terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MINEIRICES.


                                                              Conforme tradição oral,colhida em Ouro Preto.

                                                              “O mar é  profundo,tanto na calmaria,
                                                                   quanto na tempestade.”    John Doone.

Autor : Marco Antonio E. Da Costa.

Dizem que Mineiro não dá nem receita de pão de queijo, sem fazer política.
E costuma ser  “mineiramente”, lacônica; mas visceral...
Reza antiga prosa , que em uma determinada cidade do interior Mineiro, cravejada de rivalidades políticas, um burro morreu. E o infeliz animal morreu em frente á Igreja  principal da cidade.Decorrida uma semana, o corpo apodrecido da azemola ainda estava lá.
O Padre,da corrente oposta à do prefeito ,resolveu reclamar com o “arqui-inimigo”.
-“Sr. Prefeito tem um burro MORTO na frente da Igreja,há uma semana !
É preciso que seja retirado, o mau-cheiro começa a afastar os fieis, alem do que , diante da casa de Deus não convém que fiquem restos mortais...
Espero que o senhor tome as providencias cabíveis.”
O Prefeito- adversário político de longa data - olhou irônico e disse :
- ”Sr. Padre, o senhor sabe o que ocasionou a morte da pobre besta?”
Ao que o Padre –desconfiado-retrucou :
-`”Não vejo a relevância deste aspecto.”
-“Mas  é importante sim, pois se o causador foi um membro da sua congregação,
   A responsabilidade é toda da igreja.”
_`` Devo lembrar à vossa excelência , que os fieis antes de tudo são CIDADAOS,portanto a responsabilidade é do  Município , disse o astuto padre.
  E o prefeito provocativo: 
-“Mas não é o Senhor que tem a OBRIGAÇÂO de cuidar dos Mortos ? “
Com serena superioridade respondeu o padre:
-“Sim ! Mas também é minha OBRIGAÇAO Avisar os Parentes !”
Conta a tradição que a carcaça desapareceu e a rivalidade se acirrou...

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