KUROSAWA ,
o Mestre.
"GENIOS atingem METAS que
ninguém consegue ver".
SCHOPENHAUER.
Kurosawa Akira,
(23/3/1910-6/7/1998); Mestre do
cinema Niponico e ìcone no Cinema
mundial, foi um diretor e roteirista ,que ao longo de 50 anos de carreira fez
30 filmes.
Na juventude , estudou
pintura, tendo sido assistente de
direção de 1936 a 1942.Seu primeiro filme foi :
´´ SANSHIRO SUGATA ´´,( Caminho do judô), de 1943, inspirado no lendario
Samurai Myamoto Musachi . Fez um documentário –propaganda miltar-no período da
segunda guerra,1944;onde esboçou os traços REALISTAS que marcariam sua obra
posterior.Recebeu influencias de GRIFFITH e MURNAU.
No Pòs – guerra,
destaque para : `` O IDIOTA`` ( Hakushi), inspirado em Fiodor Dostoyevsky,1949 e``RASHOMON``( PONTO DE VISTA),adaptado do
contista Ryunosuke Akutagawa,1950, vencedor do Leâo de Ouro no
Festival de Veneza,1951. Considerado o filme que descortinou o cinema japonês
para o ocidente. Um filme dos primeiros, da longa parceria de Kurosawa com o ator TOSHIRO MIFUNE.
A partir deste sucesso, o diretor passou a ser chamado `Imperador´´,
adquirindo
reconhecimento e
prestigio.
Em 1952 cria “Viver”(
IKIRU) , Urso de prata em Berlim. O Clássico “Os sete Samurais” (Shichinin no
samurai), de 1954, calcado na tradição oral japonesa, 7 Ronin,Samurais sem
mestres, enfrentam bandidos que assaltam uma vila de agricultoras indefesos.Alcançou
sucesso tão grande , que YUL BRYNNER adquiriu os direitos da obra para
refilma-la em “SETE HOMENS E UM DESTINO”, 1960, um Western com mercenários
norte – americanos lutando contra um caudilho no México. No ano de 1957: “Ralé”
(Donzoko) inspirado em Maximo Gorki e “Trono manchado de sangue”. (
Komonosu-jo),adaptação de MACBETH de WILLIAM SHAKESPEARE para o Japão medieval.
1961 -1962 trazem “Yojimbo” e “Sanjuru”, historias de
samurais. Apos um período depressivo,retorna com o fascinante “DERSU UZALA”,
1975; que lhe rendeu um OSCAR.
Novos Clássicos: “Kagemusha”, 1980, inspirado em SUN-TZU; “RAN”(
CAOS),1985; adaptação de ``REI LEAR `` de WILLIAM SHAKESPEARE para o Japão
feudal.
Seguiram-se “Sonhos” (Yume), 1990; objeto de nossa leitura; ”Rapsódia
em agosto (Hashi-gatsu no Kyoshikyoku), 1991 e “Madadayo”, 1993.
Legado de Kurosawa:
.Valorização da Cultura Nipônica, com historias de Samurais-tradição
- e a questão da HONRA sempre presente. Destaque para os Períodos: Senguku (1467-1573),
caracterizado pela turbulência de guerras internas e EDO (1603-1868), era do
governo dos XOGUNS da família TOKUGAWA;
.Utilização de técnicas do Teatro NÔ e KABUKI e cenários autênticos;
.Adaptação de Clássicos Literários, com qualidade;
.Perfeccionismo era o roteirista dos próprios filmes;
.Transcendência de gêneros e culturas, olhar amplo;
"Neo-Realismo" Nipônico Pós-Guerra, enfoque nos
conflitos e sentimentos Humanos, alem de questões contemporâneas. Dilemas Éticos.
Questão recorrente:
Por que a Humanidade não alcança a Paz? Convite à reflexão.
.Olhar plástico (e Humanista), com imagens esplendidas; filmes
preparados a partir de desenhos, Herança da Pintura.
