domingo, 23 de setembro de 2018

O fim das Coisas.

Fechado o cinema Odeon,na rua da Bahia.
Fechado para sempre.
Não e´possível,minha mocidade
fecha com ele um pouco.
Não amadureci ainda bastante
para aceitar a morte das coisas
que minhas coisas são,sendo de outrem,
e ate´aplaudi-la,quando for o caso.
(Amadurecerei um dia ?)
Não aceito,por enquanto,o o cinema glória,
maior,mais americano,mais isso e aquilo.
Quero e´o derrotado cinema Odeon,
o miúdo,fora de moda,cinema Odeon
A espera na sala de espera.A matine
Com Buck Jones,tombos,tiros,tramas,
A primeira sessão e a segunda sessão da noite.
A ultima orquestra,mesmo não divina,
Costumeira.O jornal da Fox:William Hart.
As meninas de família na plateia.
A impossível(sonhada) bolinação,
pobre sátiro em potencial.
Exijo em nome da lei ou fora da lei
que se reabram as portas e volte o passado
musical,waldemarpissilandico,sublime agora
que para sempre submerge em funeral
neste primeiro lutulento
de janeiro de 1928.

Carlos Drummond de Andrade.


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