FLORBELA ESPANCA , poetisa Lusa.
“ So´ se vê bem com o coração,
O essencial e´ invisível aos olhos.”
Antoine de Saint-Exupery.
Flor Bela de Alma da Conceição Espanca *8/12/1894,Èvora ,+8/12/1930,Porto.Poetisa e contista
portuguesa,traduziu ,por Sonetos, a alma feminina Lusa.Transformou em Lirismo,
as tantas dores de sua existência; frustrações amorosas( 3 casamentos) ,perda
do irmão,etc conforme fizeram François Villon antes dela e Vinicius de Moraes
,depois. Seu sobrenome exótico , vem certamente, de algum valoroso ancestral
que combateu ferozmente os mouros na península ibérica,quando das guerras de
Reconquista crista do solo luso.
Uma mulher com sentimentos plangentes, alternando solidão e decepções,
busca alcançar na infinitude “a doce agonia de esquecer ”.De temperamento
delicado e suscetível,foi colhida por infortúnios que a levaram a depressão e a
morte (overdose).Sua poesia e ´expressa pelo sentimento, erotismo,feminilidade
e uma cálida e triste esperança.Revela, ainda, um olhar Panteísta.
Panteismo. Do grego, Pan=tudo e Theos=Deus.Crença de que
tudo e todos compõem um Deus abrangente; o universo, a natureza e Deus são idênticos.Deus
=universalidade dos seres. Filosofia preconizada por Baruch Spinoza
(1632-1677),Racionalista Holandês, de origem Sefardita=judeu ibérico.
Em sua “Ética” ( publicada pos mortem) defende uma leitura Anti-cartesiana
ou dualista; na qual corpo e mente se fundem em um Monismo, um principio único , a realidade como um
todo; DEUS.
Alguns pensamentos de Florbela :
“Ama-se quem se ama, não quem se quer amar.”
“ A ironia e´ a expressão mais perfeita do pensamento.”
“ Eu quero amar so´ por amar.”
“ A vida e´ sempre a mesma para todos ,rede de ilusões e
desenganos.O quadro e´ único , a moldura
e ´que e´ diferente.”
“ Tão pobres somos , que as mesmas palavras nos servem para
exprimir a mentira e a verdade.”
Poesias:
FANATISMO. 1923.
Minh´alma de
sonhar-te anda perdida,
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida.
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma historia tantas vezes lida!
“Tudo no mundo e´ frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca Divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: principio e fim!”
Comentário :
Sentimento avassalador e inebriante, típico dos amores
devastadores...
Sentimento como culto, inserido na natureza. Sensação de
eternidade, como acontece a milhares de anos com os que amam...
NIHIL NOVUM * 1931.Póstumo. * Nada de novo
Na penumbra do pórtico encantado
De Bruges,noutras eras,já vivi ;
Vi os templos do Egipto com Lotti ;
Lancei flores ,na Índia, no rio sagrado.
No horizonte de bruma opalizado,
Frente ao bosforo errei ,pensando em ti;
O silencio dos claustros conheci
Pelos poentes de nácar e brocado...
Mordi as rosas brancas de ispaâ
E o gosto a cinza em todas era igual!
Sempre a charneca Bárbara e deserta
Triste a florir,numa ansiedade vâ !
Sempre da vida – o mesmo estranho mal,
E o coração, a mesma chaga aberta!
Comentário.
“Uma geração nasce, outra morre. Mas o sol sempre se levanta”.
Ernest Hemingway definiu o ciclo da vida humana assim. A poetisa parece indicar
que, desde a mais remota antiguidade, estamos fadados a amar, e sofrer, em um
ciclo que não conhece fronteira, nação ou época.
Bibliografia:
Espanca, Florbela. Sonetos. Europa-America, Sintra,1993.
Espinosa, Baruch. Ética. os pensadores.Abril,São Paulo,1973.
Hemingway,Ernest .Fiesta Europa-America,Porto,1976.
Autor: Marco Antonio E. Da Costa
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