.COR como instrumento, Plástico, de interpretação poética;
.Influencia no cinema Ocidental e mundial em quesitos como:
Mitificação do Guerreiro solitario-Samurai; "Yojimbo"-Toshiro
Mifune, por exemplo, e sua "adequação" ao Western-Spaghetti, década
de 60, pistoleiro,com Clint Eastwood por ex.;
"Por um punhado de dólares" de Sergio Leone, 1964;
Estilização da Violência com cenas em câmera lenta, incorporado,
por ex., por Sam Pekinpah em "The Wild Bunch", Western de 1969, (Meu
ódio será sua herança).
Referencia: "KAGEMUSHA".
“SONHOS” (DREAMS, 1990):
O “Luminoso” Kurosawa conseguiu materializar alguns de seus
SONHOS com o apoio dos produtores Spielberg, Lucas, Coppola e Scorsese.
Em oito episódios, o "alter-ego" de Kurosawa
investiga ,atravessando tempo e espaço, fantasmas do Inconsciente Coletivo, em
uma declaração onírica, eivada de lirismo e plasticidade. A recapitulação de
uma vida com tom nostálgico e fantástico.
Os Oito Sonhos;
1.
"Sol em meio à chuva". O pequeno
Kurosawa foge de casa para observar o acasalamento das Raposas, fato proibido
pela tradição religiosa do país. Isto acarreta punição. Transgressão.
2.
"O Pomar de pessegueiros". Kurosawa
criança vê na floresta, os espíritos das arvores podadas dançando (teatro
Kabuki), na figura do Imperador e seus súditos. Admirado, o garoto de azul, percebe
a gradual coloração do campo de vermelho, as folhas de pessegueiro. Lirismo.
3.
"A tempestade de neve". Quatro
alpinistas perdidos em uma montanha coberta de neve buscam encontrar seu
acampamento. A "Fada das neves" aparece e tenta arrastá-los para o
abismo. Desconhecido.
4.
"O Túnel". Um oficial, ao fim da segunda Guerra mundial,
volta para casa, que já vislumbra ao longe, mas, ao atravessar um TÙNEL depara
com os fantasmas dos soldados de seu regimento- todos dizimados em combate. Lívidos
e silentes permanecem perfilados e impassíveis à frente de seu comandante, como
a aguardar ordens. A
estupidez da Guerra.
5.
"Os corvos". Kurosawa jovem examina
uma tela de VAN GOGH (a última), entra na tela e encontra o ruivo pintor de
orelha cortada, vivido por Martin Scorsese, em seguida faz uma viagem pelo
universo multicolorido do Pós-Impressionismo, por outras telas do Holandês. Surrealismo.
6.
"Monte Fuji em Chamas", Três usinas
nucleares explodem provocando devastação. Os cinco sobreviventes estão entre um
precipício e a radiação atômica, que se aproxima. Apocalipse Atômico.
7.
"Os demônios chorões", Após uma
hecatombe nuclear, Kurosawa caminha pela terra arrasada e encontra seres
humanos que se transformaram em demônios. Paranóia concreta.
8.
"O povoado dos Moinhos". Em um
vilarejo esquecido pelo mundo, os habitantes vivem em paz com a natureza. Homenagem
a Yasujiro Ozu (1903-1963), cineasta Japonês Intimista. Ode à simplicidade.
Magnus Opus:
"Rashomon", "os sete samurais",
"Ran",
"Kagemusha" e "Sonhos".
Bibliografia/Referências;
1000 que fizeram 100 anos de cinema. Isto é/Times.
São Paulo, 1995.
Filmes de Kurosawa.
Autor: Marco Antonio E. Da Costa.
Além de valorizar a cultura japonesa o grande diretor fez uma ponte entre a cultura japonesa e a ocidental, adaptado obras ocidentais para o Japão, buscando uma síntese. O japão depois da segunda guerra se ocidentalizou ainda mais,passando por uma crise de identidade e Kurosawa mostrou que era possivel uma sintese dialética entre as duas culturas, mostrando que não seria necessário abandonarem sua cultura para se tornarem digamos "modernos". Pq o japão foi destruido pelo poderio industrial dos EUA e isso os marcou.
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