritor, Cineasta
e Ator Francês,
(1889-1963).
Lendas
Urbanas. Esses mitos contemporâneos são Historias fabulosas ou sensacionais, divulgadas,
quase sempre por tradição oral. A tecnologia atual incorpora e divulga tais
lendas formando assim um folclore moderno, de domínio público.
Muitas
lendas são antigas e remetem a fatos reais, azeitados por distorções ou fantasias.
A expressão “Lenda Urbana” surgiu nos anos 60-sec, XX; na Inglaterra, quando se
compreendeu que não apenas sociedades antigas e tradicionais; mas, também as
sociedades atuais criam suas lendas e folclores.
Caracteriza-se
por Narrativas Curtas, com” testemunhas e provas inequívocas dos fatos...”
Primeiro
Relato:
.A Loira do
Bonfim. .Belo Horizonte; Décadas de 1940-50.
Entre os boêmios
que vagavam pelas noites Belo-horizontinas era comum o comentário assustador, de
que havia uma mulher loira, muito bonita e elegante, também notívaga.
A ilustre
loira, sempre vestida de branco, costumava passear nas madrugadas pelo bairro
da Lagoinha (região nordeste), ou pelo centro, onde pegava o bonde; meio de transporte
comum naqueles dias.
Com seu
Glamour e Sedução atraia a atenção dos homens, que a procura de aventuras, se
prontificavam a leva-la ate sua casa.
Fosse de
bonde, taxi ou carona; ela pedia para parar na rua Bonfim, onde fica localizado
o mais antigo cemitério da cidade; O cemitério do Bonfim( no bairro do mesmo
nome). Em uma rua sem saída e com a inscrição na entrada:
“Morituri Mortuis”, “dos que vão morrer para
os mortos”...Ali ela descia ,e esgueirando-se pelas sombras da noite, desaparecia
entre os túmulos...
Não sem
antes ter convidado o acompanhante a segui-la...
A lenda se
tornou tão forte que qualquer loira que fosse vista sentada sozinha, a noite em
um bar, causava arrepios e era evitada! Um canal de Tv nos anos 70, com
objetivo de aumentar audiência, contratou uma atriz loira que perambulava pelas
madrugadas, no Bonfim, vestida de branco. Isso sacramentou a lenda.
Segundo
Relato:
Ouro Preto. O
Bairro das Cabeças. Século XVIII em diante.
Ninguém sabe
ao certo porque esse íngreme bairro ouro-pretano tem tal nome. Há varias versões.
A mais difundida, da conta de que foi para lá levada a cabeça do heroico Tiradentes,
um dos lideres mortos da Inconfidência Mineira, Movimento patriótico
Que surgiu
em Vila Rica ( Ouro Preto hoje),influenciado pelo Iluminismo, sabotado pela
traição e aviltado pela tirania.
O
Alferes Joaquim Jose da Silva Xavier foi enforcado e esquartejado, no rio, então
capital (21\4\1792). As partes de seu corpo foram espalhadas pela Estrada Real,
como exemplo. Tendo ficado a cabeça espetada no centro de Vila Rica, para
horror dos habitantes. Aí nasce a lenda; na madrugada em que a cabeça foi
colocada a mostra na praça de santa Quitéria, em meio á neblina ela
desapareceu!
Há
‘diversas teorias de quem teria feito isso. Uns dizem que setores da igreja,
simpáticos ao movimento e que detestavam a rainha Maria I, ” a louca” teriam
retirado a cabeça do alferes para poupar o herói e humilhar a soberana;
Outra
linha afirma que uma escrava embriagou os guardas para que os parentes pudessem
reaver os restos do Alferes;
A
vertente mais plausível parece ser a de que a Maçonaria, ordem da qual veio a Inconfidência,
resgatou a cabeça decepada.
E
o bairro ?
Seja
como for, o célebre escritor Bernardo Guimarães (“Escrava Isaura”),adquiriu uma
casa de um padre de nome Gatto –neto de Borba Gato- que movido pelo nativismo
recuperou o horrendo troféu e o enterrou no quintal de sua casa.
O
escritor ao adquirir o imóvel, soube do fato, pelo próprio padre. Vale lembrar
que Bernardo homenageou o Alferes com sua pena.
“A
tua cabeça heroica
Sobre
vil poste hasteada
Liberdade----independência,
Ate
´hoje inda nos brada” ...
Bernardo
morava no bairro das Cabeças.
Aqui
terminam os fatos, começam as lendas.!
Referencias:
Acervo Pessoal.
Autor:
Marco Antônio E. Da Costa.