EUTANASIA.
“Esta e ‘a
grande vantagem da morte, que se não deixa boca para sorrir, Também não deixa
olhos para chorar.” Machado de Assis.*
Resumo. O
objetivo desse artigo e ‘trazer uma reflexão filosófica sobre a Eutanásia e as
questões a ela relativas.
Palavras-chave:
Eutanásia, ortotanasia, Distanasia, Suicídio, Moral.
Abstract.The goal of this article is bring some
filosofic light over Euthanasia,
Orthotanasia, dysthanasia and questions about it.
Key-Words:Euthanasia,Orthotanasia,Dysthanasia,
Suicide,Ethical.
EUTANASIA.
Medicina-
ato de causar morte intencional e
indolor em pessoas terminais e ou em sofrimento atroz. Geralmente realizada por
profissional de saúde mediante pedido do doente.
Etimologia:
Do grego,Euthanatos: onde eu = bom;Tanathos=Morte. Boa morte. Utilizada por Sir
Francis Bacon no Século XVII, pela primeira vez, que defendia o processo como
alternativa aos tormentos. O conceito remete ao período da Grécia Clássica,
tendo defensores como: Platão, Aristóteles e os Estoicos.
Jurídico-Direito
de matar ou morrer por essa razão.
O Primeiro
pais a legalizar a Eutanásia foi a Holanda, em 2001.
Argumentação-Pro:
Autonomia, assim como a pessoa tem o direito de Autodeterminação ao longo da
vida, deve poder, também, ter o direito na morte. Assim, um doente terminal que
pedir a assistência de um medico, de modo voluntario, deve ser permitido. Nessa
linha de pensamento, não há suicídio, pois o ato e ‘autorizado e o pedido
voluntario. Acresce que situações de morte são toleradas, quando não
estimuladas ,em períodos como guerras! Ou ainda em Execuções e defesa própria.
Argumentação
-Contra: Orlado pelo enfoque religioso, o ato de matar ou cometer suicídio e
‘moralmente condenável. Sendo a vida um dom Divinal, e ‘moralmente incorreto
contrariar a natureza e seu curso. Ha ainda, a alegação do juramento de
Hipócrates, que diz –de modo explicito- ser função do medico, salvar vidas e
não tira-las.
A Moral
Kantiana.* O filosofo alemão entendia que a moral deriva sua autoridade da
Razão. A Ação determina se a ação e ´boa ou má´, independente dos desejos
humanos. Assim, a lei Moral e ‘uma lei que demanda agir de acordo com a vontade
que se quer como lei para todos.
Ou ainda,
cada individuo, com boa vontade, escolhe entre suas regras particulares, as que
valem para todos. E ‘verdade que agimos orientados por desejos e crenças, às
vezes, não racionais. São as ações por “inclinação”. Mas agimos, frequentemente,
por dever, mais que por inclinações. Quando agimos moralmente, nossas ações são
guiadas pela razão.
Igualmente
polemica temos a Distanasia: Etimologicamente,
em grego: Dis-afastamento; Tanathos.morte. Prolongamento do processo de
morte com tratamentos que visam dar aporte a vida biológica do paciente. Chamada
“Obstinação terapêutica”, transita hoje entre a Bioética e o Biodireito. O
conceito amplia o valor da vida humana e da morte. Opõe-se a eutanásia.
A morte
prolongada abrange três aspectos:
Pessoal,familiar
e social.
Ortotanasia-Morte
natural, normal. Sem interferência da ciência, digna, sem sofrimento, no percurso
da doença. Ortotanasia, etimologicamente,
em grego:Ortho=correta,Tanathos=morte.Morte correta.
A Historia
da morte no Ocidente: Philippe Aries.*
“A morte não
e´nada, pois quando existimos, não existe a morte, quando existe a morte, não
existimos mais.”Epicuro.*
A partir da
idade media, com olhar sociológico \Histórico, o pensador francês faz uma
leitura da morte, através do tempo e das classes, na Europa; pois ela vem a
qualquer tempo e para todos.
A morte
física não significava a morte da alma; morte como fim do sofrimento. Os
cemitérios ficam fora das cidades, aumentando a distancia entre vivos e mortos.
A certeza absoluta do pós-vida vai perdendo lugar para o vazio de uma angustia
aterrorizante.O desencanto Cartesiano do mundo passa a ditar a humanidade.
A morte
Domada e a morte selvagem.
“Humanos são
cadáveres adiados” .Machado de Assis.*
O papel
atribuído à religião, na modernidade, a morte não existe ou não deveria
existir. A morte ocorrida no leito familiar, com presença de parentes e amigos
e ‘a morte domada. A morte, vista hoje, e ‘selvagem, tida como castigo. A morte
sem protagonista-O que se espera do moribundo,e´que ele haja racionalmente
diante do desconhecido. Sem excessos, discrição ou desespero. O morto
enfeitado-para atenuar os efeitos da morte; busca-se a “beleza da morte”, um
preparo fúnebre.
O Luto-Nos
primórdios, mostrado extensivamente; hoje não e ‘vivido ou e´medicado. A interdição no século XX e
‘demonstrada pelos Eufemismos constantes.
