APOLÍNEO e DIONISÍACO.
“A catástrofe e ‘o progresso,
O progresso e
‘a catástrofe. ” Walter Benjamim
(1892-1940), Filósofo Alemão.
Nietzsche, em “ A Origem da Tragédia” ,discute as diferenças
entre espírito Dionisíaco e Apolíneo. São antagônicos em suas origens e fins. Em
mútuo e permanente confronto, Apolo e Dionísio representam a contradição
presente no mundo Grego.
A Arte plástica-Apolínea; A Arte sem formas\Musical-Dionisíaca. Contudo,
lembra Nietzsche è da união desses contrários que nasce uma joia helênica, A
tragédia!
Apolo representa o
princípio da individuação, que pode proporcionar serenidade e equilíbrio; esse
espírito proporciona a valorização da aparência serena, bela e sábia. O
pensamento Apolíneo ocupa-se da forma
,da beleza visível e modelar ,fazendo do homem um artista que trabalha as
imagens, ate ‘os sonhos. As músicas das
festas Apolíneas eram determinadas por
um único instrumento: A Cítara.
O espírito Dionisíaco personifica uma arte musical, sem
formas definidas pelo olhar. Dionísio e´contraponto da individualidade; sua
potencia se encontra nos Agrupamentos, onde o sujeito è absorvido, embora
permaneça existindo. Dos gestos corporais, excessivos, múltiplos e agressivos
emana um êxtase orgiastico ,no qual o homem se afasta se sua solidão ,para
reunir-se com o todo, o uno primordial ,o próprio deus Dionísio ,mesmo que de
modo ilusório. O Dionisíaco não pode ser compreendido pelos critérios
Apolíneos, vez que, a percepção do Eu e do Mundo fundem-se no Ilusório; ao
contrario do Apolíneo que demanda o que e ‘visível, as formas e as aparências.
Em Apolo, a glorificação da perenidade das aparências, em
Dionísio, a constante Metamorfose. Apolo significa a estratificação de um
modelo de beleza; Dionísio proporciona a perpétua mutação da beleza, imediata e
remanejável. A variação do Belo tem, em Dionísio a alegria da recriação.
Portanto, O ditirambo*-canto coral de louvor (Coro), parte da narrativa feita
pelo Corifeu. - invade de modo abrupto, com danças aos pares ou grupos e
quebra o domínio da cítara.
Assim, o homem não e ‘um artista, mas o próprio objeto de
arte, que através de mutações sucessivas incorpora o deus e nele passa a
habitar. Em tom licencioso, mesclando Prazer e Crueldade, a embriaguez
Dionisíaca perpassa os domínios de Apolo
e os redimensiona .O culto a Dionísio aparece oficialmente na literatura e
Mitologia Ateniense no Século VI AC., embora já fosse cultuado desde o Século
XIV AC.A demorada entrada na Polis, pode ser atribuída aos eupátridas –senhores
da terra e religião-calcados nos deuses olímpicos patriarcais, como Apolo, por
exemplo.Com as reformas de Sólon e a redemocratização Ática ,Dionísio passa a
ser tolerado, com restrições ás orgias.
Conforme Junito
Brandão, os participantes dessas festas, após danças alucinantes, entravam
em ÊXTASE ( Transe) ,momento em que
recebiam o deus Dionísio. O que era chamado ENTUSIASMO ( In+Theos = Em
Deus).Transformavam-se em HERÒIS (Personagens modelo, Protagonistas ),aqueles
que ultrapassavam a própria medida, Mètron Apolíneo. Enveredavam, assim, pelo
caminho da imortalidade, tornando-se HYPOCRITES, ou Atores.
A intemperança ameaçava o OLIMPO, para manter controle, o
olhar Apolíneo retorna ao indivíduo a redução da distancia entre os homens e os
deuses. Essa ousadia podia despertar a
ira divinal e o Ator poderia mergulhar
em um destino cego...A metamorfose Dionisíaca passa pelo crivo da medida
Apolínea. No entanto, o cantor Apolíneo e ‘substituído pelo coro Ditirâmbico, dionisíaco
com perspectiva de imagem Apolínea.
O coro dos Sátiros, na Tragédia Grega, vê-se como uma
arquitetura transformada, contempla-se como ao próprio deus, Dionísio, considerando-se
cercado por uma multidão de seres Espirituais que se modificam mutuamente. Constitui
o “ Espectador Ideal”, porque e ‘VIDENTE
e percebe o mundo das visões que estão em cena. A percepção aguçada da imagem
metafórica de Dionísio configura a fusão do Apolíneo com a loucura sagrada
Dionisíaca.
A tragédia grega surge, então, com a renovação do coro\Dionisíaco
pela imagem\Apolínea ou representação Apolínea de crenças Dionisíacas. Assim, Música
e Imagem, em oposição complementar, criam o MITO TRÀGICO e recriam-se de modo mútuo, gerando uma nova forma artística:
o DRAMA.A Tragédia ,ao trabalhar com o sofrimento ,a desilusão ,a
monstruosidade ,pode paradoxalmente provocar o Riso ou Alegria Estética. Esse prazer nasce da
certeza de que o horrível e ‘apenas fingimento. Assim, a característica
Apolínea de trabalhar com imagens (IMAGINAR), cria a ilusão e o distanciamento
que autorizam o jogo estético.
Os aspectos Lúdicos (de LUDUS- jogo, Diversão em Latim) da
Arte permitem\invocam por outro lado, a superação da mera contemplação Apolínea
do Belo. Sob Dionísio, a tragédia e seus Espectadores
aspiram a satisfação do ato de criar\destruir o indivíduo e o mundo ao redor. Aparências
mutantes permitem o surgimento do avesso das coisas, conjugando Prazer e
Sofrimento através de suas tênues fronteiras. A imagem\Sonho Apolíneo e
‘relativizado pelo Diferente\Dissonante Dionisíaco. O caráter Ilusório no jogo
da bela aparência. Temos a convivência de instintos primitivos com reflexões
elaboradas; imagens sedutoras e posturas de serenidade; O passional, mutante e impetuoso contracenando
com o fulgurante ,lúcido e racional; O macabro e a violência em jogo com a
beleza e o equilíbrio das aparências.
O culto do Corpo e sua estetização, cara aos Gregos, caminha
lado a lado com sua decadência e morte, com a violência.
A Palavra Tragédia, vem
do grego: Tragos iode´; algo como: “Canção dos bodes”; porque reza a tradição
que sua origem remete aos Ditirambos, cantos e Danças em homenagem ao deus
Dionísio\Baco, sendo promovidas pelos SÀTIROS, seres meio bodes ,meio humanos que
cercavam Dionísio em suas orgias. As apresentações eram estilizadas e
etilizadas...
Tragos-bode; Ode-Canto.
Referencias Bibliográficas:
.Nietzsche. A origem da Tragédia. Col. Pensadores. 1972. Ed.Abril.
SP.
.Brandão. Mitologia Grega. 1988. Ed.Vozes. RJ.
.Autor: Marco Antônio E. Da Costa.
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