Paixão Barroca. ( Ouro Preto).
“E o sino geme em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus”, Pobre Alphonsus! “
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).
Manhã nevoenta
Áureos relevos
Outono seco
Como as igrejas crepusculares
Que revelam montanhas escarpadas.
Sons sacros
De plangentes memórias
Réquiens Mineiros
De mártires Inconfidentes
Fantasmas de jovem Nação.
Nodoas mofadas
Cicatrizes profanas
Euforias etílicas
Mistérios coloniais
Perdem-se em sede rococó.
“Aqui em ignomínia, esteve exposta a cabeça de um herói.”
Ecoa noite adentro
A estátua do valoroso Alferes,
Que um dia proferiu:
“ Mil vidas eu
tivesse ,mil vidas eu daria.”
Terra plúmbea
De capelas ocas
Sugadas pela ambição lusa,
Dores da rua são Jose´
Cintilam nas estrelas.
Os sinos dobram ,
Quem se dobra aos sinos?
Bocas sedentas
de vinho e bronze
Buscam a “casa dos contos”.
O olhar ambíguo dos Anjos
A Eucaristia solene da Matriz
Sob sombras mundanas
Dos jogos de poder e álcool
No largo do rosário.
Tropel do tempo inclemente
Madeiras contorcidas pela chuva
Segredos seculares esquecidos
Da prisca existência,
Prenuncio da morte.
Imagens nos templos
Fundem Homens e Deus
Em procissão continua
De enlevo espiritual,
Evoe´, CRISTO !
Autor : Marco Antonio E. Da Costa
O dobrar dos sinos como toque de finados, um suplicante
Réquiem , e´ uma herança Lusitana aos nossos que partem...Em determinadas
ocasiões anunciavam ,também, as vitorias colhidas em campos de batalha .De
cunho religioso, funciona como crônica
no cotidiano ,por exemplo, das cidades do interior Mineiro, sobretudo, as chamadas
“Històricas”;que preservam tradições seculares em seu “ Modus Vivendi.” Exemplo
notável vem do poeta Elisabetano John Donne (1572-1631);pregador anglicano e
metafísico, que em sua Meditação XVII (1623),nos alerta :
Devoções para ocasiões especiais.
“ NUNC LENTO SONITU DICUNT,MORIERIS.”
“Com lento som
dizem agora : MORRERÀS.”
... Nenhum homem e´ uma ilha , completa em si mesma; todo
homem e´ um pedaço do continente ,uma parte da terra firme.Se um torrão de
terra for levado pelo mar, a Europa fica menor,como se tivesse perdido um
promontório,ou a casa de teu amigo ou a tua própria. A morte de qualquer homem
diminui a mim ,porque na humanidade me encontro envolvido;por isso ,nunca
perguntes por quem os sinos dobram,eles dobram por ti´.”...
Traduçao: Paulo Vizioli.
Os sinos continuam dobrando...
LIBERA ANIMA MEA , DOMINE !
Bibliografia/Referencias :
Ameal,João. Historia de Portugal.Tavares Martins,Porto,1949.
Donne,John. Antologia bilíngüe.Cip,São Paulo,1985.
Hemingway,Ernest.Por quem os sinos dobram.Nacional,São
Paulo,1977.
Wood,Sam.For whom the Bell tools.Paramount,US.,1943.
Autor : Marco Antonio E. Da Costa.
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