sábado, 7 de abril de 2018

APOLÍNEO E DIONISÍACO.


                                          APOLÍNEO e DIONISÍACO.







      “A catástrofe  e ‘o progresso,
        O progresso e ‘a catástrofe. ”  Walter Benjamim (1892-1940), Filósofo Alemão.

Nietzsche, em “ A Origem da Tragédia” ,discute as diferenças entre espírito Dionisíaco e Apolíneo. São antagônicos em suas origens e fins. Em mútuo e permanente confronto, Apolo e Dionísio representam a contradição presente no mundo Grego.
A Arte plástica-Apolínea;  A Arte sem formas\Musical-Dionisíaca. Contudo, lembra Nietzsche è da união desses contrários que nasce uma joia helênica, A tragédia!
 Apolo representa o princípio da individuação, que pode proporcionar serenidade e equilíbrio; esse espírito proporciona a valorização da aparência serena, bela e sábia. O pensamento Apolíneo  ocupa-se da forma ,da beleza visível e modelar ,fazendo do homem um artista que trabalha as imagens, ate ‘os  sonhos. As músicas das festas Apolíneas  eram determinadas por um único instrumento: A Cítara.
O espírito Dionisíaco personifica uma arte musical, sem formas definidas pelo olhar. Dionísio e´contraponto da individualidade; sua potencia se encontra nos Agrupamentos, onde o sujeito è absorvido, embora permaneça existindo. Dos gestos corporais, excessivos, múltiplos e agressivos emana um êxtase orgiastico ,no qual o homem se afasta se sua solidão ,para reunir-se com o todo, o uno primordial ,o próprio deus Dionísio ,mesmo que de modo ilusório. O Dionisíaco não pode ser compreendido pelos critérios Apolíneos, vez que, a percepção do Eu e do Mundo fundem-se no Ilusório; ao contrario do Apolíneo que demanda o que e ‘visível, as formas e as aparências.
Em Apolo, a glorificação da perenidade das aparências, em Dionísio, a constante Metamorfose. Apolo significa a estratificação de um modelo de beleza; Dionísio proporciona a perpétua mutação da beleza, imediata e remanejável. A variação do Belo tem, em Dionísio a alegria da recriação. Portanto, O ditirambo*-canto coral de louvor (Coro), parte da narrativa feita pelo Corifeu. - invade de modo abrupto, com danças aos pares ou grupos e quebra  o domínio da cítara.
Assim, o homem não e ‘um artista, mas o próprio objeto de arte, que através de mutações sucessivas incorpora o deus e nele passa a habitar. Em tom licencioso, mesclando Prazer e Crueldade, a embriaguez Dionisíaca perpassa  os domínios de Apolo e os redimensiona .O culto a Dionísio aparece oficialmente na literatura e Mitologia Ateniense no Século VI AC., embora já fosse cultuado desde o Século XIV AC.A demorada entrada na Polis, pode ser atribuída aos eupátridas –senhores da terra e religião-calcados nos deuses olímpicos patriarcais, como Apolo, por exemplo.Com as reformas de Sólon e a redemocratização Ática ,Dionísio passa a ser tolerado, com restrições ás orgias.
Conforme Junito Brandão, os participantes dessas festas, após danças alucinantes, entravam em  ÊXTASE ( Transe) ,momento em que recebiam o deus Dionísio. O que era chamado ENTUSIASMO ( In+Theos = Em Deus).Transformavam-se em HERÒIS (Personagens modelo, Protagonistas ),aqueles que ultrapassavam a própria medida, Mètron Apolíneo. Enveredavam, assim, pelo caminho da imortalidade, tornando-se HYPOCRITES, ou Atores.
A intemperança ameaçava o OLIMPO, para manter controle, o olhar Apolíneo retorna ao indivíduo a redução da distancia entre os homens e os deuses. Essa  ousadia podia despertar a ira divinal  e o Ator poderia mergulhar em um destino cego...A metamorfose Dionisíaca passa pelo crivo da medida Apolínea. No entanto, o cantor Apolíneo e ‘substituído pelo coro Ditirâmbico, dionisíaco com perspectiva de imagem Apolínea.
O coro dos Sátiros, na Tragédia Grega, vê-se como uma arquitetura transformada, contempla-se como ao próprio deus, Dionísio, considerando-se cercado por uma multidão de seres Espirituais que se modificam mutuamente. Constitui  o “ Espectador Ideal”, porque e ‘VIDENTE e percebe o mundo das visões que estão em cena. A percepção aguçada da imagem metafórica de Dionísio configura a fusão do Apolíneo com a loucura sagrada Dionisíaca.
A tragédia grega surge, então, com a renovação do coro\Dionisíaco pela imagem\Apolínea ou representação Apolínea de crenças Dionisíacas. Assim, Música e Imagem, em oposição complementar, criam o MITO TRÀGICO e recriam-se de  modo mútuo, gerando uma nova forma artística: o DRAMA.A Tragédia ,ao trabalhar com o sofrimento ,a desilusão ,a monstruosidade ,pode paradoxalmente provocar o Riso  ou Alegria Estética. Esse prazer nasce da certeza de que o horrível e ‘apenas fingimento. Assim, a característica Apolínea de trabalhar com imagens (IMAGINAR), cria a ilusão e o distanciamento que autorizam o jogo estético.
Os aspectos Lúdicos (de LUDUS- jogo, Diversão em Latim) da Arte permitem\invocam por outro lado, a superação da mera contemplação Apolínea do Belo. Sob Dionísio, a tragédia e seus Espectadores aspiram a satisfação do ato de criar\destruir o indivíduo e o mundo ao redor. Aparências mutantes permitem o surgimento do avesso das coisas, conjugando Prazer e Sofrimento através de suas tênues fronteiras. A imagem\Sonho Apolíneo e ‘relativizado pelo Diferente\Dissonante Dionisíaco. O caráter Ilusório no jogo da bela aparência. Temos a convivência de instintos primitivos com reflexões elaboradas; imagens sedutoras e posturas de serenidade; O  passional, mutante e impetuoso contracenando com o fulgurante ,lúcido e racional; O macabro e a violência em jogo com a beleza e o equilíbrio das aparências.
O culto do Corpo e sua estetização, cara aos Gregos, caminha lado a lado com sua decadência e morte, com a violência.
A  Palavra Tragédia, vem do grego: Tragos iode´; algo como: “Canção dos bodes”; porque reza a tradição que sua origem remete aos Ditirambos, cantos e Danças em homenagem ao deus Dionísio\Baco, sendo promovidas pelos SÀTIROS, seres meio bodes ,meio humanos que cercavam Dionísio em suas orgias. As apresentações eram estilizadas e etilizadas...
Tragos-bode; Ode-Canto.

Referencias Bibliográficas:
.Nietzsche. A origem da Tragédia. Col. Pensadores. 1972. Ed.Abril. SP.
.Brandão. Mitologia Grega. 1988. Ed.Vozes. RJ.

.Autor: Marco Antônio E. Da Costa.







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