BioDireito-Ramo
do Direito Publico que se dedica a bioética. Estuda as relações jurídicas entre
Direito e avanços tecnológicos ligados a Biomedicina e a Biotecnologia
,observando singularidades ligadas ao corpo e a dignidade humanas. O Biodireito
remete a Bioetica.
Ética- Modelo de conduta humana capaz de guiar
o individuo, gerando bem pessoal e coletivo. No campo profissional-conjunto de
normas de conduta, que buscam regular o comportamento dos profissionais.
“ A morte
não melhora ninguém. ”Mario Quintana.*
MacroBioetica-
ética que busca a visão do bem na vida, sentido amplo. Ligada ao meio-ambiente e Direito
Ambiental. Recurso para trazer o bem ao meio-ambiente.
MicroBioetica-
Bioetica restrita, ética da vida humana.
O Biodireito
Busca normatizar as normas bioéticas,
Positivação
jurídica de permissões medico-científicos e sanções pelo descumprimento de
normas. Principais princípios da Bioetica\Biodireito:
Autonomia,
Consentimento informado, beneficência, justiça e dignidade humanas.
Paradoxo
Existencial.
“Há quem
passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.” Liev Tolstoi.*
Martin
Heidegger situou o cerne da Filosofia existencial *entre o temor da vida e o
temor da morte. O ser humano desconhece suas grandes indagações, vindo dai
tormentos. Vive em um mundo de deuses e animais, mas não e ‘nenhum dos dois;
não e ‘imortal e e ‘racional. Os animais
tem relativa percepção da morte, pressentindo: perigo, predadores. Varias
espécies, quando sentem o fim próximo, se afastam para morrer. A consciência da
morte no humano e´fruto do pensar, não do instinto. A essência humana e
‘paradoxal: metade animal e metade simbólica. Entre as estrelas e a terra.
Busca concretude no etéreo, a solidão existencial convida o ser humano a
questionar seu papel na natureza.
Transcendência
e finitude.
Agostinho,*
Kierkegaard*; entre outros, entenderam que os humanos precisam de algo externo
para sustentar sua natureza paradoxal. Sua “coragem para ser “,vem de :Deus,Conquistas,Amores,bandeiras,Dinheiro,etc.
A
transcendência para um objeto permite a sensação de imortalidade,
simbolicamente.
Liberdade em
Kant.*
A liberdade
só´ e ‘possível mediante a autonomia da vontade. A liberdade da vontade como
expressão máxima da Autonomia. A ação humana decorre da ideia de liberdade. O
conhecimento humano só e ‘possível mediante a experiência. O fundamento da
moral e ‘a liberdade, embasada por leis internas (Morais) e externas(Direito).Liberdade
com responsabilidade, uma vez que o sujeito legisla para a Humanidade.
Direito de
morrer e direito a uma morte digna.
A
constituição Brasileira *garante o direito a vida,
Não viver
qualquer tipo de vida, em nome de pretensa sacralidade. A vida como valor
social e´, em certa medida, compartilhada por todos. Por exemplo: direito a
vida. A tolerância na terminalidade não se refere a cada um decidir qual o
momento mais digno para morrer, mas; que a autonomia do paciente seja
preservada e nenhuma terapêutica lhe seja ministrada. Não há um modo de morrer
considerado digno, não havendo, portanto consenso universal .O direito de
morrer com dignidade e´uma reivindicação de respeito ao paciente em processo
de terminalidade. A avaliação da dignidade e ‘determinada pelo individuo, com
suas crenças e valores.
Direito de
morrer dignamente.
A
constituição de 1988 *garante o respeito a autonomia e dignidade ,inclusive no
final da vida. Em seu artigo 5,inciso II, dispõe que ninguém será submetido a
tratamento desumano e degradante. Se e ‘intolerável aceitar a abreviação da
vida ,também o e ‘o prolongamento desmedido do processo de morte. A ortotanasia
e ‘vista como via inalienável e inegociável.
Lembrando
Heidegger,*a morte e o processo de morrer ,são distintos. O processo de morte
tem inicio com o nascimento ,somos seres para-a-morte.
Aqui
entendido o processo de morte como terminalidade ,seus defensores almejam um
processo de morte digno(não uma morte),colocando em choque o direito a vida com
a liberdade e a dignidade.
“Nenhum
homem e ‘uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano e ‘parte do
continente, parte do todo. A morte de cada homem diminui-me, porque eu faço
parte da humanidade. Por isso, não perguntes por quem os sinos dobram, eles
dobram por ti !.” John Donne.
Bibliografia
:
. Assis,M. Memorias
póstumas de Brás Cubas. Rj.Antofagica,2019.
.Aries,P. A
historia da morte no ocidente. Sp.Ediouro,2003.
.Agostinho.Confissões.Sp.Amazon,2011.
.Cardoso,J.Eutanasia,distanasia
e ortotanasia.
Bh.Mandamentos,2010.
.Donne,J. Antologia
poética.Sp.Amazon,2014.
.Heidegger,M.
Ser e Tempo.Petropolis.Vozes,2014.
.Kant,I. Critica
da razão pura. Col. Os Pensadores. Sp.Abril,1983
.Kierkegaard,S.
O desespero Humano.Sp.Abril,1983.
.Quintana,M
Antologia Poetica.Pa.Cia Das letras,2015.
.Tolstoi,L.A
morte de Ivan ilitch.Pa.L e Pm Pocket,2012.
M.
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